29 de abr. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(144ª parte) 

   

Derradeiro ofício do día 25 de abril em Oseira

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia  

 Projeto  de  investigação  'Nomes  e  Voces'  nasceu  ao  abrigo  dos  trabalhos  que  se  realizaram  em  redor  do  Ano  da  Memória  2006,  promovido  pela  Conselharia  de  Cultura  e  Desporto  da  Xunta  de  Galiza.  Universidade  de  Santiago  de  Compostela,  Universidade  de  Vigo  e  Universidade  de  A   Corunha  são  os  três  grandes  parceiros,  bem  como  as  Deputações  de  Lugo  e  A  Corunha.  A  linha  investigadora  é  abrangente,  reflectindo  o  que  se  passava  no  âmbito  repressivo  geral  da  Galiza  nos  anos  de  guerra  e  ulteriores.  Processos,  buscas,  devoluções  de  fugados  a  Portugal,  vida  clandestina  e  os  chamados  'paseos',  eram  registo  habitual  no  histórico  dos  represaliados  do  franquismo.  Alvo  básico  eram  os  ofícios  ligados  às  centrais  sindicais  pelo  simples  facto  de  estarem  ligados  a  elas.  Provavelmente,  estejamos  perante  uma  casuística  complicada  pela  qual  os  afetos  e  lembranças  interpõem-se  muitas   das  vezes  no  cenário,  em  simultâneo  com  certas  inações  da  parte  do  Estado.  ARMH  (Associação  para  a  Recuperação  da  Memória  Histórica)  não  será  a   mesma  coisa  que  um  Ministério  que  se  encarrega  destas  questões.    




 Porta-voz  de  ARMH- Galiza,  Dona  Carmen  García-Rodeja,  poderia  revelar  alguns  dados  relativos  a  pessoas  que  passaram  pelo  campo  de  concentração  de  Oia,  ou  Camposancos,  sendo  de  especial  interesse  face  um  vazio  atual  que  hoje,  talvez,  suportamos. De  certeza  que  não  há  ainda  um  capítulo  final  que  encerre  a  questão  dos  presos  e  da  represália   no   Baixo  Minho.  Para  além  da  superlotação  da  população  confinada  no  mosteiro  de  Santa  María  de  Oia,  temos  un   relatório  clínico  revelador  das  doenças  e  falecimentos  subsequentes  à  "estadia"  no  cenóbio  que  não  podem  ser  obviados  ou  postos  de  parte:  Tuberculose,  pleurite,  enterocolite  e  nefrite,  embolia  cerebral,  miocardite,  broncopneumonia,  colapso  ou  caquexia,  febre  tifoidea,  paludismo,  etc..  Aliás,  ganhariamos  terreno  se  estes  assuntos  todos  fossem  analisados  desde  uma  ótica  geográfica  baixo-minhota  (ou  desde  o  corredor  Oia-Camposancos-rio  Minho,  autêntico  repositório  de  dados  e  documentação).  Chama  a  atenção  o  relato  dos  irmãos  Andrés  e  José  Celestino  Balsas  Vello,  naturais  de  Camariñas,  "paseados"  perto  do  cemitério  da  Guarda.  Colaboração  transfronteiriça  nesse  aspeto  funcionava  em  modo  'cinco  estrelas'  e  muitos  pagaram  cara  a  ousadia  de  fugirem  para  a  outra  margem  do  rio.  Sumariamente,  terá  por  força  de  ser  ARMH  quem  dé  uma  última  palavra  sobre  o  assunto,  pondo  de  alguma  maneira  em  causa  versões  limitadas,  ou  contraditórias,  que  em  nada  abonam  a  obtenção  da  verdade  e  da  reparação.  Certamente,  haverá  pessoas  incomodadas  que  prefiram  "passar  página  e  esquecer".  Mas  a  pergunta  segue  o  seu  curso:  Por  acaso  não  se  realizaram  já  exumações  em  valas,  terrenos  paroquiais  e  por  aí  fora  desde  que  ARMH  existe?  

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