21 de xuño de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(218ª parte)    


Alto Minho palco de inúmeras propriedades do Mosteiro de Oia


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 José  Marques  no  seu  trabalho  'O  Mosteiro  de  Oia  e  a  Granja  da  Silva,  no  contexto  das  relações  luso- castelhanas  dos  séculos  XIV- XV'  faz  um  traçado  exponencial  da  comprometida  posição  deste  mosteiro,  a  cavalo  entre  posses  patrimoniais  de  todo  o  tipo  em  solo  português  e  a  sua  definitiva  pertença  à  Congregação  Cisterciense  de  Castela  na  Galiza.  Essa  dupla  condição,  por  assim  dizer,  complicaria  a  vida  do  Mosteiro  apesar  da  importância  das  conclusões  relativas  ao  natural  convívio  das  populações  de  ambas  as  margens  do  rio  comum.  'À  medida  que  se  aprofunda  o  conhecimento  desta  realidade  histórica,  a  situação  vai-se  revelando progressivamente  mais  complexa  e  marcada  pelas  vicissitudes  de  vária  ordem,  que,  no  decurso  do  tempo,  afetavam  os  reinos de  Portugal  e  de  Castela'.    

 Continua  Marques:  'Neste  cenário  de  relações  galaico- minhotas,  as  instituições  eclesiásticas  -monásticas  e  seculares-  sediadas  de  um  e  outro  lados  da  fronteira,  desempenharam  uma  função  de  alto  relevo,  aliás  correspondente  à  sua  importância  sócio- económica  e  religiosa,  com  forte  impacto  nas  populações  circundantes.  Por  isso,  desse  vasto  leque  de  instituições  selecionámos,  como  exemplos,  dois  mosteiros  cistercienses:  o  de  Fiães,  sito  em  Melgaço  (Alto  Minho),  que,  desde  o  século  XII,  estendia  a  sua  influência  a  zonas  galegas  fronteiriças,  aí  possuindo  numerosos  bens,  até  a  exclaustração,  em  1834,  data  em  que  ainda  conservara  os  coutos  de  Gogilde  e  de  Ganceiros,  e  propriedades  em  Padrenda,  e  o  de  Sta.  Maria  de  Oia,  cujo  domínio  fundiário  no  reino  de  Portugal,  embora  sendo  mais  vasto  no  Vale  do  Minho,  se  estendia  até  Torres  Vedras  e  ao  Lumiar,  nos  subúrbios  de  Lisboa'.    




 Isto  gerava  uma  situação  dupla  que  José  Marques  expõe  com  clareza:  'Em  todo  este  processo  de  relacionação  galaico- minhota,  O  MOSTEIRO  DE  OIA  TEM  COMO  COMPLEMENTO  DO  TERMO  DE  RELAÇÃO  QUE  ELE  É  A  'GRANJA  DA  SILVA',  assim  designada  por  estar  situada  na  freguesia  valenciana  de  Santa  Maria  da  Silva.  Para  se  compreender  a  importância  desta  granja  no  âmbito  do  tema  em  apreço,  basta  dizer  que,  além  de  constituir  uma  notável  exploração  agrária,  funcionava  também  como  CABEÇA  E  CELEIRO  de  todos  os  bens  possuídos  pelo  referido  mosteiro  galego  no  'Entre-Minho-e-Lima'.  (Aqui, hace una  exposición  pormenorizada  del  meollo  de  la  cuestión,  analizando  paso  a  paso  las  posesiones  que,  sin  duda,  iban  a  generar  desentendimientos).    

 E  segue  desta  maneira:  'A  fim  de  se  formar   uma  ideia  mais  exacta  da  sua  importância  cumpre-nos  revelar,  de  acordo  com  os  dados  fornecidos  pela  documentação,  que  esta  granja  era  constituída  por  10  casais,  4  campos,  1  devessa,  1  lugar,  4  herdades,  2  vinhas,  1  casa  e  mais  1  parcela…, num  total  de  24  unidades  ou  títulos.  A  extensão  desta  propriedade  rústica  descontínua  e  a  sua  importância  administrativa  no  âmbito  do  património  do  mosteiro  de  Oia,  no  'Entre-Minho-e-Lima',  permite  compreender  por  que  motivo  foi  tantas  vezes  ocupada,  mal  as  circunstâncias  políticas  davam  azo  à  concretização  desse  objectivo'. (Las  propiedades  en  el  Alto  Miño  portugués,  además  de  la  'Granja  da  Silva',  completaban  el  siguiente  patrimonio):    

 'São  Julião  (Gião):  7  casais,  1  herdade,  1 indefinido/  São  Miguel :  2  casais,  1  herdade;  Gondomil:  1  herdade;  Cerdal:  2  casais; São  Pedro  da  Torre:  3  casais,  1  herdade  e  1  moinho; Valença:  2  casas,  2  indefinidos;  São  Salvador  de  Gándara  (referência  no  'Archivo  Histórico  Nacional'  dos  seus  bens);  Cornes:  2  casais; Vila  Nova  de  Cerveira:  2  casais,  2  herdades  e  1  couto; Gondarém:  3  casais; São  Pedro  de  Mangoeiro,  Campos,  Covas,  Reboreda,  Fontoura,  Sta.  Maria  de  Lovelhe  e  Segulfe  a  figurarem  no  'Archivo  Histórico  Nacional  Español' como  possuidores  de  bens  ou  títulos'.  

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