19 de out. de 2020

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(114ª parte)

 


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Há em Oia qualquer coisa que não bate certo. Cómo é que se admite a escala-padrão das chamadas "vilas turísticas" no plano urbanizador da zona da Riña? Já calcularam o futuro choque visual subsequente à comparativa entre o próprio templo e uma dessas "vilas"? Na realidade, isto será extensível ao aparato monástico todo, numa "jinga-joga" incompreensível que brinca com uma mínima análise de proporções, do terreno e das elevações. Quere-se a tudo custo filtrar um polígono futuro com todas as suas contradições; querem-se encastrar vinte unidades edificadas (prédios) sob o pretexto de uma mais que duvidosa "integração paisagista" (uma integração sustentada numa enorme extensão, que serve-lhes de álibi para "escoar" o produto). Quais serão as larguras de cada uma dessas unidades? São esses 10,5 metros de altura homologáveis às diferentes  cotas  altimétricas ? E os cantos, os perfís? Qual a relação entre largura e altura? Exibindo a necessária harmonia entre opostos, é obvio que não se coaduna o futuro polígono urbano com a sua envolvente oposta ao Suleste. Mostrem aos oienses uns alçados  reais da empreitada; façam uma maquetação realista do futuro emplastro. Cómo é que se fazem os aprumos nesses hologramas enganosos? Dez metros e meio por bosta desempenada constituirá um excesso inegável. Houve uma atempada e rigorosa observação do impacto face o Arrabalde, um histórico previdente à margem da estimação da Xunta? Será que os perfís "matizados" desses prédios futuros passarão a prova do algodão da enormidade construtiva deste empreendimento turistificador? Não havia um consenso geral entre arquitetos sobre a desnecessidade de promoções urbanas costeiras? Oia precisa de uma reflexão prévia a toda esta matreirice impulsada pelos empresários de Vigo. "RMO" introduziu um discurso do desassossego desde que apareceu em Oia que também polui a paisagem. Nessa POLUIÇÃO toda estão comprometidas, aliás, Serra da Groba ou Serra de Arga, garantidamente.     

 Conferir impactos paisagistas passa pela visualização apurada das envolventes. Modeliza-se a través dos Modelos Digitais do Terreno (MDT), ou solo nú (altimetria e batimetria). Unem-se esse outro Modelo Digital de Superfícies (MDS), ou alturas dos elementos do terreno (vegetação, edifícios ou infraestruturas), findando no Modelo Digital de Elevações (MDE). Os MDT e os Pontos de Observação darão conta de qualquer estrago de ordem paisagista. Em Oia há razões para supor que haverá impacto conferível; problema disto tudo será a focalização que aplique o Conselho Assessor da Paisagem (visto que se trata de uma entidade hierárquica) e visto que na LPCG de 2016 fica desnaturalizado, propositadamente, o dever de denúncia ou o rol das ditas partes interessadas num expediente. Convirá fazer um resumo das bacias visuais em redor do mosteiro e nas redondezas. Ao nosso entender, HÁ IMPACTO VISUAL e deve desestimarse o projeto urbanizador. 

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