PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(63ª parte)
(63ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Christian Norberg-Schulz, arquiteto norueguês, tracejou, teceu as características fundamentais do pensamento relativo aos lugares, aos sítios, aos campos ou envolventes culturais, para assim poder interpretar á fenomenología inerente a eles. Provavelmente este homem, finado no ano 2.000, foi quem mais se achegou ao pensamento heidegeriano nas questões fulcrais tocantes à valência cultural das artes, do erguido, dum monumento qualquer e a sua envolvente. Seguinte documento é aplicável a uma pluralidade de situações e culturas, são valores comumente aceites:
"Para satisfazer o seu sentido de orientação, o homem precisa de se situar no espaço. Para estar num lugar ou para se mover de um lugar para outro necessitamos de ter referências:
1ª) São o Céu e a Terra, é a oposição entre eles, que nos dão o sentido primitivo de estar no mundo. Alto e baixos, vertical e horizontal, luz e escuridão, são sequências fundamentais para a arquitetura-experiências básicas com o lugar.
2ª) Importância do movimento (geometria) do sol para o sentido de orientação. Este revela as direções cardeais nos lugares e a relação entre eles. "Orientação" tem origem na palavra `oriente` - o lugar onde nasce o sol, que é referência para o espaço e o tempo.
3ª) Figura mítica do número 7: as quatro direções cardeais, o seu centro de interseção (onde estou) e o eixo vertical-topo superior ou inferior.
4ª) Tempo definido pelas estações do ano que controlam o ritmo da nossa vida.
5ª) Alternância dia e noite, o nosso ritmo mais imediato-diferentes experiências espaciais na arquitetura.
6ª) Passado e presente - a estratificação do tempo torna visíveis as transformações culturais. O inexplicável passado-memória latente.
7ª) Vales e montanhas, planaltos e cumes-topografia- escalas de profundidade que estruturam o nosso sentido de orientação.
8ª) Dualidade: centro e periferia.
9ª) Interior e exterior - duas noções opostas que definem, provavelmente, as maiores diferenciações fundamentais entre lugares.
Estes temas são arquétipos, praticamente todas as culturas se referem a eles para se orientarem no espaço e no tempo".
Estes supostos basilares vêm como luva a mão no caso oiense. Mosteiro, templo, acrópole representam no espaço uma centralidade. No caso dos cenóbios ficam denegridos os percursos próprios, as entradas, saidas, sentidos, funções por causa de novas aderências espaciais, fincadas no meio desse campo cultural, dessa paisagem primigénia. Morfologias a fazerem de pontes advêm autênticos grampos que condenam ao mosteiro de Oia a um casamento não desejado com a nova urbanização. A dita centralidade não admite corpos arquitetónicos de nova fatura, mas sim espacialidades que só referendam o sentido total da distribuição dos mosteiros. ASSIM QUE SEJA APROVADO QUALQUER P.X.O.M. FAVORÁVEL AO PLANO URBANIZADOR APRESENTAREMOS QUEIXA NA DIREÇÃO GERAL DO PATRIMÓNIO CULTURAL.
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