PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(187ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Os conteúdos relativos à hidraúlica cisterciense são sobejamente incisivos na temática dos fundamentos, dos alicerces do edificado monástico. Por isso, 'Ana Patrícia R. Alho' (Investigadora Colaboradora do Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) faz este apontamento: 'A sede e a dependência da água implicaram que os cenóbios fundeiros estivessem debaixo a ameaça constante de inundações provocadas pelas torrentes do rio ou ribeiro próximos. Por isso, a generalidade dos complexos abaciais à borda-d'água respeita o leito das cheias ou ergue-se sobre um aterrado ou plataforma artificial que os protege desses alagamentos devastadores, além de dificultar as ocorrências de humidade ascensional nas construções. As medidas cautelares de TERRAPLENO, MODELAÇÃO, NIVELAMENTO E COMPACTAÇÃO da área crítica aluvial obrigaram ao projeto e à execução simultânea de várias infra-estruturas hidro técnicas e sanitárias específicas e complexas, adaptadas previamente à configuração do sítio e à implantação sobreposta e posterior dos diversos edifícios regulares.
Eram OBRAS PRÉVIAS AO LEVANTAMENTO DOS EDIFÍCIOS COMUNITÁRIOS, BEM COMO TRABALHOS E ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DA PAISAGEM RURAL. RESUMEM O DESENHO E HUMANIZAÇÃO DA PAISAGEM CIRCUNDANTE'. Lembremos que a preocupação por estas questões teve o seu reflexo no Congresso realizado em Alcobaça, nos dias 14 a 17 de junho de 2012, sob a direção de José Albuquerque Carreiras. Preocupação igualmente expressa a finais do século passado, na década dos noventa, nos colóquios de Royaumont, Arrábida e Regensburg. Estas considerações querem criar uma precedência acusatória, um postulado do 'SER DO CONTRA' para denunciar e estabelecer um contraditório atempado acerca das PRETENSÕES E FACILITAÇÕES MESQUINHAS E ACTOS ABUSIVOS DO INTERESSE PRIVADO ECONÓMICO - ESPECULATIVO, QUE APAGAM OU OCULTAM O SEU VALOR E SIGNIFICADO HISTÓRICO- PATRIMONIAL. Palavras de Jorge Virgolino Ferreira que denotam um claro aviso à navegação.
No último 'Informe de Sustentabilidade' da 'RMO' achamos que continuam na mesma, que pecam de unidirecionalidade, que provavelmente deixaram a pesquisa arqueológica 'na berma'. Para além disso, confundem propositadamente à opinião pública relativamente ao caminhos jacobeus (têm uma imprensa olívica ao seu serviço) e os diferentes resultados revelam um nítido interesse urbanizador. Já o disse claramente o senhor Alberto Barbosa (Associação dos Amigos do Caminho Santiago - AACS) e também o senhor Luis Pedro Martins (Turismo do Porto e Norte de Portugal - TPNP) acusando diversos atores envolvidos nesta trama, porque esta história toda, o caso em litigância, ferve em lume brando, promete eternizar-se sem fim à vista. 'Informe de Sustentabilidade' visa concretizar uma urbanização que, da sua vez, tira partido dos erguidos precedentes absorvendo-os. Dados ao seu favor, resultados, percentagens sublinham a tentativa de mercantilizar e banalizar tudo em redor. Previsível desprezo pela arqueologia reveladora poderá ser um dado assente. Cabe dizer que o terrapleno geral da superfície monástica responde em Oia a constantes poliorcéticas, para além de outras. Segundo a autora Ana Patrícia R. Alho 'A escolha e ocupação dum sítio cisterciense corresponde-se com a tríade fundamental do 'GENIUS LOCI CISTERCIENSE': ÁGUA, PEDRA E ISOLAMENTO.
(Continuará)
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