PATRIMÓNIO
A importância da obra externa de Santa Cruz
(5ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / A Guarda
O recente Congresso sobre “Património e Fronteira” - Santiago de Compostela, 8 e 9 de Novembro de 2018 -, revelou coisas bem interessantes relativamente à situação castellológica atual. Da mesma maneira, abordaram-se dinâmicas de conteúdo transfronteiriço que iriam inequivocamente dar no mesmo: impasse, bloqueio e burocracias. Miguel Areosa Rodrigues, da Direcção Regional de Cultura do Norte de Portugal, em Vila Real, definia ele próprio as inércias que afetam àqueles que hoje têm responsabilidades na gestão patrimonial. Portugal trabalha a diferente ritmo na fronteira e, por vezes, prescindindo de Galiza. Os “timings” são outros, mais lentos, tal como os orçamentos e as prioridades. Isto vê-se de forma natural dado que as pressas vêm de além fronteira, talvez porque adiaram-se tempo demais as premências, as verdadeiras urgências do lado galego.
Uns e outros não querem reconhecer, ao que parece, o clima de presépio existente nambas as margens, a estabulação e pior, os modelos ausentes de gestão participativa junto das populações. Dito de outra maneira, a Casa de Ramalde no Porto (Direcção Geral do Património Cultural) continua a ser o mesmo santuário troglodita de sempre e os “intelectuais orgânicos” de Santiago outro tanto. Palavra de quem tem passado por isso. As asneiras do antigo IPPAR, depois IGESPAR, consistentes em classificar e desclassificar, quase que em simultâneo, uma aldeia histórica como a de Lugar de Mesão Frio (Penafiel), ponhamos por caso, cobrem de “glória” a trajetória de Ramalde. Provavelmente em Compostela nada sabem disto. Protelação de dosiês, postos vitalícios, lentidão e uma maquinaria burocrática comodista orlam a atividade da DGPC. O invólucro oficial e as mensagens surdas escamoteiam a realidade nua e crua desta instituição.
Por outra banda, tirando a honrosa exceção, sem menosprezo de outros, de Juan Antonio Rodríguez Villasante Prieto, Coronel de Intendencia da Armada na reserva, presente na substantivação do CADIVAFOR, seria oportuno afirmar que sem a participação das organizações poliorcéticas experimentadas, inseridas na INTERNATIONAL FORTRESS COUNCIL (IFC), não será possível realizar qualquer bom trabalho na fronteira. A rigorosa queixa feita sobre o assunto dos tocões em Santa Cruz é expressão disso mesmo: Encontros Poliorcéticos quer ultrapassar a pasmaceira instalada na vila da Guarda, seguindo critérios internacionais, castellológicos. Perante isso, os poderes locais reagiram como tem reagido. Era de esperar. Não contavam com a IFC. A violentada obra externa da Fortaleza de Santa Cruz é sinal vivo e testemunho de que as coisas tem-se feito mal. Vamos tentar desvendar isto.
A Internacional Fortress Council foi fundada na Haia em 1989. A sua composição vem marcada pela diversidade: Associações como Simon Stevin VVC (Vlaams Vestingbouwkundig Centrum); Deutsche Gesellschaft für Festungsforschung- DGF; Fortress Study Group-FSG, UK e Stichting Menno van Coehoorn-NL foram um primeiro alicerce da IFC. Logo juntaram-se a Association Vauban; Nacionalna Udrugaza Fortifikacije-NUF, Croatia; Czech Association for Military History-CAMH, Czech Republic; Frënn vun der Festungsgeschicht Letzebuerg-FFGL, Luxemburg; Association Saint Maurice d’Etudes Militaires- ASMEM, Switzerland; Coast Defence Study Group-CDSG, U.S.A.; para além dos citados, a Österreichische Gesellschaft für Festungsforschung-ÖGF, Austria e a Fondazzjoni Wirt Avtna (Malta Heritage Trust) juntar-se-ão em 2019 a este elenco.
(Continuará)
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