7 de out. de 2018

ALMEIDA (PORTUGAL)

PATRIMÓNIO

Almeida na encruzilhada dos vaubanianos       
(12ª parte)



ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Almeida     

 Este relato castellológico quer ligar duas características comuns entre o posto de Almeida e o de Neuf Brisach (Alsácia): os seus fossos secos. Para além disso, temos a transição do prevaubaniano almeidense para um chamado terceiro sistema (herdeiro da “fórmula Landau”) cuja qualificação foi divulgada pelos sucessores de Vauban, muito embora convenha dizer que ficou a debate e discusão entre os atuais tratadistas de Sebastien le Prestre. Longwy pertencia ao 1°Sistema, Neuf Brisach ao 3°Sistema.     

 No entanto, Association Vauban consegue uma oportuna inclusão da praça beirã nos Sites Majeurs, dando provas de empenhada internacionalização da arquitetura abaluartada. Desdize-se assim a crença de que os franceses  estavam “a tirar do seu”, praticar um novo “nacionalismo” ou minorizar a tratadística militar de outras antigas potências europeias. Uma crença que ainda hoje lateja. Neste sentido convém deixar preto no branco” que, no caso de Portugal, as aportações francesas são indiscutíveis e que, aliás, o ingrediente galo na tratadística militar internacional é determinante.    


 Determinante por causa da herança construtiva, das suas novidades polifacetadas; pelo número incrível, amplo e renovado de fortificações ao longo dos séculos e, antes de mais nada, porque a história da fortificação colmata-se na Idade Contemporânea da mão dos escritos e sistemas de Cormontaigne, Carnot, Montalembert, Haxo, Rohault de Fleury, Sère de Rivières ou o próprio Maginot, todos posvaubanianos. O problema para a França adviria do perigo alemão, da sua avultada população pronta para as armas e das guerras geradas logo após “consolidada” a fronteira francesa. Nas guerras carlistas, por exemplo, utilizava-se o Sistema Séré de Rivières; em Pamplona temos um exemplo no Forte de Alfonso XII; em Jaca, no Forte do Rapitán. Todavía, Montalembert influenciava determinadas construções nas posesões espanholas do Norte de Africa.

 Não se podem criar imaginárias divisórias que queiram, talvez involuntariamente, criar um antes e um depois, um melhor ou um pior. As artilharias evoluiram, os remparts” (muralhas e baluartes) tornaram-se obsoletos, aparecendo novos redutos, novas poligonalidades que iam mais além das velhas praça-fortes. Nisto os franceses e alemães tinham atingido a supremacia. Vantagem que outrora fosse espanhola pelas oportunidades que brindavam as extensas posesões da Monarquía Hispánica, mas também, sem réstia de dúvida, devido à pluriforme Escola Espanhola de Fortificação, consequência dum transitar medieval de permanente guerra, do novo Império hispano-germánico (junção, ademais de saberes itálicos e flamengos) e da própria produção teórica e prática, que soube estar sempre à altura da excelência.    

 Almeida, no caso que nos ocupa, é um curioso nexo aliado às estrelas francesas, mas também aos exteriores alagados doutras praças como as holandesas. O contágio multiplica-se, indo para Alba Iulia (Romênia), Theresienstadt (Chequía), a Polónia, Nicósia (Chipre), as Caraíbas, Canadá, India, Skri Lanka, Malasia, Vietnam ou no Japão (Goryokaku, um forte com um misto de ideias de Coehoorn, Montalembert e Carnot; o primeiro contemporâneo de Vauban e os outros posvaubanianos).  

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