9 de nov. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(170ª parte)    


Vista do mosteiro de Oia
Foto: Santiago Baz Lomba

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia    

 Assim  sendo,  um  grupo  de  especialistas  em  conservação,  arquitetura,  urbanismo  e  planeamento  ambiental  encontraram-se  em  Veneza,  em  novembro  do  ano  de  2006,  concordando  em  que  tinha  chegado  o  momento  de  dar  esclarecimento  à  'Carta  de  Veneza  de  1964'  e  à  sua  interpretação  (En  letra  redonda  estará  nuestro  parecer:  son  16  artículos,  algunos  de  ellos  significativamente  revisados):  

  Análise  do  Preâmbulo  e  do  Contraditório  estabelecido:   Preâmbulo  sublinha  'a  responsabilidade  comúm  de  salvaguardar  os  monumentos  antigos  para  futuras  gerações  e  entregá-los  em  toda  a  riqueza  da  sua  autenticidade'.  Agora,  no  entanto,  'entende-se  que  um  qualquer  acto  de  conservação  ou  restauração  é  inevitavelmente  um  acto  de  alteração  baseado  num  conhecimento  historicamente  parcial. (A  segmentação  cronológica,  a  parcialidade,  é  premissa  fundamental  que  não  se  pode  preterir..!!).  Dai  que  'o  objectivo  de  autenticidade  não  se  deve  interpretar  como  a  exigência  de  um  estado  absoluto  de  preservação  de  momentos  pré-categorizados  no  tempo.  Antes  bem,  deve  refletir  o  complexo  padrão  de  câmbio  e  recorrência  através  das  idades,  incluindo  o  presente.  Deve  estabelecer-se  quer  em  materiais  interpretativos,  quer  nas  técnicas  de  uma  correta  conservação'.  (Por  quê  carga  de  água  se  bate  sempre  na  tecla  interesseira  do  "complexo  padrão  de  câmbio"  ou  nas  "idades"  ?).  

Artigo  Um  e  o  seu  Contraditório: 

 'Inclui  sabiamente  as  envolventes  urbanas  e  rurais  na  definição  de  'Monumento  Histórico'.  Opõe-se  como  contraditório  o  seguinte:  'Observamos  que  isto  também  pode  incluir  um  padrão  de  assentamento  único  -  historicamente  -  ou  uma  estrutura  organizativa  dentro  da  paisagem,  o  que  pode  incorporar  conhecimentos  importantes  para  futuros  assentamentos'. (Quere-se  legitimar  a  mistura  dos  enformados  novos  e  velhos,  de  maneira  que  isso  suporá  a  legitimação  da  transversalidade  compositiva  desta  arquitetura  globalizada;  existe  de  facto  um  comensalismo  à  vista).    

Artigo  Dois  e  o  seu  Oponente:  

 'Requere-se  o  recurso  de  todas  as  ciências  e  técnicas  que  possam  contribuir  ao  estudo  e  salvaguarda  do  legado  arquitetónico'.  Responde-se  a  isto:  'Ressalvamos  a  importância  da  investigação  científica,  particularmente  para  o  conhecimento,  -útil,  mas  descurado-, personificado  nos  monumentos  históricos, podendo resultar  relevante  de  maneira  imprevisível  para  os  nossos  desafios  atuais  e  futuros.  A  participação  do  público  nos  intercâmbios  científicos,  educativos  e  políticos  sobre  estos  temas  é  vital'. (Há  múltiples  reticências  nossas  quanto  a  isso,  designadamente  em  Oia).  



 

Artigo  Quatro  e  o  seu  Contraditório:

 'Requere-se  a  manutenção  permanente  dos  monumentos'.  Comentário  opositor  salienta  o  seguinte:  'A  manutenção  que  utilize  elementos  novos  compatíveis  não  é  'falso  historicismo',  desde  que  esses  novos  elementos  possam  ser  facilmente  diferenciados  por  expertos,  o  com  a  ajuda  de  materiais  interpretativos' (Apoio  expresso  à  arquitetura  desimpedida  do  presente  é  aqui  chamada  ao  regozijo).  

Artigo  Cinco  e  o  seu  Contraditório: 

 Na  versão  original  'proibe  câmbios  na  distribuição  de  um  edifício,  mesmo  quando  utilizado  para  algúm  propósito  socialmente  útil'.  Revisionistas  respondem  assim:  'Mas  tais  mudanças  podem-se  permitir  onde  a  alternativa  é  ameaça  para  a  sobrevivência  de  um  edifício,  onde  os  câmbios  não  são  desarmónicos  (no  Artigo  6  pede-se  isto)  e  donde  se  conserve  uma  cuidada  documentação  desses  câmbios.  Na  medida  do  possível,  tais  deveriam  incorporar  a  qualidade  e  estrutura  espacial  original  do  edifício'. (Estarão  a  falar  por  acaso  da  abertura  do  Pátio  dos  Laranjais  em  Oia,  dos  translúcidos?).  

(Continuará)  

Artigo precedente.

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