28 de feb. de 2019

A GUARDA

PATRIMÓNIO

A importância da obra externa em Santa Cruz 

(23ª parte)


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / A Guarda

 Existe uma explicação de natureza poliorcética que fornece lógica aos sistemas de ataque ou retaliação no estuário do Minho e na orla costeira mais meridional até Baiona. A partida, comparticipam desta estratégia elevações geográficas salientáveis ao sul da Serra da Groba que permitem fazer um resumo de posições (militares) e de ações precisas (decorrentes disso). Fortaleza de Santa Cruz apoia o seu sistema defensivo nos fachos de Santa Tecla  e no cordal de Monte Torroso, bem como na Atalaia Velha. Trata-se de um sistema polivalente que põe em ação a poliorcética mais próxima da fortaleza, quer dizer, baluartes e revelins prontos para os fogos à barbeta e os parapeitos arcabuzeiros. De día, as fumaças desvendam previsíveis incursões inimigas; à noite, são as tochas a dar conta de atividades suspeitas. É fundamentalmente um controlo territorial de um amplo espaço. Santa Cruz jogava um rol específico cara à vila, à costa e ao estuário minhoto  (este com alguma dificuldade) controlando aliás a passagem de Salcidos. Três pontoações de obrigado cumprimento que só víam-se referendadas desde um ponto de vista militar.

 Vamos analisar então as distâncias lineares entre postos: Fortaleza de Santa Cruz distava dois quilómetros lineares do facho do Alto do Torroso, 1.580 metros daquele outro facho em Santa Tecla, bem como 920 metros lineares da Atalaia. O de Santa Tecla, situado a 331 metros sobre o nível do mar, não receberia sinais da bateria de Camposancos ou da do Muiño por causada interposição da altura de Santa Tecla  (344  metros). Isso quer dizer que estas últimas erão posto  de observação e orientação virados para a costa caminhense. Igualmente, existiu uma poliorcética de controlo visual em altura. Desde o chamado Castelo de Chavella, no Alto do Castelo (477 metros sobre o nível do mar) e arredores era possível espiolhar ou arranjar algum  informação das terras próximas; evitando, ou bem se servindo dela, a linha que ía do Monte das Marinhas, Castro  Bicaludo, Campo dos Corvos, Alto da Poza e Campo do Couto, atingindo a Serra do Argallo e a sua encosta leste numa linha de mais de 11.000 metros até a margem portuguesa. Desde o sul da Serra da Groba podía controlar-se em simultâneo o posto cenobial-militar de Oia. A batería da Madalena ou de Monte Real, no Rosal, controlava o passo de navíos e as ilhas dos Amores e da Boega. Este posto poderia ser eventualmente uma sequência territorial das baterias do estuário guardense. Em resumo, importava era ter domínio visual da linha marinha até Baiona e da linha de estuário até o primeiro forte português da Conceição; nas alturas, desde essas alturas de  Oia e O Rosal  era possível dar ulterior aviso aos postos, tropa e população. A ocupação portuguesa da Guarda deu mais dicas e novidades aos lusos, concretizando uma poliorcética sustentada no território defensável apartir de Caminha e Cerveira e de tom extenso, com vontade de  permanência.  

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