PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(188ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Faremos alusão do Mosteiro de Santa Maria de Melón e da necessidade de uma moratória arqueológica indefinida, de um adiamento 'sine die' em todos os mosteiros cistercienses que estejam sob a lupa da Xunta de Galiza ou da 'A.CI.GAL'. É altura de interpor escritos ou implementar iniciativas que concretizem essa PARAGEM DE FUTURAS OBRAS carentes de uma apurada pesquisa de natureza estritamente arqueológica. Tememos que tal realidade é um facto, como também a prevalência de argumentos de todo o tipo, escapistas mesmo, que preteriram a premência de campanhas bem agendadas e organizadas, sendo condenadas à indiferença ou ao arquivamento. Urbanizar é isso mesmo, criar dependência doentia do factor urbano, sujeitar todo o resto à razão urbana, à especulação. Com erros do passado (favelização) pretende-se dar mais um passo à frente com o 'Novo Parque Ecológico' e uma Urbanização tendo-se atingido, no entanto, esse pico construtivo há muito tempo em Oia. Isto só tem um nome, EXCESSO, resultado da facilitação de uma 'Promoção Urbana Costeira' dissimulada mercê de leis setoriais primeiro e a seguir servindo-se do mais descarado comensalismo para expandir o novo Oia re-centralizado que nada terá a ver com o Arrabalde tradicional. Tudo orbita em redor desse objectivo: Falso caminho para Santiago / Ganho de clientelas de toda ordem / Imprensa olívica apoiante / Conluios com a Xunta / Cumplicidade com a neoliberal LPCG de 2017 / Bipartidismo a jogar o seu rol.
Santa Maria de Melón está incluída na 'Lista Vermelha de Hispania Nostra' desde o 3 de março de 2020. É este um dado irrefutável, sendo que agora o executivo camarário socialista de Melón pretende erguer lá um 'Centro Agrícola Especializado'. Com este "panorama promissório" e 450.000 € do 'Ministério de Transporte, Mobilidade e Agenda Urbana' julgam resolvido o assunto, retomando a paragem de quase cinco anos no restauro do cenóbio. Em 2017 estavam em desacordo a empresa adjudicatária e o Ministério por causa do orçamento final: 1,5 milhões de euros para realizar uma "reabilitação" do mosteiro para fins hoteleiros, segundo projeto acarinhado pelo anterior executivo local do PP. É um decalco de San Clodio, em Leiro. Além disso, esta empresa adjudicatária reclama 40.000 € pelo pagamento efetuado a tempo e horas do 'Imposto sobre Construções, Instalações e Obras' (ICIO). Organizar-se-ão da parte da Câmara de Melón as consabidas visitas-guiadas logo após serem limpos do mato e silvas os espaços abertos do interior do mosteiro e alguns caminhos. Mas, destinar o 1% cultural à consolidação de estrutura (por exemplo, dotar de madeira o chão de um dos claustros pode resultar estéril e contraproducente. Seria desejável uma pesquisa arqueológica prévia, aliás, extensível a todos os cenóbios cistercienses). Vem à memória o trabalho de Rebeca Blanco Rotea acerca de este mosteiro e o decifrar das suas fábricas. Acréscimo não casa bem com Reabilitação e esta deve ser muito bem apurada e pausada, dado o estado lamentável deste mosteiro. Os claustros do lado da Epístola (Regular e da Hospedaria); situação da Porta de Santa Maria; Vestíbulo entre Habitações para o pão; Canal de irrigação (veja-se 'acequia') e muro de contenção externo; bela estrutura absidal baseada num jogo entre 3 absides radiais que sobrepõem-se a mais 2 dispostos no sentido da nave; Átrio do mosteiro; Contrafortes vários; Arcadas de suporte, Sala Capitular; Locutório; Sacristia; Capela do Santo Cristo; Cavalariças; Escadas de comunicação entre andares inferior ou superior; Arcaria de serviço; Canto chanfrado num dos extremos destes claustros de orientação sul-suloeste; Refeitório; Cozinha; Vinagreira, emfim dependências anexas, perfazem um tímido perfil para a reabilitação meditada deste conjunto fundado em 1142 por monges provenientes de Clairvaux. Atenção à sua hidraúlica!
(Continuará)
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