3 de xul. de 2018

ALMEIDA (PORTUGAL)

PATRIMÓNIO

Almeida na encruzilhada dos vaubanianos 
    
Fortaleza de Almeida

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Almeida

 Association Vauban tem referido similitudes entre os modelos construtivos franceses e os que se ergueram em Portugal. A ligação entre arquiteturas distantes evidencia o carácter internacional desta rama da construção e até a sua transversalidade. A pegada, o carimbo francês é notorio em Almeida e recolhe manifestações prevaubanianas e influências cruzadas de autores galos. Isto nem sempre quer dizer que a obra seja  vaubaniana “in strictu  sensu”; frequentemente, utilizamos ese  Pre” com gratuitidade, aquando ouvimos a menção dum autor francês.   

 Aliás, muitas das vezes chamamos de vaubaniano àquilo que não é mas que, no entanto, o parece. Sebastien le Prestre tem esse atrativo inegável de ser o indiscutido, o Mestre e o grande concitador. Errard-le-Duc, Lassart, Gilles de Saint Paul, Marolois, Antoine de Ville, Blaise de Pagan, Manesson Mallet, são prévios ou contemporâneos dele; depois, a grandes traços, viriam Cormontaigne, Montalembert, Carnot, Haxo, Rohault de Fleury, Séré de Rivières... O Ars Belli, as Efemérides bélicas sobrepostas, palimpsestadas, suscitadas pelos contendentes europeus atingiam o grau máximo. Todos querendo, todos não querendo.     

 Almeida é uma  fronteira, um “limes” e toda uma organização poliorcética. Os seus fossos secos são rareza, são únicos nesta  linde  ibérica  e… lembram estruturas nortenhas. Almeida tem um plano estrelado de doze pontas e um enformado hexagonal irregular  baseado em cortinas desiguais e cruze de diagonais  igualmente desigual. Por exemplo, as bissetrizes dos baluartes de Sto. António e o de São João de Deus não são condizentes nem encontradas. O mesmo acontece com o baluarte de Sta. Bárbara e o de São Pedro. Assim, as congruências só têm alguma regularidade nos bastiões da Nossa Senhora das Brotas e o de São João de Deus. 

 Na malha urbana poder-se-ía dizer que apenas existe diferença entre plano ovoide e tímida hexagonalidad. A adaptação às pre-existências conjuga-se com a procura de uma estrela de patrons construtivos formais, de cariz francês e espaços amplos. O novo engole o  velho através duma irregularidade não traumática de seis baluartes encolhidos no sentido  Noroeste/Suleste, paliados aliás por revelins de alguma forma equilibradores. Este complexo militar reune sobejos elementos construtivos que o possam ligar ao estilo abaluartado francês e  prevaubaniano. Não registando, no entanto, esses acabados integradores entre bastiões e tenalhas (aquí inexistentes), próprios do Segundo e Terceiro Sistemas de Sebastien Le Prestre.  

(Continuará...)  

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