Forte da Lagarteira abre portas a partir de hoje como “Espaço de Memórias do Mar”
• Investimento supera meio milhão de euros, em Vila Praia de Âncora, e serve o lazer, a cultura e o turismo
Rui Lages sublinhou que, falar do Forte da Lagarteira é falar de um dos monumentos mais emblemáticos de Vila Praia de Âncora e do concelho de Caminha
Foto: C.M.C.
Infogauda / Vila Praia de Âncora
“A história cria presente, mas, acima de tudo, lança redes para o futuro” - afirmou e o Presidente da Câmara de Caminha, Rui Lages, a propósito da inauguração do “Espaço de Memórias do Mar”, em Vila Praia de Âncora, um espaço dedicado à valorização da identidade marítima do território do concelho, que hoje abriu portas, no Forte da Lagarteira. O monumento, essencialmente militar, ganha nova vida, enquanto equipamento ao serviço também do lazer, da cultura e do turismo, sem perder de vista a sua vocação inicial. No total, o investimento ultrapassa meio milhão de euros.
O projeto que visava a requalificação do forte da Lagarteira, por forma a preservá-lo e a instalar no seu espaço uma unidade museológica dedicada ao mar, foi iniciado no final de 2022, mas quis o destino que fosse terminado agora, precisamente numa altura em se assinala o encerramento das comemorações do centenário de Vila Praia de Âncora. Uma circunstância feliz, num processo complexo, que incluiu a descoberta e devida preservação de achados arqueológicos. O “Espaço de Memórias do Mar” está aberto a partir de hoje e há muito para descobrir para lá das portas do Forte da Lagarteira, revisitando memórias dos pescadores de Vila Praia de Âncora, da ocupação humana do Vale do Âncora, dos guardiões do mar, ou mergulhando num espaço imersivo que nos transporta às profundezas do oceano.
Interveio no início da cerimónia, o Diretor-Geral da Autoridade Marítima Nacional, Vice-Almirante, José Vizinha Mirones, que saudou a requalificação do que considerou um símbolo histórico: “esta infraestrutura assume hoje um novo papel, que concilia o respeito pelo passado com a projeção do futuro, preservando a sua identidade militar e marítima e abrindo-se agora à fruição desta comunidade e ao serviço da memória coletiva e da cultura”.
O Vice-Almirante recordou a cedência à Câmara Municipal de Caminha, em 2017, referindo que, desde essa data, o Forte da Lagarteira ganhou uma nova vocação civil, sem nunca perder o elo profundo que o une à Marinha Portuguesa. Agora, com a concretização desta obra, “a Câmara Municipal de Caminha contribui de forma muito significativa para preservar o legado marítimo desta terra, honrando os que fizeram do mar o seu sustento e tocando as gerações vindouras sobre a importância do oceano na construção da nossa identidade nacional”, afirmou, referindo ainda que este espaço “não é apenas um tributo aos pescadores e às gentes do mar de Vila Praia de Âncora, é um património cultural e natural, marítimo, da costa e deste concelho. E é também um centro de conhecimento e de inspiração, um ponto de encontro entre o passado, o presente e o futuro”.
Vizinha Mirones expressou ainda um “profundo reconhecimento” à Câmara Municipal de Caminha, na pessoa do Presidente, Rui Lages, “pelo empenho e visão na requalificação deste espaço”. Agradeceu também aos técnicos e trabalhadores que concretizaram a transformação.
“Portugal é, foi e continuará a ser uma Nação profundamente marítima e cada gesto que reforça a ligação das nossas comunidades ao mar é um passo firme na valorização da nossa herança atlântica e da economia azul e sustentável que temos de constituir. Que este forte ou fortaleza continue a ser um bastião, não de peças de artilharia, mas de cultura e de memória de ligação ao mar. Que seja um lugar de partilha e de homenagem, de descoberta e de fruição de todos os nossos concidadãos”, concluiu o Vice-Almirante.
Intervindo de seguida, Rui Lages sublinhou que, falar do Forte da Lagarteira é falar de um dos monumentos mais emblemáticos de Vila Praia de Âncora e do concelho de Caminha. “Ao longo de vários séculos, esta foi uma infraestrutura que cumpriu várias missões, a vida e o uso que lhe foram dados sempre tiveram grande relevância política e geoestratégica. Se nos seus inícios a sua missão foi a defesa da nossa costa e do nosso país, assume atualmente um relevante papel na defesa da nossa identidade, na promoção da nossa cultura e no perpetuar de um legado secular. Este é um património único, que merecia ser reabilitado, atribuindo-se-lhe uma mais valia e foi com este espírito que surgiu a ideia de aqui se concretizar o espaço de memórias do mar, num investimento global superior a meio milhão de euros”.
Para o Presidente da Câmara, este é um espaço que reflete “a vivência das nossas mulheres e homens do mar, aqui poderemos honrar os nossos pescadores, as nossas varinas, a cultura da pesca e um dos maiores e mais preciosos bens que ao homem foi dado: o mar. Hoje abrimos portas a este Forte, que agora servirá a paz, a cultura, e o turismo”.
Rui Lages agradeceu à Marinha, enquanto força vital para o país: “hoje aqui, lado a lado, Câmara Municipal e Martinha abrem novamente novas rotas de conhecimento, novas rotas de cultura”.
O autarca destacou a a importância da proximidade do concelho com a Marinha. Lembrou também Rui Lages os três fortes, que bem demonstram a importância de Caminha no contexto global. Aludiu ao Forte do Cão, Forte da Lagarteira e Forte da Ínsua. Dirigindo-se a Vizinha Mirones, Rui Lages afirmou: “quero aqui mesmo assumir o compromisso solene de que o Município de Caminha quer continuar a ser parceiro privilegiado da Marinha Portuguesa e da Autoridade Marítima Nacional. Queremos ser parte ativa da estratégia e das políticas públicas prosseguidas quer pela Marinha quer pela Autoridade Marítima. Somos território de mar, de rios. Somos território transfronteiriço. Assim, temos enormes desafios pela frente, quer pelo potencial económico do mar, quer pelo turismo, que ainda pode ser explorado, quer pelas tradições e vivências seculares, quer ainda por entendermos representar uma posição privilegiada na defesa do Estado Português”.
Destacou Localização da Capitania, “que só nos faz ser melhores e mais interventivos, no que diz respeito às políticas do mar, de segurança e de socorro. Entendemos assim ser essencial para o nosso concelho a concretização de uma estação salva-vidas, por forma a estarmos ainda mais apetrechados, e podermos responder de forma mais eficiente e eficaz a situações de crise. E a Câmara Municipal estará sempre disponível para cooperar nesse sentido”.
Nas palavras do Presidente da Câmara, o investimento aqui feito vai muito além da recuperação destas pedras perfeitamente alinhadas em forma de baluarte. “Ao mesmo tempo em que assumimos que este será mais um ponto de relevo na rede museológica do concelho de Caminha, um ponto de encontro, de lazer, e de turismo, este forte continuará a sua cumprir a sua missão de vigilância e de informação náutica ao serviço da Marinha Portuguesa - a história cria presente, mas acima de tudo lança redes para o futuro”.
Como referimos, a Câmara Municipal de Caminha começou a desenvolver, no final de 2022, o Projeto de Recuperação e Valorização do Forte da Lagarteira. Este Espaço de Memórias do Mar, em Vila Praia de Âncora nasceu pela vontade da Câmara ver recuperado aquele exemplar do património, abrindo-o ainda mais ao público. Resulta também de um projeto candidatado com sucesso a fundos comunitários, nomeadamente ao Programa Mar 2020 e Programa Norte 2020.
O Forte da Lagarteira é um Monumento de Interesse Público desde 1967 e parte integrante da memória da paisagem de Vila Praia de Âncora.