23 de abr. de 2020

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia
(91ª parte) 

Santa María de Rioseco
Postal do Google Earth


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia   

 Referiamos anteriormente uma situação de DISJUNTIVA de Oia relativamente aos seus socios espanhóis da Carta Europeia, mas também de uma outra disjuntiva em relação a outros membros de "ACIGAL". Cómo é que podem ser abrangidos nessa Carta Europeia projetos tão díspares e encontrados? Existe por acaso alguma similitude entre o plano turistificador do mosteiro de Oia e esse outro de recuperação física basilar de Santa María de Rioseco, em Burgos? Ambos pertencem à Carta do Císter, mas afiguram-se como exemplos incompatíveis quer a nível de gestão, quer na finalidade e propósito últimos. É obvio que a INTROSPETIVA OIENSE tem várias leituras, decorrentes de interpretações também várias (estariamos perante uma legislação torticeira, redigida ao calor de uma oportunidade designadamente política e eleitoral). Introspetiva que converteu o património cultural num mero desiderato, longe de concreções tangíveis. Os sintomas estão aí e não podem ser obviados. Duplo gume de uma LPCG desnaturada  (Lei do Património Cultural de Galiza) constitui a melhor prova disso.

    

 A badalada "Cistercium Experientia", ou as outras cinco postagens inseridas no elenco da "Charte Européenne des Abbayes et sites cisterciens", pouco ou nada têm a ver com os méritos acopiados pelo coletivo "Salvemos Rioseco"; trata-se de um outro estilo e outra maneira de fazer as coisas. Em Santa Maria de Rioseco (Burgos) prevaleceu o voluntariado e o projeto de micromecenato ou financiação coletiva (crowdfunding), são muita gente anónima, entidades e associações, paróquias e aldeias do Vale de Manzanedo e das Merindades a trabalharem em troca de nada. Os primeiros passos deram-se em 2008 com trabalhos  de limpeza, desentulho e alvenaria para logo, em 2010, deforestar o mosteiro. Aos poucos e poucos chegaram os projetos: pequenas obras de consolidação, ajudas dos meios de comunicação social, projeto de inovação educativa do IES "Merindades de Castilla", aportação dos professores, palestras, apresentação do livro-guia, exposições de fotografia e pintura. Já em 2012 recuperou-se o claustro, reconstruiu-se a sala capitular ou parte das escadas do acesso à igreja, tal como a cilla e a abóbada, arranjando-se novas estruturas em madeira e telha árabe. Houve mais implementações nos anos seguintes de molde a dotar ao conjunto de uma dignidade ganha com esforço e apenas sem "padrinhos". Dessa maneira, foram desbravadas as delimitações da igreja, sala capitular, claustro dos monges e cilla adjacente  (com abóbada de terceletes). O projeto de micromecenato "Todos a una" foi auspiciado pela associação "Hispania Nostra" e o seu grau de proteção atual resume-se assim: Incoação de BIC no "Bocyl" (Boletín  oficial de Castilla y León) de 11 de junho de 2017/Janeiro de 2019: BIC com categoria de MONUMENTO e, aliás, ENVOLVENTE DE PROTEÇÃO (atenção, senhores da "RMO" de Oia e os seus amigalhaços da Xunta) / Passagem à Lista Verde de Património no dia 24 de outubro de 2018.     

 Assim sendo, Santa Maria de Rioseco mudou para bem e saiu do anonimato. Esta iniciativa social e popular virou referência e revulsivo fundamental para afirmar um  outro conceito de gestão do património cultural. Anuncia-se essa outra maneira de fazer as coisas, querendo-se autêntica coordinadora das atividades realizadas e a realizar face as administrações públicas, entidades privadas e amigos do coração deste mosteiro. Rioseco era para muitos um impossível, um "sonhar acordado", mas fizeram dessa imponente ruina  um verdadeiro assento patrimonial, passando a ser exemplo para todos os possibilistas e conformados. De sublinhar, a citação que fez Movemento-Oia deste mosteiro nos passados processos eleitorais de abril e maio de 2019.

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