PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(144ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Projeto de investigação 'Nomes e Voces' nasceu ao abrigo dos trabalhos que se realizaram em redor do Ano da Memória 2006, promovido pela Conselharia de Cultura e Desporto da Xunta de Galiza. Universidade de Santiago de Compostela, Universidade de Vigo e Universidade de A Corunha são os três grandes parceiros, bem como as Deputações de Lugo e A Corunha. A linha investigadora é abrangente, reflectindo o que se passava no âmbito repressivo geral da Galiza nos anos de guerra e ulteriores. Processos, buscas, devoluções de fugados a Portugal, vida clandestina e os chamados 'paseos', eram registo habitual no histórico dos represaliados do franquismo. Alvo básico eram os ofícios ligados às centrais sindicais pelo simples facto de estarem ligados a elas. Provavelmente, estejamos perante uma casuística complicada pela qual os afetos e lembranças interpõem-se muitas das vezes no cenário, em simultâneo com certas inações da parte do Estado. ARMH (Associação para a Recuperação da Memória Histórica) não será a mesma coisa que um Ministério que se encarrega destas questões.
Porta-voz de ARMH- Galiza, Dona Carmen García-Rodeja, poderia revelar alguns dados relativos a pessoas que passaram pelo campo de concentração de Oia, ou Camposancos, sendo de especial interesse face um vazio atual que hoje, talvez, suportamos. De certeza que não há ainda um capítulo final que encerre a questão dos presos e da represália no Baixo Minho. Para além da superlotação da população confinada no mosteiro de Santa María de Oia, temos un relatório clínico revelador das doenças e falecimentos subsequentes à "estadia" no cenóbio que não podem ser obviados ou postos de parte: Tuberculose, pleurite, enterocolite e nefrite, embolia cerebral, miocardite, broncopneumonia, colapso ou caquexia, febre tifoidea, paludismo, etc.. Aliás, ganhariamos terreno se estes assuntos todos fossem analisados desde uma ótica geográfica baixo-minhota (ou desde o corredor Oia-Camposancos-rio Minho, autêntico repositório de dados e documentação). Chama a atenção o relato dos irmãos Andrés e José Celestino Balsas Vello, naturais de Camariñas, "paseados" perto do cemitério da Guarda. Colaboração transfronteiriça nesse aspeto funcionava em modo 'cinco estrelas' e muitos pagaram cara a ousadia de fugirem para a outra margem do rio. Sumariamente, terá por força de ser ARMH quem dé uma última palavra sobre o assunto, pondo de alguma maneira em causa versões limitadas, ou contraditórias, que em nada abonam a obtenção da verdade e da reparação. Certamente, haverá pessoas incomodadas que prefiram "passar página e esquecer". Mas a pergunta segue o seu curso: Por acaso não se realizaram já exumações em valas, terrenos paroquiais e por aí fora desde que ARMH existe?
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