PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(66ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Mundialização do turismo implica transladar qualidade de vida dos visitantes ao local escolhido por estes para residir quer em definitivo, quer sazonalmente. Não é imaginável o contrário; apostas nesse sentido não oferecem dúvidas. Fonte para um destino turístico é quem impõe as regras e os contemplados somente poderão aceitar tais regras. No caso de Oia, uma saturação da futura urbanização traduzir-se-á em conformismos de toda classe (individuais, coletivos, visuais) e a própria perversão do sentir estético por causa dos factos consumados (que da sua vez habilitaram aos vizinhos para novos conformismos e impotências). Assim é que funciona "RMO" e o modelo consumista gentrificador, tal como em todo o lado. Estes senhores sabem de côr a psicologia da população receitora e brincam com ela; profissão obriga. Mas, pano de fundo será que população não devia pôr-se nos sapatos da "RMO" sob nenhum conceito.
Vamos falar desses futuros estacionamentos para carros. Obviamente, serão feitos para a urbanizadora e somente para os novos residentes. A isso chamamos colonato, implante e emplastro. Desenho aéreo de tal empreendimento fala de códigos tipicamente citadinos que nada têm a ver com Oia. Projeções lineares indicam-nos uma orientação seja oeste/leste e viceversa, seja norte/sul e viceversa (perpendicularidades) e também oblíquas, bem como encostadas à Estrada PO-552. Oblíquas contabilizam 10 lugares do lado oeste; perpendiculares fazem 39 + 27 lugares (oeste/leste) e 11 + 13 lugares (norte/sul), ou seja, 90 lugares. As encostadas somam 33 lugares. Contando com que isto responda às tentativas reais de inserir no próximo P.X.O.M. este esquema, resultado não será outro senão uma trança artificiosa de linearidades de corte urbano num meio natural precedente. Ou seja, mais uma desfeita que nada condiz com a malha construida geral de Oia, prova dada de que aquilo que se quer é colonato. Perante tais expetativas só resta-nos divulgar este futuro escândalo em tudo quanto for tribuna. Uma mini-urbe, uma mini-colónia que se quer erguer numa zona que devia ser protegida legalmente segundo a LPCG, segundo manda a lei.
Comprimento e seriação são atributos igualmente citadinos nesses estacionamentos, alguns deles omitidos visualmente pelos blocos prediais (outro faz-de-conta), mas que à vista de pássaro revelam um antagonismo formal e cardeal com os arredores. Não cabem desenhos urbanos em âmbitos monacais assim tão próximos, aliás, ao gosto dos invasores da cidade. Citemos thalasso de Mougás COMO PROVA DADA DOS EFEITOS DECORRENTES DO CONFORMISMO VISUAL, DA DESEDUCAÇÃO PATRIMONIAL E DA DEGENERESCÊNCIA DA PAISAGEM. Em Oia, vizinhos conformados são vizinhos maltratados. É muito grave aquilo que se está a passar, porquanto "RMO" segue sem focalizar as premências de um mosteiro que pode ruir, distraindo à população com esse chamariz enganoso dos "eventos", mas sem respeitar nem a normativa europeia nem sequer a autonómica.
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