15 de xuño de 2020

GOIÁN

PATRIMÓNIO

Comentários sobre San Lourenzo de Goián

(4ª parte)   




ENCONTROS POLIORCÉTICOS/ Goián

 Documento sobre "Qualidade da envolvente nas estruturas abaluartadas" continua assim: "o imperativo ecológico e o requerimento de durabilidade estão na fonte de novos projetos e guiam com frequência a sua elaboração. Os sítios da Rede Vauban são todos espaços de vocação cultural mas também são lugares de passagem, de passeio, de deambulação. São lugares de consentimento, de aprovação. As fortificações, designadamente no meio urbano, são verdadeiros "pulmões verdes". No século XVII, estes sítios eram periféricos mas hoje, com a extensão das cidades, viraram centrais. No caso da praça de Arras distingue-se a velha cidade, coração histórico, e o "pulmão verde", a cidadela, que poderia formar um novo centro. Ao longo dos eixos roteiros, as vías da extensão urbana transformam um espaço periférico num espaço central. Quando os sítios fortificados foram deixados ao abandono ao longo do século XX, a falta de manutenção produzira o crescimento de vegetação. Sobre as fortificações, os grãos podem germinar nas velhas juntas erodidas, ao passo que falcões, morcegos, podem encontrar um local de reprodução. Mato e arbustos formam progressivamente uma barreira que impede toda vista de conjunto sobre o edifício. Neste sentido, a vila de Besançon pilota desde 2004-2005 ações que constatam um equilibrio. De um lado, eliminar as árvores e residuos espontâneos que ameaçam a boa conservação das obras e que impedem a vista sobre certos elementos remarcáveis; de outro lado, esta desvegetalização deve preservar os vegetais que escondem equipamentos urbanos julgados inestéticos. Faz falta gerir rotas arborizadas para os passeantes e espaços à sombra das árvores  para os pique-niques, por exemplo. Um equilibrio deve então encontrar-se entre as aberturas necessárias para a posta em vista dos elementos e a erradicação dos vegetais nocivos. Um gabinete de arquiteto paisagista especializado foi comissionado em 2010 para realizar um estudo paisagista e dar orientações para melhorar a legibilidade do sítio fortificado de Besançon. Cada árvore é estudada caso por caso. O conjunto de realizações paisagistas acabadas ou em curso testemunham o compromisso da cidade por uma abordagem global e duradoura da qual a valorização do património militar é o coração. Dessa maneira, a aportação de Aline Le Coeur, paisagista, foi decisiva para a eliminação da vegetação inútil nas muralhas ou o abate pontual de árvores que tiravam vistas e perspetivas desde os parapeitos. Hoje em día, todos os sítios da Rede Vauban estão comprometidos num renovado paisagismo sem precedentes. A posta em rede dos sítios permitiu criar uma nova dinâmica territorial. O património militar, longe de ser esquecido e deixado ao abandono, converteu-se por contra no coração das políticas urbanas de reconversão. Guía e orienta as vías da requalificação. As paisagens assim recriadas  dependem de uma tripla dinâmica: Cultural, pela patrimonialização; Económica, pelo turismo: e Social e de Envolvente, por causa da renovação urbana; sem que isto suponha dar asas aos elementos locais e atores envolvidos em soluções contratuais ou deturpadoras. Para que o sucesso seja durável, a apropriação dos projetos pelos moradores é fundamental e passa, entre outras considerações, por uma educação do olhar à envolvente urbana.   

 Essa envolvente existe no Forte Novo de Goián e redondezas? Foi suplantado mercê de uma obra "novinha em folha" que criou uma dualidade? Recinto militar coaduna-se com o seu espaço externo? Suportes ou escoramentos metálicos no baluarte de San Diego vieram para ficar? Houve um histórico deste forte, um resumo das suas patologias, das suas atuais carências? Houve registo e calendarização das reformas, dos arranjos? Há três anos fizemos uma análise dessas patologias sem que nada tenha mudado. Continuamos com a dessolidarização de algumas alvenarias e silhares (na poterna, nalguns cunhais ou arestas), crise estrutural do trânsito por falta de um eficaz  trasdoseamento, respeito pelos tiros de fogo dos cavaleiros, proteção dos caminhos de ronda, cuidados de que precisa o matacão ou as guaritas, recompor as troneiras, situação  dos poços. O qué espaço ou envolvente devemos asignar a este forte? Dá-se continuidade ao  forte com as servidões que lhe imporá um Parque Internacional do Baixo Minho e a  sua total antropização? Cómo é que se combinam com esse espaço de respeito e memória a passagem de bicicletas, de viaturas ou de peões? Houve com verdade algúm tipo de cálculo prévio nestas questões, alguma estatística das ações de restauro? Provavelmente, espaços arborizados tenham de ter um tratamento criterioso e homogêneo no futuro; como provavelmente o espaço castrense tenha de se dotar de valências próprias à margem do dito "Espazo Fortaleza". Aquilo que justifica a permanência do glacis é a altitude precedente que vem do lado oeste e a existência de fossos. A obra externa compreendia 6 lunetos, 12 traveses nos caminhos cobertos, 2 corpos de guardia externo e 3 rastrilhos; no interior dispunha de capela, paiol, outros armazéns, quartel de infanteria, quartel de cavalaria, casa do governador, taverna e um poço a prova de bomba. Também apreciam-se hoje 2 poternas,  a maior do lado sul.   

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