PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(165ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Direito à visita será posto em causa aquando a gestão de um monumento ou bem cultural passa aos privados. Falta a aprovação camarária e o parecer da DGPC lusa. Isto significa que o 'Forte da Insua' já não é de livre visita para os nacionais, nem para ninguém (em Oia paga-se à vista - em castelhano 'a tocateja' -, quer queiras, quer não queiras; é uma modalidade bem sibilina de cofinanciar visitas e espectáculos da gente da ribalta olívica). Realmente acontece uma coisa caricata: uma consignatária a fazer uma caminhada do avesso, com escolha propositada de público-alvo de casais novos com crianças, tendo por finalidade concretizar um abuso urbano e anti-paisagem. É tão simples quanto isso, daí servirem-se dos truques mais variados e de passos bem medidos no que toca a marketing. Entre A Guarda e Oia criaram-se condições especulativas únicas nos últimos quinze anos que afetaram (e afetarão) à paisagem: 'PICOVI- ALDOVAL' primeiramente ao pé da fortaleza de Santa Cruz, bem como 'VASCO- GALLEGA DE CONSIGNACIONES' no mosteiro-fortaleza de Oia. Estes são dados irrefutáveis e nessa caçarolada toda andaram envolvidos os dois partidos medulares de sempre. Turistificação maciça tem nomes próprios e de vulto no Baixo Minho.
Como dissemos, entrada ao Minho contém presságios preocupantes relativamente a 'Ínsua' e ao 'Forte Novo' de Goián (regime de visitas posto em causa, no primeiro; antropização transbordada, no segundo). Caminha e restos perimetrais dos dois grandes corpos murados contém igualmente outros monumentos acastelados sobejamente referenciados. Lá sedia-se um albergue de peregrinos próximo da 'AACS' (Associação de Amigos do Caminho Santiago), estando fechado no momento presente. Seguindo pelo verdadeiro 'Caminho Português da Costa', poderiamos reparar na 'Bateria da Madalena' do lado galego, que vigiava movimentações fluviais no curso e na Ilha Boega. Logo, logo são visíveis as manifestações do sistema goianês-cerveirense ('Forte Novo' de 1671; 'Forte das Chagas' em 'tranchée' com o 'Forte da Conceição', vigiados de perto pelo 'Forte dos Medos' mais ao norte - incursão seguinte às escaramuças operadas em Salvaterra, Monção e Extremo, cuja crónica aparece no 'Mercúrio Portuguez', que saiu do prelo justamente no ano de 1663, faltando novas, talvez, sobre Bragandelo e Pereira - . Fortes em Extremo suscitam outros interrogantes dado faltar ainda mais pesquisa no terreno, nomeadamente em Pereira onde em nada ajudou converter em campo de jogos um forte no ano de 1985). Assim sendo, Extremo continua a ser algo inconcluso se nos cingirmos a planos ou cartografia militar da época, dado não encontrarmos ainda alguma referência na Biblioteca Nacional de Portugal ou em arquivos privados de difícil acesso. 'Caminho português da Costa' vem ponteado por numerosas manifestações poliorcéticas: em Cerveira, uma cerca moderna que englobava 'Castelo de Dom Dinis', circundando o resto da vila - INFOGAUDA publicou a recomposição desta cerca - complementado com o 'Forte de Azevedo', de remota e basilar similitude com 'San Ferrán de Figueres' em Girona, muito embora não o pareça, e finalmente a 'Atalaia de Lovelhe' (este posto baterístico tinha muita semelhança com o da Guarda, tirando o arco apontado e o sistema amatacanado, sendo justo indiciar esse crime patrimonial inaceitável no porto guardense que lembrarão os mais velhos. Para além disso, salientar o estudo das patologias atuais na atalaia cerveirense, a divergência relativa a um centro de acolhimento sobredimensionado e a necessidade de decepar com RIGOR a faia alí existente. 'Atalaia da Mata', do 'Alto do Lourido' ou 'do Espirito Santo' precisa de espaço e harmonia.
Esta relação de acastelamentos, em torrão ou mota terraplanada, prossegue partindo para Valença apartir do 'Forte de San Luis Gonzaga', em São Pedro da Torre, avançada castelhana na margem portuguesa desde o 'Capote Vermelho' ou 'Forte de Amorín' do lado galego. Célere foi o agir luso perante essa cabeça de ponte: 'Forte de Campos', a 2,05 qmt.; 'Atalaia da Ribeirinha de Campos', a 2,56 qmt.; 'Fortim de Chã de Campos', a 2,40 qmt.; 'São Jorge da Silva', a 2,60 qmt.; 'Belem', a 1,97 qmt., tais erão os postos de campanha emprazados e as distâncias deste forte de 1657, com 34.000 m2 quadrados e uns 765 metros de perímetro. A planície valenciana fervia mesmo.
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