PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(218ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
José Marques no seu trabalho 'O Mosteiro de Oia e a Granja da Silva, no contexto das relações luso- castelhanas dos séculos XIV- XV' faz um traçado exponencial da comprometida posição deste mosteiro, a cavalo entre posses patrimoniais de todo o tipo em solo português e a sua definitiva pertença à Congregação Cisterciense de Castela na Galiza. Essa dupla condição, por assim dizer, complicaria a vida do Mosteiro apesar da importância das conclusões relativas ao natural convívio das populações de ambas as margens do rio comum. 'À medida que se aprofunda o conhecimento desta realidade histórica, a situação vai-se revelando progressivamente mais complexa e marcada pelas vicissitudes de vária ordem, que, no decurso do tempo, afetavam os reinos de Portugal e de Castela'.
Continua Marques: 'Neste cenário de relações galaico- minhotas, as instituições eclesiásticas -monásticas e seculares- sediadas de um e outro lados da fronteira, desempenharam uma função de alto relevo, aliás correspondente à sua importância sócio- económica e religiosa, com forte impacto nas populações circundantes. Por isso, desse vasto leque de instituições selecionámos, como exemplos, dois mosteiros cistercienses: o de Fiães, sito em Melgaço (Alto Minho), que, desde o século XII, estendia a sua influência a zonas galegas fronteiriças, aí possuindo numerosos bens, até a exclaustração, em 1834, data em que ainda conservara os coutos de Gogilde e de Ganceiros, e propriedades em Padrenda, e o de Sta. Maria de Oia, cujo domínio fundiário no reino de Portugal, embora sendo mais vasto no Vale do Minho, se estendia até Torres Vedras e ao Lumiar, nos subúrbios de Lisboa'.
Isto gerava uma situação dupla que José Marques expõe com clareza: 'Em todo este processo de relacionação galaico- minhota, O MOSTEIRO DE OIA TEM COMO COMPLEMENTO DO TERMO DE RELAÇÃO QUE ELE É A 'GRANJA DA SILVA', assim designada por estar situada na freguesia valenciana de Santa Maria da Silva. Para se compreender a importância desta granja no âmbito do tema em apreço, basta dizer que, além de constituir uma notável exploração agrária, funcionava também como CABEÇA E CELEIRO de todos os bens possuídos pelo referido mosteiro galego no 'Entre-Minho-e-Lima'. (Aqui, hace una exposición pormenorizada del meollo de la cuestión, analizando paso a paso las posesiones que, sin duda, iban a generar desentendimientos).
E segue desta maneira: 'A fim de se formar uma ideia mais exacta da sua importância cumpre-nos revelar, de acordo com os dados fornecidos pela documentação, que esta granja era constituída por 10 casais, 4 campos, 1 devessa, 1 lugar, 4 herdades, 2 vinhas, 1 casa e mais 1 parcela…, num total de 24 unidades ou títulos. A extensão desta propriedade rústica descontínua e a sua importância administrativa no âmbito do património do mosteiro de Oia, no 'Entre-Minho-e-Lima', permite compreender por que motivo foi tantas vezes ocupada, mal as circunstâncias políticas davam azo à concretização desse objectivo'. (Las propiedades en el Alto Miño portugués, además de la 'Granja da Silva', completaban el siguiente patrimonio):
'São Julião (Gião): 7 casais, 1 herdade, 1 indefinido/ São Miguel : 2 casais, 1 herdade; Gondomil: 1 herdade; Cerdal: 2 casais; São Pedro da Torre: 3 casais, 1 herdade e 1 moinho; Valença: 2 casas, 2 indefinidos; São Salvador de Gándara (referência no 'Archivo Histórico Nacional' dos seus bens); Cornes: 2 casais; Vila Nova de Cerveira: 2 casais, 2 herdades e 1 couto; Gondarém: 3 casais; São Pedro de Mangoeiro, Campos, Covas, Reboreda, Fontoura, Sta. Maria de Lovelhe e Segulfe a figurarem no 'Archivo Histórico Nacional Español' como possuidores de bens ou títulos'.
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