8 de nov. de 2019

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 
(62ª parte)    




ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
    
 Nesse "cada um faz o que bem quer", atores locais envolvidos num autêntico jogo da demonstração concretizaram desejos de participação, num ainda estranho cenário de UNILATERALIDADE. Animações, eventos vários, "6×6 ponto de encontro O Arrabal, historias non contadas", decorrentes da parceria entre Concelho de Oia e programa "O teu Xacobeo", deram fôlego a uma participação popular valida que não pode ser instrumentalizada de jeito nenhum. Permanece, porém, a questão da paisagem e da conservação dessa paisagem, não como problema presente mas sim futuro. Não há lugar para as mixórdias ou água-pés urbanísticos de nova planta; compósitos tijoleiros constituem séria ameaça da turistificação desregrada e contencioso que se lhes furta aos oienses. UNILATERALIDADE SE FAZ SENTIR. Muito provavelmente, utiliza-se o património como álibi para  outras coisas. Na França, é o Prefeito quem dá curso aos processos de verdadeira participação pública naqueles âmbitos passíveis de serem classificados como de interesse paisagista. No país vizinho existe uma normativa abastada que não dá vantagem nem desconto às interpretações torticeiras dos ditos empreendedores. Não podemos permitir esse "nihil obstat" concedido à "RMO" seja qual for a razão. Não podemos dar a bem-vinda a projetos anti-paisagem. SAIBA-SE DE VEZ, TURISMO NÃO É ACIDENTE. Até a desculpa esfarrapada do Lavandeira serve-lhes para criar um manto vegetal artificial, piroso, próprio de bairro periurbano acima de uma precedência valiosíssima onde tudo de bom patenteia-se. Recomendamos, aliás, endereçar queixas particulares no intuito de serem avaliadas quer pela Direção Geral do Património Cultural, quer pela Valedora do Pobo (cuja atitude tem mudado), quer pelos partidos e colectivos comprometidoscom um Mosteiro de Oia expropriado.     

 "Kaleido", "RMO", não brincam em  serviço, pretendem concretizar a curto prazo uma urbanização a modo de verdadeira VILEGIATURA de pessoas com posses económicas. Por vilegiatura entende-se temporada de recreio,  repouso, férias fora dos centros urbanos na costa, no rural ou nos balneários. Este termo condizia bem com o lazer nas antigas quintas rurais, onde porém existia um rigor paisagista louvável e uma ordenação dos espaços garantida. Em Oia acontece algo caricato: esquema pretensamente "patrimonial" serve de filtro para as verdadeiras intenções destes ditos empreendedores. Decorrente disso, novos residentes,  constantes ou não constantes, gozarão de um estatuto que nem os vizinhos têm. Estes últimos trabalharam passivamente, inutilmente a prol de uma futura urbanização que nada lhes dirá. População receitora pouco ou nada terá a ver com os residentes deste novo colonato. É este un dos grandes debates suscitados pelo turismo intrusivo, pelo urbanismo que não tem em conta nem a paisagem nem as construções precedentes. " RMO" fala de participação pública em termos latos, genéricos, como se de massa populacional amorfa se tratasse; na França, pelo contrário, prima a impressão particular à hora de exercer o contraditório. Tal como em outros países que respeitam e aplicam Convênio Europeu da Paisagem. "RMO" QUERE UNANIMIDADES E BLOCO DE ADERENTES DADO NÃO ESTAR NA SUA AGENDA QUALQUER SUPOSTO PAISAGISTA. A SUA PARTICULAR METODOLOGIA FICA RAIANA DOS TRUQUES MAIS SIMPLÓRIOS. Além disso,  binómio visitantes/receitores, com os seus pros e contras, vai gerar inevitavelmente novas contradições de que a população oiense não é precisada. Textos de Amílcar Gil Pires a falar das projeções e lugares paisagistas esclarecem notavelmente aos duvidosos; tal como obras primas de Francisco Caldeira Cabral, por exemplo, nos seus "Fundamentos da Arquitetura Paisagista" onde expõe a impossibilidade de aplicar soluções urbanas expressas em ambiente rural. 

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