PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(170ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Assim sendo, um grupo de especialistas em conservação, arquitetura, urbanismo e planeamento ambiental encontraram-se em Veneza, em novembro do ano de 2006, concordando em que tinha chegado o momento de dar esclarecimento à 'Carta de Veneza de 1964' e à sua interpretação (En letra redonda estará nuestro parecer: son 16 artículos, algunos de ellos significativamente revisados):
● Análise do Preâmbulo e do Contraditório estabelecido: Preâmbulo sublinha 'a responsabilidade comúm de salvaguardar os monumentos antigos para futuras gerações e entregá-los em toda a riqueza da sua autenticidade'. Agora, no entanto, 'entende-se que um qualquer acto de conservação ou restauração é inevitavelmente um acto de alteração baseado num conhecimento historicamente parcial. (A segmentação cronológica, a parcialidade, é premissa fundamental que não se pode preterir..!!). Dai que 'o objectivo de autenticidade não se deve interpretar como a exigência de um estado absoluto de preservação de momentos pré-categorizados no tempo. Antes bem, deve refletir o complexo padrão de câmbio e recorrência através das idades, incluindo o presente. Deve estabelecer-se quer em materiais interpretativos, quer nas técnicas de uma correta conservação'. (Por quê carga de água se bate sempre na tecla interesseira do "complexo padrão de câmbio" ou nas "idades" ?).
● Artigo Um e o seu Contraditório:
'Inclui sabiamente as envolventes urbanas e rurais na definição de 'Monumento Histórico'. Opõe-se como contraditório o seguinte: 'Observamos que isto também pode incluir um padrão de assentamento único - historicamente - ou uma estrutura organizativa dentro da paisagem, o que pode incorporar conhecimentos importantes para futuros assentamentos'. (Quere-se legitimar a mistura dos enformados novos e velhos, de maneira que isso suporá a legitimação da transversalidade compositiva desta arquitetura globalizada; existe de facto um comensalismo à vista).
● Artigo Dois e o seu Oponente:
'Requere-se o recurso de todas as ciências e técnicas que possam contribuir ao estudo e salvaguarda do legado arquitetónico'. Responde-se a isto: 'Ressalvamos a importância da investigação científica, particularmente para o conhecimento, -útil, mas descurado-, personificado nos monumentos históricos, podendo resultar relevante de maneira imprevisível para os nossos desafios atuais e futuros. A participação do público nos intercâmbios científicos, educativos e políticos sobre estos temas é vital'. (Há múltiples reticências nossas quanto a isso, designadamente em Oia).
● Artigo Quatro e o seu Contraditório:
'Requere-se a manutenção permanente dos monumentos'. Comentário opositor salienta o seguinte: 'A manutenção que utilize elementos novos compatíveis não é 'falso historicismo', desde que esses novos elementos possam ser facilmente diferenciados por expertos, o com a ajuda de materiais interpretativos' (Apoio expresso à arquitetura desimpedida do presente é aqui chamada ao regozijo).
● Artigo Cinco e o seu Contraditório:
Na versão original 'proibe câmbios na distribuição de um edifício, mesmo quando utilizado para algúm propósito socialmente útil'. Revisionistas respondem assim: 'Mas tais mudanças podem-se permitir onde a alternativa é ameaça para a sobrevivência de um edifício, onde os câmbios não são desarmónicos (no Artigo 6 pede-se isto) e donde se conserve uma cuidada documentação desses câmbios. Na medida do possível, tais deveriam incorporar a qualidade e estrutura espacial original do edifício'. (Estarão a falar por acaso da abertura do Pátio dos Laranjais em Oia, dos translúcidos?).
(Continuará)
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