21 de maio de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(209ª parte)    




ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia 

 Uma  necessária  correção  faz-se  premente  na  206°  parte  no  tocante  às  Linhas  de  Torres  Vedras  e  à  sua  avançada  sistemática  de  posições  defensivas  a  base  de  alvenarias,  terra  prensada,  croios,  sumariamente,  enformados  mistos.  Referia  erradamente  que  esta  realidade  dava-se  "quarenta  anos  depois"  da  Guerra  de  Restauração,  quando  com  verdade  essa  cronologia  se  corresponde  com  uns  CENTO  E  QUARENTA  ANOS  DEPOIS  da  Restauração,  nas  quatro  invasões  francesas  acontecidas  entre  1807  e  1814  em  Portugal.  Desculpem  este  pequeno  engano,  mas  este  lapsus  punha  de  parte,  nem  mais,  a  Guerra  de  Sucessão  (1701- 1714  ),  a  Guerra  Fantástica  dentro  da  Guerra  dos  Sete  Anos  (1756- 1763)  ou  a  Guerra  das  Laranjas  (  maio  a  setembro  de  1801).  

 




  

 Indo  ao  prático,  salientar  a  importância  do  Setecentos  (século  XVIII)  no  evoluir  da  poliorcética  mergulhada  em  sucessivas  guerras  a  nível  europeu  e  extra europeu.  Assim  sendo,  Manuel  de  Azevedo  Fortes  na  sua  obra  'O  Engenheiro  Portuguez'  de  1729  definia  a  tenalha  simples  como  'obra  exterior  composta  de  dous  ramais,  ou  lados,  e  de  dous  ângulos  salientes  e  um  reintrante  na  frente:  serve  para  ocupar  algum  padrasto,  ou  descobrir  algum  valle,  como  mostra  a  letra  E:  quando  esta  obra  é  mais  estreita  para  a  parte  da  praça  se  chama  cauda  de  andorinha,  como  mostrão  os  ramais  de  pontinhos.  Tenalha  dobre  é  uma  obra  composta  de  dous  ramaes,  três  ângulos  salientes  e  dous  reintrantes,  como  mostra  a  letra  F,  e  serve  para  o  mesmo  que  a  simples,  ocupando  maior  frente'.  (repare-se na  linguagem  arcaica).     




 Diogo  de  Silveyra  Vellozo,  na  sua  obra  'De  Architectura  Militar  ou  Fortificação  Moderna',  do  ano  de  1743,  apontava  o  seguinte:  'Caudas  de  andorinha  he  uma  obra  que  differe  somente  da  tenalha  simples  em  que  os  ramais  desta  são  paralelos  entre  si,  e  os  da  cauda  de  andorinha  são  convergentes,  isto  he,  mais  fechados  da  parte  da  praça  como  a  figura  63.  Barretes  de  clérigo  são  semelhantes  às  tenalhas  dobres  excepto,  que  os  seus  ramays  são  convergentes  para  a  parte  da  praça'.     

 André  Ribeiro  Coutinho  na  obra  'O  capitão  de  Infantaria  portuguez,  com  a  Theorica  e  Practica  das  suas  funções',  de  1751,  indicava:  'A  cauda  de  Andorinha,  em  nada  mais  differe  da  tenalha  simples,  que  em  não  ter  os  seus  ramaes  parallelos;  porém  ambos  vão  formar  hum  angulo  no  meyo  da  cortina;  mas  esta  inclinação  os  faz  mais  defensáveis,  porque  a  bateria,  que  se  lhe  fizer,  também  não  é  recta;  contudo  os  seus  angulos  salientes  também  ficão  muito  fracos'.      

 E  continua:  'Hornaveque,  a  ramaes  flanqueados,  he  a  obra  l,  o  qual  nome  e  forma  se  lhe  deu;  porque  sendo  os  seus  ramaes  muito  compridos,  se  lhe  fazem  flancos  a  menos  do  seu  meio  comprimento,  para  ficarem  com  mais  defesas;  flanqueando-se  dos  flancos  todo  o  ramal  até  o  angulo  flanqueado  dos  meios  baluartes;  e  da  praça  se  defendem  os  ramaes  até  os  flancos.  Pela  frente  tem  os  mesmos  dous  meyos  baluartes  juntos  com  a  cortina,  e  flancos,  como  qualquer  outro  hornaveque'.    

 O  novo  paradigma  determina  o  resto,  também  referido  aos  caminhos  para  Santiago;  feijoismo  desrespeita  a  centralidade  valenciana,  estabelece  pela  LPCG  de  2016  uma  variante  "monacal"  (como  se  o  resto  dos  percursos  não  o  fosse),  prioriza  a  'Marca  Galicia'  e  dá  via  livre  ao  fenómeno  turistificado- especulativo.        

(Continuará)  

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