11 de set. de 2019

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  
(47ª parte) 


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
   
 Oia como espaço poliorcético pode abanar sobejamente a sua condição de âmbito militar. As suas bocas de fogo, o alcance desses tiros, a bocana costeira para a concretização duma defesa definem e qualificam tal espaço. Da mesma maneira, uma enorme base térrea, o talude, ergue e fundamenta tudo facilitando a compreensão de ortogonalidades e altitudes. Talude militar justifica quase tudo neste cenóbio, ao ponto de dar-lhe carta de natureza. Contrapicagens e alçados fornecem informação sobre a trascendência deste autêntico baluarte. As truculentas visitas pagas omitem esse passadiço que acede às seteiras ou "embrasures", deformando de alguma maneira a componente poliorcética deste mosteiro-quartel.   



  Por outra banda, as medidas lineares do recinto indicam-nos algumas coisas: esses aproximados 384 metros perimetralizados, ou 8.324 m2, ACOLHEM QUADRÂNGULOS QUE SE CONTRAPÕEM AO VAZÍO IMEDIATO. Alçados monacais criam COMPLEMENTARIEDADES visto que os sólidos afirmam-se nas envolventes naturais imediatas. Estética externa compreende não só as franjas mais próximas do mosteiro (Zonas de Proteção e Amortecimento) senão as projeções paisagistas seguintes. Eis a chave de toda a problemática em redor de Oia. Drones poderiam eventualmente falar com toda clareza deste pormenor. RELAÇÃO INTERDEPENDENTE DO MOSTEIRO COM OS ARREDORES PÕE EM CAUSA UM PROJETO QUE NÃO TEM PONTA POR ONDE SE LHE PEGUE. Horizontalidades e verticalidades não podem ser afetadas ou interferidas por aderências, por estruturas translúcidas, dado que isso desaconselha-se em quaisquer normativas patrimoniais e paisagistas. Para além do mais, Xunta galega nunca entrou na questão de estabelecer uma "ZONA NON AEDIFICANDI" nos primeiros cem metros, FICANDO CIRCUNSCRITO E PROTEGIDO O MOSTEIRO. Ou dito de outra forma, poucas vezes se invocou o rigor dessas Zonas de Proteção e Amortecimento que, ao todo, perfazem muito mais do que esses cem metros  sugeridos.     

 MOSTEIRO TEM UMA CONTRACENAÇÃO ESTÉTICA COM A SUA ENVOLVENTE; ALIÁS, PRECISA DESSE BINÓMIO MESMO DO PONTO DE VISTA ESTÉTICO (vermelho dos telhados, cinzento dos alçados e volumes, bem como verde do solo natural; qualidades sempre aceites na paisagem tradicional). Construções próximas, de recheio, correspondentes a terrenos COMPRADOS AO DESBARATO  (tal é a impressão de muitos oienses, diga-se de passagem) banalizarão a autenticidade do SÍTIO (pois estamos a falar mesmo  disso) criando ainda por cima um EFEITO FUNIL E CONSTRANGEDOR QUE AFETARÁ AO NÚCLEO CENOBIAL, AOS PRÓPRIOS ALÇADOS, À FACHADA OU À TORRE SINEIRA. "Kaleidos" pretende construir desnecessariamente uma outra paisagem que não é aquí chamada. Saibam os oienses  que HISPANIA NOSTRA reafirmou-se nos seus postulados, que a LISTA VERMELHA teve a sua razão de ser e que os "técnicos" privados foram oportunamente contestados. O seu passo à LISTA VERDE somente resolve um assunto parcial, esquecendo um dos problemas fulcrais futuros: DETURPAMENTO EM DEFINITIVO DA PAISAGEM TRADICIONAL OIENSE SEM VOLTA ATRÁS. Vamos unir forças, todos, contra este grande disparate!

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