12 de xan. de 2019

A GUARDA

PATRIMÓNIO

A importância da obra externa em Santa Cruz

(8ª parte)    


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / A Guarda    

 Ignacio Javier Gil Crespo, prestigiado investigador do Centro de Estudios José Joaquín de Mora, ligado à Fundación  Cárdenas, escrevia na Revista de Historiografía n°24 uma interessante e polêmica comunicação sobre o arquiteto e restaurador alemão Bodo Ebhardt (1865-1945). Este homem fez uma viagem por Espanha durante dois meses, em 1930, onde compilou e documentou castelos e fortalezas sobejamente representativos. Tal tarefa teve a sua expressão editorial quatro anos depois no capítulo sobre a fortificação espanhola da magna obra “Der Wehrbau Europas im Mittelalter”. Neste trabalho revela-se uma pessoa rigorosa no pensamento e na acção, na forma de intervir nos monumentos históricos ou na definição da arquitetura militar, descrevendo a sua evolução desde parâmetros europeistas e pangermânicos. Bodo Ebhardt restaurou mais de 50 castelos em Alemanha ao mesmo tempo que a sua habilidade como desenhador complementava aquilo que compilava. Gil Crespo fala do escasso conhecimento que se tem do arquiteto alemão e das críticas, pertinentes ou não, que gerou por causa das suas ideias. Faz uma observação no sentido de conhecer melhor a sua herança relativamente ao binómio peninsular cristão/musulmano, à sua incontornável disciplina poliorcética é ao facto de contar con inevitáveis detratores (veja-se Riegl). No entanto, simultaneava-se de facto com o francês Viollet-le-Duc na maneira de fazer as coisas. Ambos vindicavam rigor e medievalismo, como ambos exigiam conceitos restauradores quase que impiedosos. Os seus adversários alegavam que a ruina era também alvo de interpretação.  
   
 Quem fundara a Deutsche Burgenvereinigung (Associação Alemã dos Castelos) no ano de 1899, não tem referências bibliográficas em Espanha, no entanto é conhecido no resto de Europa. A sua categorização da “Reconquista” peninsular irrita uns e estimula outros, fazendo um lógico jus a pensamentos baseados na façanha germânica na Europa medieval. A questão poliorcética é bem plural, de perfís variáveis e atores múltiplos. No nosso caso, se produz uma estandardização de modelos cujos alicerces são “centros de interpretação” inoperativos, funcionais e sem vida. Acrescentem a isso o esvaziamento de conteúdos ou a ausência de gestão. Faz falta no mundo castellológico muita mais exigência e excelência. Estamos num momento incerto onde a castellología é inclusivemente denegrida. No caso da Guarda, instrumentalizada para fins eleitorais por pessoas despudoradas. O caso dos tocões é real, tem um Expediente de Diligências VI-PO-117-17 e terá um desfecho. Vamos ver se somos sérios de vez e deixamos de brincar às barferências.   

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