19 de maio de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(147ª parte)




ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Vamos  falar  do  mosteiro  de  Sobrado  e  das  suas  pontuais  vicissitudes:  

  ●   O  dito  interagir  entre  espaço  monacal  de  Sobrado  dos  Monges  e  a  sua  vila  não  está  a  ser  bem  sucedido.  Quer  desde  essa  vila-aquém,  quer  desde  o  âmbito  císter  ou  vila-além,  é  digno  de  nota  o  desenquadramento  de  alguns  prédios  que,  entre  outras  coisas,  converteram  essa  vila  num  verdadeiro  bazar.  Não  houve  pré-cálculo  da  parte  do  concelho.  Assim,  110  metros  separam  e  isolam  de  alguma  maneira  este  âmbito  do  da  vila,  uma  distância  prudente  mas  não  menos  comprometedora  face  ao  futuro  (vejam  então  a  recorrente  comparativa  feita  relativamente  a  esses  escassos  70  metros  que  distam  desde  o  'land'  cenobial  oiense  às  chamadas  "vilas  turísticas".  Não  são  chalets,  são  prédios!).  Enfim,  ao  sul  fica  garantido  um  território  em  Sobrado,  mas  ao  norte  nem  por  isso.  Existe  portanto  um  contrasenso  que  opõe  turistificação  a  monacato,  indo  exponencialmente  em  aumento.  Ao  menos  três  estabelecimentos  hotaleiros  rubricam  uma  autêntica  arritmia  nesse  rumo  tresloucado  da  turistificação  insana.  Nota-se  que  aquilo  que  vai  na  cabeça  de  uns  não  calha  com  espaços  municipais  de  equilíbrio.  Prova  disso  será  a  lagoa  da  "fama",  turistificada  por  'chalets'  que  a  engolem  em  redor  todo.  



 

  ● Território  abacial,  com  antigas  cercas,  vem  resumido  pelas  suas  dependências:  Templo/Claustro  de  Peregrinos/Claustro  dos  Medalhões/Velha  cozinha/Sala  Capitular/Sacristia  e  Grande  Claustro,  onde  ficam  patenteados  os  séculos  XII  até  XVII.  Para  além  disso,  temos  outras  capelas  específicas  bem  sublinháveis. 




  ● Digno  de  nota  vai  ser  a  fachada  do  templo:  Dá-se  nele  uma  pugna  entre   verticalismo  e  colossalismo,  ou  un  jogo  compartilhado,  presente  num  corpo/ rua  centralizado  que  se  estica  e  se  eleva  por  causa  do  condicionamento  imposto  por  essa  ordem  gigante  presente  nas  pilastras  que  enformam  o  primeiro  corpo  da  torre.  Temos  uma  seriação  de  motivos  geométricos  não  condizentes,  e  pausa,  a  formarem  ritmos  e  forros  nas  pilastras  de  ordem  compósita,  bem  como  nos  intermédios  abase  de  pontas  acasetonadas,  desbicadas  e  erodidas  muitas  delas.  Resultado  será  uma  certa  invisibilização  de  formas  lineares  arquitetónicas  puras.  Da  sua  vez,  4  colunas  salomónicas  flanqueiam  à  virgem,  estando  presentes  cachos  de  uva  a  pousarem  nas  suas  curvaturas  - cachos  também  abundantes  na  abóbada  do  templo  que  poderiam  ligar  às  uveiras  com  esse  avultado  fruto  prendido  como  vinha  de  enforcado -.  Continuando  com  esta   descrição  pessoal,  4  colunas  embebidas  de  raro  aspeto  corintio/ composto  são  limite  marcado  pela  rua  central;  imóscapos  e  sumóscapos  marcam  entase  reduzindo  ou  ampliando a  carga  decorativa  nas  caneluras.  Toros  e  escócias,  bem  como  base  remetida  colmatam  o  perfil  todo.  Todavia,  segundo  corpo  da  torre  aparece  resultante  de  entablamentos  opostos  diagonalizados,  de  condizência  diagonal  e  planta  quadrangular.  Terceiro  corpo  com  oito  vãos  perfaz  uns  perfís  octogonais.  Nessa  fachada  geral,  os  entablamentos  são  monumentais  (como  no  interior  do  templo)  confundindo-se  tríglifos  com  molduras  e  métopas  com  rosetões.  

(Continuará)               

Registo  da  Propriedade  Intelectual  (RPI)

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