PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(147ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Vamos falar do mosteiro de Sobrado e das suas pontuais vicissitudes:
● O dito interagir entre espaço monacal de Sobrado dos Monges e a sua vila não está a ser bem sucedido. Quer desde essa vila-aquém, quer desde o âmbito císter ou vila-além, é digno de nota o desenquadramento de alguns prédios que, entre outras coisas, converteram essa vila num verdadeiro bazar. Não houve pré-cálculo da parte do concelho. Assim, 110 metros separam e isolam de alguma maneira este âmbito do da vila, uma distância prudente mas não menos comprometedora face ao futuro (vejam então a recorrente comparativa feita relativamente a esses escassos 70 metros que distam desde o 'land' cenobial oiense às chamadas "vilas turísticas". Não são chalets, são prédios!). Enfim, ao sul fica garantido um território em Sobrado, mas ao norte nem por isso. Existe portanto um contrasenso que opõe turistificação a monacato, indo exponencialmente em aumento. Ao menos três estabelecimentos hotaleiros rubricam uma autêntica arritmia nesse rumo tresloucado da turistificação insana. Nota-se que aquilo que vai na cabeça de uns não calha com espaços municipais de equilíbrio. Prova disso será a lagoa da "fama", turistificada por 'chalets' que a engolem em redor todo.
● Território abacial, com antigas cercas, vem resumido pelas suas dependências: Templo/Claustro de Peregrinos/Claustro dos Medalhões/Velha cozinha/Sala Capitular/Sacristia e Grande Claustro, onde ficam patenteados os séculos XII até XVII. Para além disso, temos outras capelas específicas bem sublinháveis.
● Digno de nota vai ser a fachada do templo: Dá-se nele uma pugna entre verticalismo e colossalismo, ou un jogo compartilhado, presente num corpo/ rua centralizado que se estica e se eleva por causa do condicionamento imposto por essa ordem gigante presente nas pilastras que enformam o primeiro corpo da torre. Temos uma seriação de motivos geométricos não condizentes, e pausa, a formarem ritmos e forros nas pilastras de ordem compósita, bem como nos intermédios abase de pontas acasetonadas, desbicadas e erodidas muitas delas. Resultado será uma certa invisibilização de formas lineares arquitetónicas puras. Da sua vez, 4 colunas salomónicas flanqueiam à virgem, estando presentes cachos de uva a pousarem nas suas curvaturas - cachos também abundantes na abóbada do templo que poderiam ligar às uveiras com esse avultado fruto prendido como vinha de enforcado -. Continuando com esta descrição pessoal, 4 colunas embebidas de raro aspeto corintio/ composto são limite marcado pela rua central; imóscapos e sumóscapos marcam entase reduzindo ou ampliando a carga decorativa nas caneluras. Toros e escócias, bem como base remetida colmatam o perfil todo. Todavia, segundo corpo da torre aparece resultante de entablamentos opostos diagonalizados, de condizência diagonal e planta quadrangular. Terceiro corpo com oito vãos perfaz uns perfís octogonais. Nessa fachada geral, os entablamentos são monumentais (como no interior do templo) confundindo-se tríglifos com molduras e métopas com rosetões.
(Continuará)
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