9 de mar. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  
(188ª parte) 

Santa Maria de Melón, ainda na 'Lista Vermelha' do Património


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia      

 Faremos  alusão  do  Mosteiro  de  Santa  Maria  de  Melón  e  da  necessidade  de  uma  moratória  arqueológica  indefinida,  de  um  adiamento  'sine  die'  em  todos  os  mosteiros  cistercienses  que  estejam  sob  a  lupa  da  Xunta  de  Galiza  ou  da  'A.CI.GAL'.  É  altura  de  interpor  escritos  ou  implementar  iniciativas  que  concretizem  essa  PARAGEM  DE  FUTURAS  OBRAS  carentes  de  uma  apurada  pesquisa  de  natureza  estritamente  arqueológica.  Tememos  que  tal  realidade  é  um  facto,  como  também  a  prevalência  de  argumentos  de  todo  o  tipo,  escapistas  mesmo,  que  preteriram  a  premência  de  campanhas  bem  agendadas  e  organizadas,  sendo  condenadas  à  indiferença  ou  ao  arquivamento.  Urbanizar  é  isso  mesmo,  criar  dependência  doentia  do  factor  urbano,  sujeitar  todo  o  resto  à  razão  urbana,  à  especulação.  Com  erros  do  passado  (favelização)  pretende-se  dar  mais  um  passo  à  frente  com  o  'Novo  Parque  Ecológico'  e  uma  Urbanização  tendo-se  atingido,  no  entanto,  esse  pico  construtivo  há  muito  tempo  em  Oia.  Isto  só  tem  um  nome,  EXCESSO,  resultado  da  facilitação  de  uma  'Promoção  Urbana  Costeira'  dissimulada  mercê  de  leis  setoriais  primeiro  e  a  seguir  servindo-se  do  mais  descarado  comensalismo  para  expandir  o  novo  Oia  re-centralizado  que  nada  terá  a  ver  com  o  Arrabalde  tradicional.  Tudo  orbita  em  redor  desse  objectivo:  Falso  caminho  para  Santiago /  Ganho  de  clientelas  de  toda  ordem /  Imprensa  olívica  apoiante /  Conluios  com  a  Xunta /  Cumplicidade  com  a  neoliberal  LPCG  de  2017 /  Bipartidismo  a  jogar  o  seu  rol.




 Santa  Maria  de  Melón  está  incluída  na  'Lista  Vermelha  de  Hispania  Nostra'  desde  o  3  de  março  de  2020.  É  este  um  dado  irrefutável,  sendo  que  agora  o  executivo  camarário  socialista  de  Melón  pretende  erguer  lá  um  'Centro  Agrícola  Especializado'.  Com  este  "panorama  promissório"  e  450.000  €  do  'Ministério  de  Transporte,  Mobilidade  e  Agenda  Urbana'  julgam  resolvido  o  assunto,  retomando  a  paragem  de  quase  cinco  anos  no  restauro  do  cenóbio.  Em  2017  estavam  em  desacordo  a  empresa  adjudicatária  e  o  Ministério  por  causa  do  orçamento  final:  1,5  milhões  de  euros  para  realizar  uma  "reabilitação"  do  mosteiro  para  fins  hoteleiros,  segundo  projeto  acarinhado  pelo  anterior  executivo  local  do  PP.  É  um  decalco  de  San  Clodio,  em  Leiro.  Além  disso,  esta  empresa  adjudicatária  reclama  40.000  €  pelo  pagamento  efetuado  a  tempo  e  horas  do  'Imposto  sobre   Construções,  Instalações  e  Obras'  (ICIO).   Organizar-se-ão  da  parte  da  Câmara  de  Melón  as  consabidas  visitas-guiadas  logo  após  serem  limpos  do  mato  e  silvas  os  espaços  abertos  do  interior  do  mosteiro  e  alguns  caminhos.  Mas,  destinar  o  1%  cultural  à  consolidação  de  estrutura  (por  exemplo,  dotar  de  madeira  o  chão  de  um  dos  claustros  pode  resultar  estéril  e  contraproducente.  Seria  desejável  uma  pesquisa  arqueológica  prévia,  aliás,  extensível  a  todos  os  cenóbios  cistercienses).  Vem  à  memória  o  trabalho  de  Rebeca  Blanco  Rotea  acerca  de  este  mosteiro  e  o  decifrar  das  suas  fábricas.  Acréscimo  não  casa  bem  com  Reabilitação  e  esta  deve  ser  muito  bem  apurada  e  pausada,  dado  o  estado  lamentável  deste  mosteiro.  Os  claustros  do  lado  da  Epístola  (Regular  e  da  Hospedaria);  situação  da  Porta  de  Santa  Maria;  Vestíbulo  entre  Habitações  para  o  pão;  Canal  de  irrigação  (veja-se  'acequia')  e  muro  de  contenção  externo;  bela  estrutura  absidal  baseada  num  jogo  entre  3  absides  radiais  que  sobrepõem-se  a  mais  2  dispostos  no  sentido  da  nave; Átrio  do  mosteiro;  Contrafortes  vários;  Arcadas  de  suporte,  Sala  Capitular;  Locutório;  Sacristia;  Capela  do  Santo  Cristo;  Cavalariças;  Escadas  de  comunicação  entre  andares  inferior  ou   superior;  Arcaria  de  serviço;  Canto  chanfrado  num  dos  extremos  destes  claustros  de  orientação  sul-suloeste;  Refeitório;  Cozinha;  Vinagreira,  emfim  dependências  anexas,  perfazem  um  tímido  perfil  para  a  reabilitação  meditada  deste  conjunto  fundado  em  1142  por  monges  provenientes  de  Clairvaux.  Atenção  à  sua  hidraúlica!
  
(Continuará) 

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