31 de ago. de 2018

ALMEIDA (PORTUGAL)

PATRIMÓNIO

Almeida na encruzilhada dos vaubanianos
(8ª parte)



ENCONTROS POLIORCÉTICOS   

 Almeida é um confim mais da planície salamantina que faz solução de continuidade no Vale do Côa. Esta charneira estabelece um ponto de situação, topográfico e político, que não vai ter volta atrás. Espaço determinado pelas curvas de nível, a sua dimensão virá marcada pela dupla condição de terminalidade e defesa. Já na própria praça-forte estas constantes manifestam-se numas cotas de altitude aparentemente iguais (entre os 763 m. e os 730 m.). A 6,37 kms. do ponto mais próximo da fronteira espanhola e a  2,54 kms. do Côa (desde o vértice do Revelim de Sto. António em linha reta), o enclave fica externamente garantido por um “espaço vital” de 66,4 hectares. No entanto, devemos é  falar dum condicionante importante qual é este río Côa (que em descendente desde Almeida atinge a curva de nível dos 520 m.). 
   

 Assim sendo, o recinto murado vai oferecer as variações que se seguem: Podería-se implementar uma secção idealizada, mas na realidade esta não existe em Almeida. Para as curvas de nível  temos inclusivemente três gradações (entre os 760 e 750 metros sobre o nível do mar; entre os 750 e os 740 m.s.n.m. e entre os 740 e os 730 m.s.n.m.). Os Baluartes de Sta. Bárbara, de Nossa Senhora das Brotas e de Sto. António andam no trânsito topográfico entre os 760-750 metros. Os Revelins do  Paiol e de Sto. António, bem como os da Cruz e o Duplo Revelim, junto com o Baluarte de São Pedro e parte do de São João de Deus, transitam da sua vez entre os 750-740 metros. Aliás, uma só aparente horizontalidade será quebrada no patamar entre os 740 e os 730 metros com os Revelins da Brecha e dos Amores.     


 De facto, os solos almeidenses sobre os quais erguem-se construçcões militares, contêm desagregações decorrentes da erosão dum granito bem próximo das superfícies, que vai gerar, entre outras, as ditas paisagens berroquenhas e os terrenos já erodidos. A sensação de altos e baixos nestas fundações, nestes solos e, mesmo, nos chamados “caos de bolas” (díaclasas e capas de cebola) são uma constante. Assim, as obras externas em Almeida vêem-se na prodigalidade imprópia de esplanadas, de glacis, cujo subsolo pode não ser nada regular. Isto se traduz também em lenços murários a distintas alturas, na sua afirmação horizontalista contra as curvas de nível. As guaritas constituem pontos de referência dessa realidade, tal como a altura expressa dos reparos, das escarpas. Não  foi fácil levantar uma  praça-forte tão singular e complexa. 
     

 A cota dos 750 metros do lado direito da vila “rasgava” linearmente, em perpendicular, a Travessa do Convento, a rua Frei Bernardo de Brito, a do Poço, Doutor Ginestal Machado e, mais parcialmente, a dos Fornos e a do Chafariz. Outras ruas, seguindo a curva de nível à esquerda-sul, ficavam afetadas (rua Joaquim Carvalho dos Santos, rua Doutor Chegão, rua dos Quartéis e a de S. João de Deus. Isto quer dizer que “a maior parte da praça  fica sobre a ladeira duma colina”, ao dizer do sargento-mor Anastácio António de Sousa Miranda, a treze de Agosto de 1796, num informe apreciativo do estado das muralhas bem exponencial.      

 Este dosiê indicava, entre outras coisas, as VANTAGENS do terreno à frente dos baluartes das Brotas, Sta. Bárbara, São João de Deus e de São Francisco, extenso e distante e cheio de muitas veias de pedra dura obrigando assim os expugnadores a principiar muito de longe as suas obras de ataque”. Da mesma maneira, aquele terreno “que fica em frente dos baluartes de S. Pedro e de Sto. António, ainda que é inferior à praça tem muitos baixos e irregularidades, que não são descobertos por ela, permitindo que se chegue de perto nela sem receio da sua artilharia; facilitando assim muito as obras dos aproches por não ser preciso principiá-las de longe…”. Tais erão os DEFEITOS. 

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