14 de set. de 2021

OIA

 PATRIMÓNIO

Considerações  paisagistas  em  Oia  

(166ª parte)

 

Valença, maqueta da Coroada no paiol de 'Mars'
  

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Na  temática  dos  caminhos  de  peregrinagem  está  presente,  bem  presente,  o  alegato  localista  e  bairrista  até.  Os  políticos  de  toda  cor  estão  coadunados  à  perfeição  com  um  termo  superlativo  a  que  chamamos  TURISTIFICAÇÃO,  designadamente  no  Baixo  Minho.  Isto  tem  a  sua  lógica,  mas  uma  lógica  ancorada  no  interesse  imediatista  e  na  rendabilidade  eleitoral.  'Camiño  Portugués  da  Costa'  é  uma  invenção  manifesta,  uma  variante  gerida  por  interesses  localistas  e  olívicos  em  simultâneo.  O  conluio  é  evidente,  não  sendo  necessário  um  raciocínio  mais  aprofundado.  Adeline  Rucquoi,  do  dito  'Comité  de  Expertos  do  Caminho  de  Santiago'  diz  que  há  uma  guerra  em  redor  da  verdadeira  rota  portuguesa.  Desrespeito  por  Portugal  está  na  origem  de  quase  tudo:  caminhada  por  A  Guarda,  Oia,  etc..  é  livre,  mas  esta  opção  não  será  caminho  português,  antes  bem  uma  variante  rejeitada  pela  'AACS'  de  Alberto  Barbosa.  Além  do  mais,  a  senhora  Rucquoi  escorrega,  como  fazendo-se  de  notada,  aquando  afirma  infelizmente  que  não  houve  pontes  de  passagem  medievais  nos  caminhos  lusos  para  Santiago.  Isto  será  desligitimar  toda  a  bibliografia  existente  sobre  o  assunto  no  país  vizinho.  De  facto,  Portugal  fornece  sustentação  histórica  aos  caminhos  todos,  sendo  o  país  mais  próximo  de  Compostela.    

 Continuando  com  o  nosso  percurso,  vamos  ressalvar  pormenores  vários  no  trajeto  (falarmos  de  um  previsível  posto  em  'Forcadela',  de  'Valagota  ou  São  Francisco'  para  defesa  de  Valença,  'Paços'  ou  'Vilar',  da  'bateria  de  San  Martiño'  do  lado  galego  e  destruída  por  causa  de  um  chalet,  da  ligação  de  'San  Luis  Gonzaga'  com  o  'Forte  de  Tuído',  joia  militar  barroca  de  oito  pontas  que  foi  tratado  com  exaustividade  pelo  'INFOGAUDA'.  Temos  mais  ainda,  o  terreiro  'Forte  da  Gingoleta'  em  Verdoejo,  ou  aquele  das  'Ínsuas',  custodiando  ambos  a  praça  de  Valença).  Do  'Caminho  português  pela  costa'  poderemos  salientar,  antes  de  mais  nada,  esse  'Forte  de  Tuído  ou  da  Gandra'  gerando  mais  respostas  militares  dos  lusos  e  criando  um  cenário  multifacetado  de  enorme  pedagogia  a  todos  os  níveis.  Deve  ser  reconhecido  o  trabalho  do  Major  Alberto  Magno  Pereira  de  Castro  em  redor  da  praça  valenciana  -  falecido  em  4  de  maio  deste  2021,  aos  80  anos  - .  Pereira  de  Castro  teve  um  día  de    luto  local,  sendo  sublinhada  a  sua  defesa  dos  caminhos  tradicionais  portugueses  para  Santiago.  Em  definitivo,  foi  honrado  como  merecia  esta  figura  local  ímpar.  'Caminho  Português  pela  Costa'  une-se  ao  'Caminho  Central  Português'  justamente  em  Valença  do  Minho,  isto  é  ponto  assente.  Apartir  deste  dado  podem  continuar  a  mentir  com  quantos  dentes  têm  na  boca  os  partidários  do  camiño  especulativo,  mas  a  verdade  vem  sempre  ao  de  cima.  As  práticas  e  provas  dadas  quanto  ao  "Camiño  Monacal"  oiense  (sic)  evidenciam  que,  com  efeito,  todos  os  roteiros  para  Santiago  são  monacais.  Ora  essa!   'RMO'  serve-se  de  trocadilhos  para  tentar  obviar  o  sentido  último  do  mosteiro  'a  beira  mar  plantado':  UMA  NECESSIDADE  MILITAR  COSTEIRA.  Vamos  por  isso  tentar  explicar  porque  é  que  o  'Programa  REVIVE'  e  atitude  da  'RMO'  têm  similitudes  palpáveis:  Esquece-se  constantemente  da  parte  dos  políticos  de  toda  laia  que  o  direito  de  uso  público  deve  prevalecer  sobre  os  interesses  privados  (Carta  de  Atenas  do  Restauro  de  1931).  É  eticamente  inadmissível  obrigar  os  monumentos  históricos  a  alterações  profundas,  que  destroem  elementos  materiais  autênticos  e  significantes  para  alcançar  os  níveis  de  desempenho  e  de  uso  desejáveis  pelos  utilizadores  das  confortabilíssimas  'pousadas'  (relativamente  à  Carta  de  Veneza  do   Retauro,  de  1964).   



 

 O  problema  de  raíz  está  no  livre  acesso  aos  monumentos,  coisa  que  não  se  regista  no  mosteiro  de  Oia,  de  todo.  Nem  nas  ditas  pousadas  "de  charme"  lusas.  'RMO'  utiliza  todo  o  tipo  de  desculpas  para  fazer  com  que  o  cidadão  pague  a  sua  visita.  Nesse  sentido  'RMO'  contravém  a  legislação  internacional   e  deve  ser  sabido  pelo  cidadão.  E  contravém  à  Ordem  do  Císter  quanto  a  valores  e  princípios.  E  anda  em  conluio  com  o  Feijoismo  e  tijoleiros.  Reparem  que  no  Reino  Unido  a  gestão  dos  privados  (English  Heritage)  e  precedida  do  interesse  público  e  o  acesso  de  todos;  isso  é  que  tem  dado  excelentes  resultados.  Em  paralelo,  seria  bom  que  o  Conselho  da  Cultura  Galega  (CCG)  tomasse  em  mãos  o  assunto  como  orgão  assessor  e  consultivo  dentro  da  discutível  LPCG  de  2016.

 Artigo precedente.

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