PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(140ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
'Plataforma Estatal de Profesionales de la Arqueología' constituiu-se na cidade de Cádis, no ano de 2018, como expressão de uma fartura e de um repúdio face à situação atual deste ramo da investigação sobre as coisas antigas e menos antigas. No caso de Oia será preciso desdobrar a problemática em duas vertentes:
● Questão das ossadas no espaço monacal ou resultado das pesquisas arqueológicas das pessoas contratadas pela RMO: Foi feito tudo? Assim que não fique esclarecido este particular, RMO não pode, nem deve, avançar com nada. Temos contatado com a ARMH ( Asociación para la Recuperación de la Memoria Histórica) e com a Secretária de Estado de Memória Democrática do Ministério da Presidência para apurar alguns pormenores. Qual é o estado de coisas? Houve pesquisa arqueológica exaustiva e respeito por uma necessária Zona de Proteção? Quem conforma a equipa arqueológica contratada pela RMO? Estão a ser afetadas, ou serão afetadas, as previsíveis zonas de enterro dos represaliados políticos do franquismo em Oia? (note-se que não será igual 'enterro' do que 'sepultamento', sendo o primeiro bem mais irregular ou ilocalizável). Houve 'Zonificação Arqueológica' concretizada nos terrenos do mosteiro? Existe uma 'Carta Arqueológica' específica do cenóbio? Tem havido novas sobre prospecções ou escavações nestes âmbitos espaciais? Os possíveis enterramentos foram o não intervindos ou dignificados? Não temos notícia disso, o qual é grave e revelador.
● Xunta galega tem-se erguido em "ama", em "babá" desta RMO com total descaramento e parcialidade (duas verbas para o templo de 776.000 €, em fevereiro de 2019, e de perto de 900.000 €, em março de 2021, perfazem no entanto essa complacência com os senhores da olívica). Muito embora se trate de quantias realmente pequenas, ajudam a criar um ambiente triunfalista que em nada se corresponde com a situação real da arquitetura religiosa na Galiza e no Estado. Bastava multiplicar por dez esses mais de 800.000 € da segunda verba para cairmos na conta do longe que ficavamos do orçamento reabilitador final do mosteiro todo. Simplesmente, arredondando tais quantias nem atingiamos a metade das despesas precisas para colmatar uma reabilitação em termos. Esse 'pingo a pingo', ainda que se abane o aumento de um 19% orçamental, advém estratégia faseada para torcer a balança em favor do "neoliberalismo cultural" e os tijoleiros (ou 'betonistas', ou 'falsos paisagistas'). Esteve, e ainda está na moda, o arranjo falsamente paisagista de espaços previamente mutilados ou descaraterizados, isto é admitido por todos. Quantos mediucos a exercerem de "paisagistas" haverá nos meios citadinos? Há-os às carradas!...
Falando agora da "PEPA", não é casual essa alusão à Constituição de 1812, dado a Plataforma ter nascido na cidade berço desta constituição histórica. Estatutos gozaram do apoio dos profissionais em Bilbao que, necessariamente, começaram por analisar o quantitativo numérico de arqueólogos em Espanha (calculam-se em 2.500 os arqueólogos ao total). Conferem-se membros em Madrid, Cantabria, Andaluzia, Baleares, Valência, Galiza ou País Basco. A maioria dos integrantes poderia estar no ramo da construção, sendo recrutados para zonas protegidas desde que começam as remoções de terra até estas finalizarem, quer em obras de particulares, quer nas das diferentes administrações. Lei do Património Histórico Espanhol de 1985 tinha previsto comprometer ao promotor, mas este não tem muito entusiasmo pelos achados e quer um arqueólogo barato. As opiniões expressas da parte de arqueólogos profissionais tem todas o mesmo rumo: "Te paga un privado, así que la Administración Autonómica te considera un vendido porque cobras del promotor, y este cree que eres la policía de la Administración". Enfim, uma situação que encaminhou à maioria destes arqueólogos à condição de 'falsos autónomos'.
Uma vez exposto aquilo que há em cada obra, é preciso pedir autorização para a continuação dos trabalhos. Mas até serem dadas essas licenças pode haver um tempo demorado de meses. "Se nos culpa del parón en la obra, que afecta a obreros que no pueden seguir trabajando" afirmam. "Es que ni siquiera se necesita de colegiación para ejercer la profesión; cualquier licenciado, sin la especificidad de ser arqueólogo, puede participar en las convocatorias públicas para intervenir en yacimientos. Se pide Licenciatura en Historia en la disciplina de Arqueología".
Todos os anos são promovidas campanhas en jazidas ou sítios arqueológicos pelas administrações ou universidades. Contabilizam-se 10.000 jazidas em Espanha, sendo que no mínimo 2.500 delas são bens de interesse cultural (BIC). O resto andam desprotegidos e expostos à pilhagem. GRANDE AMEAÇA É CONSTITUÍDA PELAS EXPANSÕES URBANÍSTICAS, dado o património arqueológico ser algo subsidiário. Da mesma maneira, ABANDONO DE JAZIDAS ESCAVADAS, por falta de viabilidade económica, traz resultado similar. Aliás, nem sempre os ditos Parques Arqueológicos e a sua musealização puderam se safar da falta de manutenção. Alguns concelhos os mantiveram, outros nem por isso. Segundo os arqueólogos, administrações locais não têm competências nessa matéria. Resta desvendar quem é quem nas equipas arqueológicas bem como saber para quem trabalham.
(Continuará)
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