16 de dec. de 2018

A GUARDA

PATRIMÓNIO

A importância da obra externa de Santa Cruz


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / A Guarda

 Uma fortaleza de época Moderna como a de Santa Cruz tem de ser inquestionavelmente calibrada desde as suas posições defensivas mais externas. O valor poliorcético resume-se nem mais no binómio basilar de dois bastiões / um revelim. Ou dito de outra maneira, a tríade cortinas / bastiões/ revelins a enformarem os lenços de escarpas e contraescarpas, já nos fossos, que abrirão o passo aos caminhos cobertos parapeitais, glacis e esplanada. O caso de Santa Cruz é paradoxal. Atribue-se a obra aos irmãos Grunenberg, westfalianos com percurso em Flandres que andam de passagem por Galiza revistando obras. A planimetria aplicada será uma estrela de oito pontas que depende dumas longas cortinas, acabando por moldear uma planta bem “sui generis” de achatamento ou se calhar deformidade. A obra não tem segredos construtivos.

 A progressiva destruição de revelins deu passo, com efeito, à atual planta trapezoidal feita em alvenaria. Na origem, esse enformado respondia à necessária adaptação ao terreno e à tendência por ocupar um máximo de superfície entre a vila e Cividans, na presumível ideia de que os quatro revelins iriam proteger sobejamente a praça. Erro fundamentado nos acontecimentos posteriores, por causa da baixa altura do empreendimento em termos gerais, o comprimento das cortinas Noroeste e Suleste e, talvez, pelo pânico gerado entre a população guardense, ajudando a criar uma confusão geral assinalável. Não estaria demais salientar o arrojo das escaramuças lusas nessas antes citadas defesas exteriores.    

  Mesmo assim, tratamos esta fortaleza quer seja com curiosidade, quer com espanto e até respeito. Uma velha estrela, bela embora deforme, mudou para aquele rectângulo irregular” atual. ¿¡Existe isso!? Santa Cruz aos olhos do Conde de Prado era a “melhor fortificação de toda a Galiza”; sem dúvida, pela ligação poliorcética entre os baluartes e os revelins. Não há volta a dar. Com verdade, o conjunto externo é o formado por contraguardas, meias luas e lunetos a interdepender de bastiões e cortinas; o que dará uma expressão militar unificada (não importando os materiais de feitura, antes bem a eficiência perante o assédio). O gigante escondido, xigante agochado em galego, traduz ao longo da recente história local um maltrato e desconsideração evidente. De facto, isso era palpável antes da elaboração do Plano Director Conjunto das Fortificações e do CADIVAFOR.   

 (Continuará) 

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