9 de set. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(165ª parte)   


Bateria de Lovelhe na atualidade
 

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia   

 Direito  à  visita  será  posto  em  causa  aquando  a  gestão  de  um  monumento  ou  bem  cultural  passa  aos  privados.  Falta  a  aprovação  camarária  e  o  parecer  da  DGPC  lusa.  Isto  significa  que  o  'Forte  da  Insua'  já  não  é  de  livre  visita  para  os  nacionais,  nem  para  ninguém  (em  Oia  paga-se  à  vista  - em  castelhano  'a  tocateja' -,  quer  queiras,  quer  não  queiras;  é  uma  modalidade  bem  sibilina  de  cofinanciar  visitas  e  espectáculos  da  gente  da  ribalta  olívica).  Realmente  acontece  uma  coisa  caricata:  uma  consignatária  a  fazer  uma  caminhada  do  avesso,  com  escolha  propositada  de  público-alvo  de  casais  novos  com  crianças,  tendo  por  finalidade  concretizar  um  abuso  urbano  e  anti-paisagem.  É  tão  simples  quanto  isso,  daí  servirem-se  dos  truques  mais  variados  e  de  passos  bem  medidos  no  que  toca  a  marketing.  Entre  A  Guarda  e  Oia  criaram-se  condições  especulativas  únicas  nos  últimos  quinze  anos  que  afetaram  (e  afetarão)  à  paisagem:  'PICOVI- ALDOVAL'  primeiramente  ao  pé  da  fortaleza  de  Santa  Cruz,  bem  como  'VASCO- GALLEGA  DE  CONSIGNACIONES'  no  mosteiro-fortaleza  de  Oia.  Estes  são  dados  irrefutáveis  e  nessa  caçarolada  toda  andaram  envolvidos  os  dois  partidos  medulares  de  sempre.  Turistificação  maciça  tem  nomes  próprios  e  de  vulto  no  Baixo  Minho. 



   

 Como  dissemos,  entrada  ao  Minho  contém  presságios  preocupantes  relativamente  a  'Ínsua'  e  ao  'Forte  Novo'  de  Goián  (regime  de  visitas  posto  em  causa,  no  primeiro;  antropização  transbordada,  no  segundo).  Caminha  e  restos  perimetrais  dos  dois  grandes  corpos  murados  contém  igualmente  outros  monumentos  acastelados  sobejamente  referenciados.  Lá  sedia-se  um  albergue  de  peregrinos  próximo  da  'AACS'  (Associação  de  Amigos  do  Caminho  Santiago),  estando  fechado  no  momento  presente.  Seguindo  pelo  verdadeiro  'Caminho  Português  da  Costa',  poderiamos  reparar  na  'Bateria  da  Madalena'  do  lado  galego,  que  vigiava  movimentações  fluviais  no  curso  e  na  Ilha  Boega.  Logo,  logo  são  visíveis  as  manifestações  do  sistema  goianês-cerveirense  ('Forte  Novo'  de  1671;  'Forte  das  Chagas'  em  'tranchée'  com  o  'Forte  da  Conceição',  vigiados  de  perto  pelo  'Forte  dos  Medos'  mais  ao  norte    -  incursão  seguinte  às  escaramuças  operadas  em  Salvaterra,  Monção  e  Extremo,  cuja  crónica  aparece  no  'Mercúrio  Portuguez',  que  saiu  do  prelo  justamente  no  ano  de  1663,  faltando  novas,  talvez,  sobre  Bragandelo  e  Pereira  - .  Fortes  em  Extremo  suscitam  outros  interrogantes  dado  faltar  ainda  mais  pesquisa  no  terreno,  nomeadamente  em  Pereira   onde  em  nada  ajudou  converter  em  campo  de  jogos  um  forte  no  ano  de  1985).  Assim  sendo,  Extremo  continua  a  ser  algo  inconcluso  se  nos  cingirmos  a  planos  ou  cartografia  militar  da  época,  dado  não  encontrarmos  ainda  alguma  referência  na  Biblioteca  Nacional  de  Portugal  ou  em  arquivos  privados  de   difícil  acesso.  'Caminho  português  da  Costa'  vem  ponteado  por  numerosas  manifestações  poliorcéticas:  em  Cerveira,  uma  cerca  moderna  que  englobava  'Castelo  de  Dom  Dinis',  circundando  o  resto  da  vila  -  INFOGAUDA  publicou  a  recomposição  desta  cerca  -  complementado  com  o  'Forte  de  Azevedo',  de  remota  e  basilar  similitude  com  'San  Ferrán  de  Figueres'  em  Girona,  muito  embora  não  o  pareça,  e  finalmente  a  'Atalaia  de  Lovelhe'  (este  posto  baterístico  tinha  muita  semelhança  com  o  da  Guarda,  tirando  o  arco  apontado  e  o  sistema  amatacanado,  sendo  justo  indiciar  esse  crime  patrimonial  inaceitável  no  porto  guardense  que  lembrarão  os  mais  velhos.  Para  além  disso,  salientar  o  estudo  das  patologias  atuais  na  atalaia  cerveirense,  a  divergência  relativa  a  um  centro  de  acolhimento  sobredimensionado  e  a  necessidade  de  decepar  com  RIGOR  a  faia  alí  existente.  'Atalaia  da  Mata',  do  'Alto  do  Lourido'  ou  'do  Espirito  Santo'  precisa  de  espaço  e  harmonia.    

 Esta  relação  de  acastelamentos,  em  torrão  ou  mota  terraplanada,  prossegue  partindo  para  Valença  apartir  do  'Forte  de  San  Luis  Gonzaga',  em  São  Pedro  da  Torre,  avançada  castelhana  na  margem  portuguesa  desde  o  'Capote  Vermelho'  ou  'Forte  de  Amorín'  do  lado  galego.  Célere  foi  o  agir  luso  perante  essa  cabeça  de  ponte:  'Forte  de  Campos',  a  2,05  qmt.; 'Atalaia  da  Ribeirinha  de  Campos',  a  2,56  qmt.;  'Fortim  de  Chã  de  Campos',  a  2,40  qmt.;  'São  Jorge  da  Silva', a  2,60  qmt.;  'Belem',  a  1,97  qmt.,  tais  erão  os  postos  de  campanha  emprazados  e  as  distâncias  deste  forte  de  1657,  com  34.000  m2  quadrados  e  uns  765  metros  de  perímetro.  A  planície  valenciana  fervia  mesmo.  

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