2 de xuño de 2018

VALENÇA DO MINHO

PATRIMÓNIO

Valença do Minho na sua candidatura a Património da Unesco

(9ª  Parte)


Belle-Île-en-Mer 

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Valença do Minho  

 Dignos de nota, neste elenco de Enclaves de Insinuação, estão os exemplos de Belle-Île-en-Mer (Bretanha) e Saint Martin de Ré, no Departamento de Charente-Maritime, onde uma vila precedente é moldada pela mão de Vauban sem o recurso à regularização planimétrica em dameiro. Aliás, como já se fez noutras geografias. Trate-se de uma remodelação ou de uma ampliação, a sua conceição urbanistica baseia-se na aproximação racional e no sentido comúm, antes que no plano preconcebido. Convém insistir neste ponto: a obra urbana de Vauban segue  sempre uns princípios, seja em obra nova, seja em vila pre-existente; há um seguimento intensivo dos avanços da obra em construção, uma precisão nos cálculos relativamente aos equipamentos e o desenvolvimento urbano; em simultâneo, ativam-se medidas económicas para o financiamento desses trabalhos e para favorecer o povoamento das praças intervidas. Isto trará novas regulamentações urbanas e os alicerces do novo urbanismo europeu.    

Saint Martin de Ré


 Assim sendo, em Saint Martin de Ré constroe-se uma cidadela quadrada anexa, sendo rodeada a vila por um cinto suplementar em semicírculo que vai permitir o acolhimento sobejo da população. Um largo espaço propositado permite criar um campo defensivo entre a velha vila e os bastiões e revelins, mantendo o tecido urbano antecedente e, no entanto, permitindo rasgar duas Portas (Couarde e La Flotte), duas grandes artérias e uma Praça de Armas equidistante desses empreendimentos. Arsenal, Hospital militar e Casa do Governador encontram da sua vez acomodação em edifícios reconvertidos. Tal é a lógica vaubaniana, sem o Mestre ter escrito um só livro ou tratado sobre urbanismo; porém, emulado, acompanhado nos séculos posteriores em numerosos estudos, dentro e fora da França.     

Fortaleza de Estremoz

 A  internacionalização do “estilo Vauban”, a posta em práctica no terreno, no caso português, trouxe inúmeras vantagens por serem muitos os atores envolvidos na concretização de realidades militares inquestionáveis. Ensaiavam-se soluções inovadoras, discutiam-se diferentes acabamentos, a própria Guerra de Restauração era um aprendizado tangível aos olhos dos franceses cá deslocados. Dá-se uma sequência cronológica desde Jean Errard-le-duc (1554-1610), “pai da fortificação francesa”, e os contemporâneos de Vauban, “arrebanhados” em redor dele, tendo como ponto alto e desfecho a figura de Allain Manesson Mallet (1630-1706). O qualificado de Engenheiro dos Campos e dos Exércitos do Rei de Portugal”, teve um percurso lusitano sublinhável no chamado Pre-carré alentejano” (vejam-se obras em Arronches, Ferreira, Évora ou Estremoz), que, aliás, converteu em textos de obra feita” em 1671, uma vez retornado a París. “Les Travaux de Mars” mostram uma contemporaneidade prática junto da obra de Vauban, uma admiração mútua e o assento do estilo francês.    

 Concatenando estes supostos em Portugal (Presença de engenheiros franceses/Enclaves de insinuação estrelada ou poligonal/Realidade de um Pre-carré” pioneiro luso e Ausência de âmbitos sobrepostos ou palimpsestados - se exceptuarmos as Linhas de Torres Vedras-), poderemos estabelecer uma aproximação primeira que defina com clareza aquilo que pretendeu o relatório filiado aos Sites Majeurs de Vauban relativamente a Valença e Almeida.

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