4 de nov. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(169ª parte) 


Vista do Mosteiro de Santa María de Oia
Foto: Santi Baz
   

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia  

 Uma  nota  introdutória  sobre  um  contencioso  que  não  se  quer  admitir  já  se  faz  premente:  Declaração  de  Veneza  de  2007  entra  em  rota  de  colisão  com  a  Carta  de  Veneza  de  1964,  embora  as  novas  arquiteturas  queiram  dar  por  morto  o  assunto.  Por  outras  palavras,  Carta  de  Veneza  é  ainda  referência  basilar  e,  no  entanto,  Declaração  de  2007  constitui  um  dissimulado  revisionismo  da  anterior.  Relativamente  a  esta  questão  há  pareceres  encontrados,  alegando-se  uma  rígida  interpretação  dessa  Carta  da  parte  de  uns  (reticências:  como  se  não  fosse  óbvio  que  a  Carta  redigiu-se  19  anos  depois  de  terminada  a  Segunda  Guerra  Mundial,  com  tudo  o  que  isso  acarretava).  



   

 Vamos  tentar  fazer  um  resumo  do  exposto  nesta  'Declaração  de  Veneza  de  2007,  para  a  conservação  de  monumentos  e  lugares  no  século  XXI'.  'Carta  de  Atenas  de  1931'  fez  um  importante  contributo  ao  desenvolvimento  de  um  movimento  internacional  extenso  para  a  salvaguarda  da  nossa  comúm  herança  para  futuras  gerações.  Posteriormente,  a  'Carta  de  Veneza  de  1964'  dando  conta  de  problemas  que  continuamente  fizeram-se  mais  complexos  e  variados,  revisa  a  Carta  de  Atenas  e  amplia  o  seu  alcance  num  novo  documento.  Aquilo  que  se  segue  num  mínimo  de  quarenta  anos  é  uma  miríada  de  novos  problemas  e  complexidades,  decorrentes  de  ambientes  urbanos  incoerentes  ou  insustentáveis  onde  os  monumentos  históricos  são  elementos  sem  costura  (tal  seria  a  versão  dos  defensores  da   'Carta  de  1964'  face  à   'Declaração  de  Veneza  de  2007',  ensopada  com  novos  supostos  baseados  no  europeu-centrifugismo  e  com  toques  de  evidente  neo-liberalismo  que  pretendem  fazer  tábula   rasa  dos  erros  cometidos  POR  UMA  NOVA  ARQUITETURA  DESIMPEDIDA  no  momento  presente).  A  questão  do  Mosteiro  de  Oia  deve  ser  tratada  com  sossego,  aos  poucos  e  poucos,  envolvendo  atores  que  já  fazem  parte  de  um  histórico,  queiram  ou  não.  'Declaração  de  Veneza  de  2007'  terá  a  nossa  crítica  pontual,  faseada,  visto  formar  parte  de  uma  contemporaneidade  errática  que  se  baseia  na  real  sobreposição  de  acréscimos  na  obra  original,  na  concretização  do  que  não  passa  de  Promoções  Urbanas  Costeiras,  no  desrespeito  pelas  altimetrias  e  no  adensamento  de  espaços  que  atingiram  o  seu  pico  construtivo  há  tempo.  Análise  da  'Declaração  de  Veneza  de  2007'  virá  acompanhada,  lá  chegaremos,  de  'pros  e  contras'  que  hoje  se  negam  de  um  jeito  unidirecional,  quer  da  parte  de  'Rodríguez +  Pintos',  quer  da  parte  da  'RMO'.  Documento  paradoxalmente  redigido  pela  'INTBAU'  não  fala  com  clareza  do  rol  que  deveria  exercer  o  Arrabalde  oiense,  por  exemplo.  Outros  interrogantes  nem  sequer  são  colocados,  sendo  postos  de  parte.  Vamos  desgranar  numa  próxima  colaboração  os  pontos  chave  dessa  'Declaração  de  Veneza  de  2007'.  

(Continuará) 

Artigo precedente.

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