PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(209ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Uma necessária correção faz-se premente na 206° parte no tocante às Linhas de Torres Vedras e à sua avançada sistemática de posições defensivas a base de alvenarias, terra prensada, croios, sumariamente, enformados mistos. Referia erradamente que esta realidade dava-se "quarenta anos depois" da Guerra de Restauração, quando com verdade essa cronologia se corresponde com uns CENTO E QUARENTA ANOS DEPOIS da Restauração, nas quatro invasões francesas acontecidas entre 1807 e 1814 em Portugal. Desculpem este pequeno engano, mas este lapsus punha de parte, nem mais, a Guerra de Sucessão (1701- 1714 ), a Guerra Fantástica dentro da Guerra dos Sete Anos (1756- 1763) ou a Guerra das Laranjas ( maio a setembro de 1801).
Indo ao prático, salientar a importância do Setecentos (século XVIII) no evoluir da poliorcética mergulhada em sucessivas guerras a nível europeu e extra europeu. Assim sendo, Manuel de Azevedo Fortes na sua obra 'O Engenheiro Portuguez' de 1729 definia a tenalha simples como 'obra exterior composta de dous ramais, ou lados, e de dous ângulos salientes e um reintrante na frente: serve para ocupar algum padrasto, ou descobrir algum valle, como mostra a letra E: quando esta obra é mais estreita para a parte da praça se chama cauda de andorinha, como mostrão os ramais de pontinhos. Tenalha dobre é uma obra composta de dous ramaes, três ângulos salientes e dous reintrantes, como mostra a letra F, e serve para o mesmo que a simples, ocupando maior frente'. (repare-se na linguagem arcaica).
Diogo de Silveyra Vellozo, na sua obra 'De Architectura Militar ou Fortificação Moderna', do ano de 1743, apontava o seguinte: 'Caudas de andorinha he uma obra que differe somente da tenalha simples em que os ramais desta são paralelos entre si, e os da cauda de andorinha são convergentes, isto he, mais fechados da parte da praça como a figura 63. Barretes de clérigo são semelhantes às tenalhas dobres excepto, que os seus ramays são convergentes para a parte da praça'.
André Ribeiro Coutinho na obra 'O capitão de Infantaria portuguez, com a Theorica e Practica das suas funções', de 1751, indicava: 'A cauda de Andorinha, em nada mais differe da tenalha simples, que em não ter os seus ramaes parallelos; porém ambos vão formar hum angulo no meyo da cortina; mas esta inclinação os faz mais defensáveis, porque a bateria, que se lhe fizer, também não é recta; contudo os seus angulos salientes também ficão muito fracos'.
E continua: 'Hornaveque, a ramaes flanqueados, he a obra l, o qual nome e forma se lhe deu; porque sendo os seus ramaes muito compridos, se lhe fazem flancos a menos do seu meio comprimento, para ficarem com mais defesas; flanqueando-se dos flancos todo o ramal até o angulo flanqueado dos meios baluartes; e da praça se defendem os ramaes até os flancos. Pela frente tem os mesmos dous meyos baluartes juntos com a cortina, e flancos, como qualquer outro hornaveque'.
O novo paradigma determina o resto, também referido aos caminhos para Santiago; feijoismo desrespeita a centralidade valenciana, estabelece pela LPCG de 2016 uma variante "monacal" (como se o resto dos percursos não o fosse), prioriza a 'Marca Galicia' e dá via livre ao fenómeno turistificado- especulativo.
(Continuará)
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