PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(142ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Temos em Oia algo que não bate certo e que desdobra-se em várias situações, crivadas de irregularidades. Última paisagem oiense fenecerá por causa do apetite turistificador e tresloucado de uns poucos, vindos de Vigo, pondo em causa normativas paisagistas assinadas pelo Estado Espanhol; descaso da Memória Histórica em termos concretos e gerais (analisar-se-á um caso bem particular de enterramentos irregulares) e omissão das análises de impacto visual desde os diversos pontos de observação em Oia (incluindo a linha de flutuação marinha). Tudo isso fica patenteado, aliás, com a questão basilar dos ADICIONADOS, dos acréscimos sobre estruturas pre-existenciais (criticado internacionalmente, e aceite, pelos que livremente honraram e assinaram a 'Carta de Veneza'). Quê se passa nesse território galego administrado por uma Xunta encrencada até o tutano com os tijoleiros e destrutores das paisagens? Julgam que podem deixar na berma uma normativa internacional vigorante? Encontro entre locomotivas, Xunta/ RMO versus Legalidade, é já um facto. Um particular ao que todos aderem converte-se em desculpa de ocasião para justificar tudo e mais alguma coisa: essa fraseologia do "único mosteiro de Europa à beira do mar plantado" não vem acompanhada de uns cuidados de maior na vertente paisagista ou na temática dos acréscimos junto do mosteiro. A estapafúrdia toda instalou-se em Oia e estes corriqueiros simplesmente deixaram de ir em paralelo com a legalidade.
Contato com ARMH-Galiza (mais uma "fugida aos encontros" da RMO) veio esclarecer algumas coisas relativamente a ossadas dentro e fora do "land" monacal. Porta-voz e investigadora, Carmen Díaz-Rodeja Arribí, nos fez uma bombástica afirmação sobre o assunto que deixamos entregue a ela própria. ARMH receia que o Ministério da Presidência, Relações com as Cortes e Memória Democrática não cumpra na prática aquilo que anseia aquela. Vamos escoar duas palavras chave: um 'chalet' com piscina, mais nada. Tirem ilações, dado a notícia constituir uma péssima nova para os recuperacionistas. No entanto, o não conferimento de prospeções ou escavações em Oia alarga um problema de inação permanente. Contudo, existe um mapa de fossas georreferenciado (talvez desatualizado), sendo que cada fossa tem um número de registo. Fala-se de uns vinte corpos enterrados num mesmo local. Todavia, associa-se o campo de concentração de Oia a Camposancos (local de execuções, de 'passeios' e de entrega de fugidos a Portugal). Da mesma maneira, é difícil acreditar somente num ossário paroquial como expressão e testemunho de toda a população presa no mosteiro (4.500 prisioneiros num local com capacidade para 250 deles…). Investigador Costas Goberna faz alusão a falecementos de presos no campo-prisão monacal bem como possíveis locais de enterramento (aquí jaz o miolo de tudo!). Parece, no entanto, uma história mal contada que terá de ser aprofundada, doa a quem doer. Na sequência deste assunto, iremos fornecer textos legislativos e aconteceres diversos que obrigarão RMO a reformular muitas coisas.
(Continuará)
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