PATRIMÓNIO
A vida contemplativa nos mosteiros é ainda uma realidade
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
“declausura.org” é um site que diz muita coisa num mundo pagão, consumista e vazío. A Fundação Familia Humanitate, criada em 2006, acolhe o projeto “DE CLAUSURA” através de pessoas independentes que apoiam com doações quem quiser optar pela vida contemplativa, pela austeridade, pelo oxigénio espiritual. Carmelitas Descalças, Clarisas Capuchinas, Cistercienses Trapenses, Mercedarios Descalços, Beneditinos, Trinitários, Salesas, etc. elencam a componente de homens e mulheres entregues ao retiro, à vida afastada. Entidades públicas e privadas fazem sustentável tal propósito, mantendo intacta a natureza monacal de cada local.
Por exemplo, em Santa María de Sobrado (Sobrado dos Monxes, A Coruña) deparamo-nos com um Mosteiro cisterciense de monjes Trapenses que mantém en estado razoável o seu quadro monástico, dispondo de um frontal e duas torres espectaculares. Na abadía do Divino Salvador, Cistercienses da Congregação de São Bernardo em Lugo, ligada também ao projeto “DE CLAUSURA”, somente pensam na venta de produtos feitos a mão e na vida fechada a sete chaves. Alí, o artifício não existe, como não existem as “melanges”, as misturas, os empreendimentos de alto gabarito. A paisagem, urbana ou rural, sai ganando e fica respeitada; caso contrário poderá acontecer em Oia se déssemos ouvidos a projetos chanfrados que só pretendem oferecer-nos “DOIS PROJETOS NUM SÓ” sem darmos por isso. Puro paradigma dum acometimento trançado e enganoso. Deturpando um conjunto abase de polivalências construtivas, ferindo a paisagem antecedente e a pre-existência, “prometendo” trabalho em troca de alterações físicas evidentes na relação arquitetónica Massa-Vazio que substancia o próprio mosteiro, em troca de incorporar acréscimos e volumes que não são aquí chamados. A nível paisagista dá-se um desrespeito evidente que salta por acima do ICOMOS, por muito disfarce que se queira seringar neste assunto todo.
Tarefa inglória a que nos toca viver para travar a loucura da Turistificação. A FITUR tem sido pura expressão disto: Não há harmonização nenhuma procurando falsos amigos ao mosteiro. Isto somente serve para que os “agentes culturais” façam caixinha junto de políticos localistas, numa roda viva de profunda iliteracia. A FITUR faz com que a dita Cultura e o dito Património fiquem ajoelhados por causa do Turismo Intrusivo. Todavia, a população local oiense, anfitriona, é posta de parte na manobra gentrificadora por causa, aliás, da mensagem dicotômica do proprietário. O projeto de Oia está muito longe de ser equilibrado ou conciliador. Antes que a Propriedade está o Património. O casamento patuado entre este monumento e a urbanização tem um nome por todos conhecido.
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