25 de feb. de 2016

PORTUGAL

PATRIMONIO

Forte da  Nazaré,  costeiro  e  maneirista




José Buiza Badás


 Num cenário tam íngreme como aquele do promontório, do morro da Nazaré, este forte afigura-se ainda mais na aparência quebrada, ousada e de alturas superpostas. Entre a Praia do Norte e a Praia Nova,  semelha em planta um puzzle de 5 partes aterraçadas onde as 8 dependências interiores criam um plano de L inverso nom visível.  Tive de consultar um plano do SIPA (Sistema de Informaçom para o Património Arquitetónico) para tentar me esclarecer neste inicial caos.

 Na realidade, este polígono perfeitamente irregular poderá ser hexágono irregular ou mesmo heptágono irregular no seu todo, contendo na sua interpretaçom duas concepçons planimétricas: Umha simétrica se observarmos os 2 semibaluartes da entrada; umha outra de polígono externo optativo de 5 lados, pentágono irregular, se prescindirmos desses dous meiobaluartes. Os 6 redentes condicionam um traço atenalhado virado para o mar cujo carácter assimétrico denota-o a seguinte mediçom: 45 m. entre porta de acesso e redentura oposta num corte axial; 56  m. entre o  emibaluarte Este e o seu redente oposto; 53 m. entre o semibaluarte Norte e a redentura  correspondente e umha largura máxima e desigual de 30 m. de lado a lado. Isto contrasta com os 30 m. distantes entre cunhais nos semibaluartes de aparato.

 A rareza deste forte deve-se ao acidentado do terreno, mas também às datas construtivas do quinhentismo e seiscentismo (1664) e as suas linhas maneiristas onde apreciam-se rapidamente pormenores a sublinhar. Em primeiro lugar, uns alçados onde os taludes som baixos, permitindo o desenvolvimento de duas linhas magistrais ou cordons a separarem muros de parapeitos e taludes. Também, umha alvenaria ordinária de tons grises, brancos e de côr sépia complementada com cunhais e encontro de flancos e faces de peças canteadas e regulares. De destacar, uns aparelhos às vezes desagregados pola açom do mar e dos agentes erosivos que se traduz em desprendimentos e formaçom de vazios e “caixas” nos paramentos. Na costa, o hóstigo fai o seu trabalho natural na pedra.

 Acedemos ao forte por umhas escadas semiesféricas e por arco de meio ponto simples, com frestas para a porta levadiça. A jambagem do arco tem 7  peças desiguais e a aduelagem outras tantas divididas em 2  salmeres, 2 rins, 2 contrachave e 1 chave. Acima vê-se umha inscriçom e  a data de 1664 e mais acima ainda a imagem relevada de Sam Miguel Arcanjo com flanqueio de volutas.

 Do lado de fora, caminhos orientados permitem-nos apreciar outros pormenores, como os das 4 ex-troneiras nos redentes que olham para o mar. Sabe-se ademais que tinha no interior corpo de guarda, armazéns e paiol, mas nom me foi possível entrar no recinto, conferindo este desde a pormenorizada informaçom contida em planos de rigor.

( *)   Trabalho de campo. Agosto de 2015.

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