15 de abr. de 2020

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia
(90ª parte) 




ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia 

 Actas da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da "Charte européenne des Abbayes et sites Cisterciens", redigidas no Mosteiro de Piedra (Zaragoza) com data de 14 de abril de 2018, revelam uma série de questões relativas à ACIGAL e à "RMO" que não deviam ser esquecidas. Aderência à Carta Europeia Cisterciense dera-se no ano de 2010, constituição da ACIGAL no 2015. Isto pode parecer irrelevante num primeiro olhar, mas já podemos testemunhar esse caminho "próprio e particular" de pessoas que, eventualmente, estão a repetir pressumíveis inércias nas suas redações e comportamentos estatutários (um exemplo) ou na sua relação com outros mosteiros de âmbito espanhol. Será então condizente tal aposta de liderança, feita pela ACIGAL, com a situação real não só do Císter europeu mas também dos cenóbios hispánicos? Este interrogante vem mesmo a calhar, indo ao encontro das Actas do Mosteiro de Piedra (Zaragoza)  que ficam sintetizadas nestes termos: RESOLUÇÃO MEDIADORA, REFORMA ESTATUTÁRIA Y DESCENTRALIZAÇÃO da dita Carta do Císter. Pano de fundo poderia ter sido a ressiliência do chamado "Conseil des Sages", dos sábios, a determinadas mudanças conferíveis no chamado Bureau e no Conselho de Administração, ao ponto de provocar uma crise certa nesta organização europeia do Císter, que já teve episódios sublinháveis com a demissão não consumada de François Launay, presidente da Carta, ou a ameaça de retirada dos mosteiros alemães ou bretões desta organização. Trata-se de uma CRISE PROFUNDA, resolvida transitoriamente e adiada "sine die", logo do advento do Coronavirus e da suspensâo da Assembleia Geral em Altenberg (Alemanha) neste ano de 2020. 
   




 Fazer alusão a estas incidências TEM TODO O SENTIDO aquando na Carta continental encontram cabimento, por exemplo, mosteiros como Santa María de Rioseco (Burgos), do qual faremos referência, ou, pelo contrário, permanecem ausentes joias arquitetónicas cistercienses como San Martiño de Castañeda, Moreruela, Las Huelgas, Santes Creus, Iranzu ou San Pedro de Cardeña; servindo-nos  portanto desses casos, mas existindo de facto muitos outros. Isto quer dizer só uma coisa, ACIGAL (patenteada desde ateliês vigueses e sediada na Cañiza, Pontevedra) teve uma presença quase que testemunhal em Piedra (Zaragoza) naquela Assembleia Geral Extraordinária, sendo que muito provavelmente não soubesse "da missa a metade" do problema que lá se dirimia. Dispondo da mesma consideração que outros tantos mosteiros, esteve presente, sim senhor, mas fazendo de conta de que estava a "liderar algo" na suposta escasseza patrimonial cisterciense. ACIGAL (por outras palavras, "Vasco-Gallega de Consignaciones", "Kaleido" ou "RMO", tanto têm) está a protelar um verdadeiro discurso coerente do Císter espanhol. Ressalvando, no entanto, que dispõe com efeito de um Comité Científico de apoio, mas de uns Estatutos convencionais que pouco ajudam a separar o trigo do joio  na questão oiense, é de realçar assim mesmo a nula vontade existente no seu seio de fazer uma abordagem séria e apurada da problemática paisajista na envolvente toda do mosteiro de Oia. Isto não suporá exagero nenhum, mais se cabe quando históricamente (baste esta simples  alusão) os cenóbios galegos ficaram tributários da Congregação de Castela nos seus momentos melhores, na sua recuperação a todos os níveis. Saiba-se de vez que o roteiro monacal galego é última escala, destino e comunhão, não uma parte qualquer segmentada. Dando uma vista de olhos à composição dos nossos membros na Carta europeia reparamos obviamente na ausência avultada de sites próprios, figurando apenas os de Huerta, Valldigna, Rioseco, Piedra e Poblet, para além dos galaicos. Faltam outros de renome e necessária referência no cenário peninsular.    

 AGRUPAMENTOS TERRITORIAIS DE CONVENIÊNCIA junto de PRINCÍPIOS DE NÃO INGERÊNCIA nos "affaires" de cada site monacal, da parte do Bureau e do Conselho de Administração da Charte Européenne, POSSIBILITAM CONTRASTES MARCANTES RELATIVOS AS BOAS PRÁTICAS PATRIMONIAIS. Um dos exemplos internos, conferível, seria o tandem Oia/Rioseco. Neste mosteiro próximo de Villarcayo (Burgos) NÃO ACREDITARAM NA LADAINHA PROMISSÓRIA DOS NOVOS DONOS DO DISCURSO PATRIMONIAL, visto que, entregues a sí próprios, pusseram-se mãos à obra, conscientes de que nada lhes seria dado. Contudo, e de extrema importância aliás, será bem pertinente ESTABELECER DUAS DISJUNTIVAS: UMA, DE OIA RELATIVAMENTE AOS SEUS SOCIOS ESPANHÓIS DA "CARTA EUROPEIA" e DOIS, DE OIA NO QUE DIZ RESPEITO AOS OUTROS MEMBROS DA PRÓPRIA "ACIGAL". Nas escolhas do Tesoureiro da "ACIGAL" tem havido um evidente curtoprazismo. Talvez essa matização sirva de contraponto para aquilo que queremos salientar a tudo custo; ou se calhar a prova dada de que a crise continua instalada na Carta Europeia. Reparemos na chamada Carta  de Valores desta. No seu Artigo 1, sobre o Compromisso de preservar e manter o património cisterciense material e inmaterial, diz: "(...) As suas ações contribuem para a salvaguarda do património histórico edificado E DO SEU ESPAÇO, INDEPENDENTEMENTE DO SEU ESTADO". Isto é mesmo "preto no branco", deitando por terra os planos invasivos da "RMO" no mosteiro de Oia. Para além disso, Espírito do Lugar (Artigo 3 da dita Carta de Valores) fica designadamente alterado muito em primeiro lugar com os acréscimos conferidos no fecho do Pátio dos Laranjais (3.200 m2).   

 Artigo precedente.

Ningún comentario:

Publicar un comentario