14 de maio de 2020

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas en Oia  
(93ª parte)




ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia     

 Disjuntiva gerada pelo projeto turistificador em Oia relativamente aos outros membros da ACIGAL é ponto assente. A singularidade da paisagem cultural oiense somente está a servir interesses espúrios da maõ de uma LPCG alterada, nada ingénua na sua atual leitura ou interpretação. A sua predeccesora galega, do ano de 1995, e a própria LPHE, de 1985, são bem mais garantistas e podem falar alto dos truques introduzidos na nova lei de 2016. Presentemente, desejamos e vindicamos respeito pelos entornos de proteção ou zonas de amortecimento, mas senhores do turismo anteciparam o copianço, a otra face da  lei. Isto se traduz num efeito já tradicional, resumidono: “Almejando uma coisa, agrilhoa-se o resto”. Esse mosteiro "a beira mar plantado" está paradoxalmente a fazer toda a diferença e a criar espetativas claramente ligadas às más práticas patrimoniais. Vamos falar da Lista Vermelha no seio dos mosteiros ligados à ACIGAL. Saibam os oienses que Melón e  Monfero, por exemplo, deram entrada para a lista da associação "Hispania  Nostra"; Melón, a 3 de março deste ano de 2020 e Monfero, com  data já recuada de 29 de janeiro de 2008.  


Mosteiro de Santa María de Monfero
Foto: Google Earth
  
“Hispania  Nostra” não  brinca em serviço, pondo a nú as carências daqueles que dizem "amar" o Património. Pôrem dúvida as valências e méritos desta associação é falta de jeito, é desalinho. De alguma maneira ação preservadora das listas vermelhas constitui o melhor contraponto face o relato oficial  dos  que  impuseram  o discurso totalizador en Oia. A sua Comissão Permanente  (com 4 membros), os seus 17 vogais ou também, o seu Comité Científico da Lista Vermelha, com 6 membros, assentam um trabalho reconhecido internacionalmente e  do qual não pode haver réstia de dúvida. Podem consultar  o  curriculo  de  cada  um  deles. Paradoxo  do nosso espólio patrimonial é prova dada de que NÃO EXISTE PINGO DE EQUIDADE NA CONSIDERAÇÁO DOS BENS CULTURAIS. Em Monfero registam-se dois exemplos nessas listas vermelhas: Casa Reitoral de O Canedo (património civil) e Ermida de San Bartolomeu  (na seção de ermidas e oratórios). Ambos “foram à vida" com data de 20 de março de 2020 e 17 de março de 2020, respectivamente. Em Monfero queria-se um hotel de luxo, um spa, e deram com os ossos na perda total das dependências do mosteiro. Houve sim uma execução de obras de restauro na igreja, só isso, ao mesmo tempo que o arcebispado cedia o conjunto à Xunta de Galicia em 2003. Monfero continua ao abandono e pertence hoje à ACIGAL. 





 Melón faz parte também desta corporação territorial cisterciense, figurando no entanto na Lista Vermelha por causa igualmente do abandono a que foram submetidas as suas dependências. Registamos peças espalhadas (capitéis, colunas, motivos ornamentais), conservam-se os arcos do claustro da hospedaria, fragmentos de abóbadado claustro regular e de outras divisões. Dá-se um contrasenso, onde convive a citada decisão de "Hispania Nostra" com a promoção anunciada de recuperação de um  dos claustros góticos (13 de março de 2017). Os trabalhos iniciar-se-iam no segundo semestre de 2017, com prazo de execução de 30 meses e uma despesa de 1,78 millones de euros. Propôs-se uma reabilitação como hospedaria e o acometimento de obras no claustro da hospedaria, porta de acesso ao atrio e pavimento claustral. De  resto,  só mencionar  a atribulada trajetória do PXOM desta localidade para podermos entender ulteriores  desfechos de  conteúdo  patrimonial  e urbano. Artigo 34.5 da nova LPCG  deixa muitas dicas e interrogantes sobre isso. Deve-se sublinhar a "oportunidade" como tem reagido Xunta galega perante as qualificações de "Hispania Nostra". O chamado Plano Estratégico para a Proteção e Conservação do Património Cultural de Galiza (Direção Geral do Património Cultural) contempla atuações em catedrais, mosterios, conventos, abadías, igrejas e património eclesiástico galego em geral. Surge, ou aplica-se quase que em simultâneo, aquando Oia era enviada à Lista Vermelha (não há casualidades) e tal “disponibilidade” da Xunta para tapar buracos só reforça o convencimento de que ha conluios entre os atores da desfeita oiense.  

 Vamos elencar cronologicamente o passo à Lista Vermelha dos seguintes bens galegos, ligados a esse património eclesiástico:
  
• Mosteiro de San Pelaio, freiras beneditinas (Albeos, Pontevedra), data de 17 de dezembro de 2007. 

• Mosteiro de San Paio (Abeleda, Ourense), data de 17 de dezembro de 2007. 

• Convento franciscano do Bon Xesús de Trandeiras. (Trandeiras, Xinzo de Limia, Ourense), data de 5 de março de 2008. 

• Mosteiro de Santa Comba de Naves (s.IX). (San Mamede de Palmés, Ourense), data de 7 de setembro de 2011 

• Convento beneditino de Nosa Señora das Donas (Betanzos, A Coruña), data de 24 de maio de 2018. 

• Frescos da igreja de Os Vilares (s. XVI). (Guitiriz, Lugo), data de 8 de maio de 2019. 

• Colégio Santiago Apóstol dos Padres Jesuítas de Camposancos (A Guarda, Pontevedra), data de 29  de  maio de 2019. 

• Capela de San Xoán do Mosteiro (Mosteiro, Ortigueira, A Coruña), data de 3 de janeiro de 2020. 

• Mosteiro beneditino de Lobás (O Carballiño, Ourense), data de 6 de março de 2020.

 Repare-se na proximidade de algunas datas e os efeitos que está a ter a atuação contra vento e maré de “Hispania Nostra".

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