PATRIMÓNIO
Almeida na encruzilhada dos vaubanianos
(10ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Almeida
Em Almeida chamam a atenção os seus fossos secos, em contraposição àqueles que ponteiam na França, na fronteira Norleste e noutros enclaves, onde a componente aquática facilita o desenvolvimento de estrategias poliorcéticas de que são mestres franceses e holandeses. De salientar, lá perto, o trabalho de Sebastián Fernández de Medrano (1646-1705) na Academia desse Bruxellas espanhol, autor da obra “El architecto perfecto en el arte militar”, onde muitas das docências assumem um tom construtivo holandês do qual é fiel aluno Jorge Próspero de Verboom (1665-1744).
Almeida deve a sua traça à escola francesa de fortificação. Eis que achamos as ligações com outras vilas-estrela e cidadelas, com as de nova planta ou as reformadas. Cedo os vaubanianos encontraram nexos entre elas. Assim, bem perto da fronteira com Bélgica, LONGWY é assediada pela França em 1647 e incorporada em 1678. Luis XIV dispõe a sua fortificação servindo-se do próprio Vauban. Vai ser aquí que começa a verdadeira etapa centralizada na figura de Sebastien Le Prestre. O esquema é este que se segue: A população das praças é acompanhada por Vauban, que não duvidava à hora de estabelecer medidas incitativas (fiscais) para aliciar atividades económicas e a presença duma faixa da população pronta para as armas. Em LONGWY, a transferência da população do burgo vizinho foi cuidadosamente preparada. O mestre focaliza o calendário de demolições e reconstruções por forma a que a mudança para a nova vila se concretize da melhor maneira possível. Na mente de Vauban a igreja da nova vila tem que ser mais bela do que a anterior, ou os novos poços maiores.
A mistura de racionalidade e bom senso, de utilidade e pragmatismo vai ser o cerne da prática vaubaniana. Por exemplo, en LONGWY vigiam-se os ventos dominantes tendo em conta a orientação dos seus quarteirões. A vila tem 4 bastiões e 3 revelins na atualidade, sendo a sua malha urbana regularizada por 20 quarteirões. Presentemente, ao norte uma rotonda abre as duas bifurcações Oeste e Central. Uma outra, no Leste, quebra os baluartes suleste e norte. Do velho Hexágono, dos seus seis grandes baluartes chamados de “as de pique” restam os nomes (Bourg, Notre Dame, Saint Martin, La Colombe, de Luxembourg e du Chateau). Tem, aliás, 5 semi-luas e uma obra corna entre os bastiões de Notre Dame e Saint Martin. Todavia, possui 3 Lunetas, designadamente de Bourgogne, de France e du Precipice. Alem disso, dois corpos de guarda e as pontes.
Formalizadas as candidaturas à Unesco de Valença, Almeida, Elvas e Marvão, ficou claro para a Association Vauban que o nexo internacional das fortificações é tangível, é físico. O carácter fronteiriço delas todas também as aproxima e as valoriza como Património Mundial. A Rede de Sites Majeurs Vauban cresce, colmatando os 10 anos desde a sua declaração.
(Continuará…)
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