PATRIMONIO
Forte de Paimogo, na costa lourinhense
Forte de Paimogo
José Buiza Badás
Continuando o percurso costeiro de fortes, entramos num âmbito de proximidade com Lisboa caracterizado pola variedade morfológica das plantas, pola interaçom dos postos de defesa e pola abundancia destes. Nas ilhas Berlengas, em Peniche, na Atouguia da Baleia e noutros mais manifesta-se umha ferrenha atitude por afastar a pirataria, ao mourisco e aos espanhóis. Neste artigo vamos tratar do Forte de Paimogo, ao sul de Peniche.
Deixando aquela vila através da N-114 e virando pola N-247, entramos na estrada de Paimogo, acedendo ao posto militar bem polo camino de terra batida superior, bem pola estrada que vai dar ao estacionamento para turistas. O chamado Forte da Nª Sra. dos Anjos, com as coordenadas de Lat. 39.287350 e Long. -9.340769, olhando para as praias de Paimogo e Caniçal, constitui um IIP por Decreto de 18 de Julho de 1957 e um posto que visava junto de outros defender Lisboa num eixo marítimo que principia na antes citada Peniche e acaba na própria foz do Tejo. Os próximos fortes da Consolaçom e Porto Novo testemunham essa intencionalidade.
Entramos ademais numha área onde se podem registrar, reparem, 152 obras militares ligadas às invasons napoleónicas cujo denominador común chama-se Linhas de Torres Vedras. Conjunto de enorme valência patrimonial a nível mundial que determina a liderança portuguesa em materia poliorcética. Já para nom falar das unidades abaluartadas no Estuário do Tejo e outras.
Sendo assim, vamos debruçar-nos neste forte de Paimogo e nas suas características arquitetónicas: O núcleo ou casa-forte é rectangular, se bem aparece circunscrito por um muro parapetal protetor que lhe afigura com algún carácter estrelado que enformaria talvez um polígono externo pentagonal irregular, se exceptuarmos esses parapeitos de fora. Desde a redentura norte até o parapeito sul distam 37 metros; a diagonal linear noroeste-suleste fai 50 m. e a diagonal suroeste-noreste tem 57 m.. Finalmente, entre os ángulos flanqueados dos 2 meios baluartes temos umha distancia de 30 metros.
A face norte do forte recolhe 2 meios baluartes que, ao meu entender, nom constituem hornaveque nenhum por julgar que formam parte íntegra da casa-forte, do núcleo planimétrico. Aí discrepo do técnico Rui Ribolhos Filipe, quem assegura que se trata dumha obra corna. Também, reparamos em duas guaritas cilíndricas, umha delas só com lámpada, de coroa cónica. A porta dispom um arco de volta perfeita com pilastras de flanqueio ataludadas, adintelamento, inscriçom e escudo de armas a darem acesso ao trânsito, com tecto de abóbada atijolado. Há também constancia de fiestras para cadeado levadiço. Os parapeitos desta face som altos e separados por cordom a toda a volta.
A face sul, no lado que olha para o mar, está severamente delimitada por arribas fósseis bem íngremes. Temos um lenço com porta condizente com a entrada antes citada e duas janelas simétricas. Muros de talude com algumha isençom e sendas escadas de acesso ao terraço ou plataforma superior colmatam essa simetría. A entrada tem arco de meio ponto e jambagem de 4 peça a um e outro lado bem como aduelagem de 7 peças ao total. Os parapeitos baterísticos alí presentes están inclinados, facilitando os tiros da tropa.
Em planta o núcleo central tem 3 divisons e 2 paiols ou casernas. Um terraço superior cobre estas de maneira a conformar umha última plataforma de defesa.Os materiais, contudo, baseiam-se na cantaria e a alvenaria de calcário. Mistura que igualmente adverte-se na utilizaçom de tijolo e nos lenços afetados pola erosom em aparelho desordeiro. Cunhais e vans aparecem em cantaria, com emolduramentos cinzentos a contrastarem com a cor amarelada dos revocos gerais. As obras reabilitadoras de 2006 consolidarom a velha planta quase na íntegra e isso podemos patenteá-lo. Curioso serátambémsublinhar a emotiva implicaçom e envolvência da comunidade escolar lourinhense na recuperaçom deste posto militar. Miúdos e menos miúdos a interagirem com aquilo que alguns chamam de “velho”. Deviam ter visto este forte, anos atrás, a agonizar no desabamento dalguns dos seus paramentos…!!
Ningún comentario:
Publicar un comentario