SI
AO PROCESSO DE PEATONALIZAÇOM,
NOM
AO CAPITALISMO
Desde o Centro Social Fuscalho, queremos fazer umha pequena reflexom a
respeito do processo de peatonalizaçom que se está a dar na nossa vila, A
Guarda, e de toda a confrontaçom de interesses e opinions que esta acarreta.
Por isso, também queremos fazê-la desde o cuidado e a humildade de quem nom está
no poder, nem o ostenta.
Também queremos aclarar antes de nada, que com isto nom queremos defender
nem tomar parte de nenhum partido, e menos ainda defender o processo polo que
se está a levar a cabo esta peatonalizaçom, ao nosso entender, desde umha
maneira opaca, nom participativa e pouco democrática.
Nom é o nosso objetivo criar mais polémica ao respeito, se nom analisar
a situaçom desde umha perspectiva global, fugindo do mero debate da
peatonalizaçom e indo ao problema de fondo, que nom é mais, ao nosso entender,
que o sistema capitalista.
Para isto vamos debulhar 5 pontos, que como veremos, estám estreitamente
ligados ao modelo de vida e mobilidade que hoje está a debate, nom só aqui, se
nom em todo o planeta.
1) TURISMO
O modelo turístico que tem agora mesmo A Guarda é insostível,
ineficiente i elitista, já que está estritamente ligado à hostelaria de vrám, a
qual só cria precariedade laboral, contratos lixo e inestabilidade económica
para as suas trabalhadoras.
Por isto mesmo, cremos necessária umha humanizaçom integral do património
guardés, que integre a toda a vila e a todo o seu património. Nom só é o monte
Trega e o Porto, se nom que temos muito mais património que o Concelho deve
coidar e proteger. E isto deve fazê-lo, sem nengumha outra pretensom mais que a
de ponher em valor o nosso, para o nosso desfrute, e também claro está, para
todas aquelas pessoas que desejem conhecer o nosso entorno de maneira respetuosa
e consciente. Feito que beneficia a todo o comercio local como à povoaçom geral
da nossa comarca.
Por outra banda, necessitamos que este turismo seja consciente, sostível, desestacionalizado,
acessível, respetuso e regulado, longe das grandes masificaçons, contaminaçom e
precariedade que este gera. Nom queremos umha vila para os turistas, queremos
umha vila para nós.
É por isto que a peatonalizaçom, embora tenha que estar feita e
estructurada para @s guardesas e guardeses, também é boa e necessária para
termos um turismo de qualidade, ético e respetuoso.
2) COMERCIO LOCAL
É um argumento recorrido o de que a peatonalizaçom “está a acabar co
comercio local”. Quando sabemos que na maioria dos casos é mentira. O comercio
local leva já tempo morrendo em vida (aqui e em muitos outros lugares do planeta)
e nom é precisamente por um processo de peatonalizaçom, se nom polas próprias
dinámicas do sistema, de reduçom de custos, competiçom, e concorrência
salvagem… onde os que saem ganhando som sempre os mesmos: as grandes
superfícies, os supermercados e os centros comerciais. Por cada supermercado
que abre fecham 5 tendas de barrio.
Nom busquemos culpáveis mais alá de nós, queijamo-nos de perdas
económicas no pequeno comercio e a primeira de cambio estamos a comprar por
internet cousas doutros continentes ou desprazando-nos dúzias de quilómetros
para ir comprar a um centro comercial, para estar a última em moda e comprar
todo aquilo que necessitamos, i em muitos casos, nom necessitamos.
É por isto que é mais necessário do que nunca deixar de consumir em
supermercados e grandes superfícies, e voltar a fazer a vida dentro das vilas nutrindo
a todo o comercio local e ao fim e ao cabo, às nossas vizinhas e vizinhos, e
nom às grandes multinacionais.
Por isso também aqui é mais que necessário avançar na peatonalizaçom.
Para termos umha vila viva com um comercio local vivo.
3) EMIGRAÇOM JUVENIL
Levamos anos vendo como centos de amigas, familiares e companheir@s
vem-se na obriga de marchar cara outros países na busca de um futuro melhor, na
sua maioria juventude. Este desangramento paulatino e continuo é umha prova
mais da inviabilidade económica do sistema capitalista. É a pescada que se morde
a cola: quantas mais máquinas - menos trabalho – menos consumo – mais
precariedade – mais pobreça – e mais emigraçom. Mais nom nos confundamos, as
máquinas nom som o problema, o problema reside na privatizaçom destas, que em
vez de estar ao serviço do povo estám ao serviço duns poucos, engrossando as
suas contas bancarias.
Podemos pensar que isto nom tem a ver co tema que queremos tratar, mas tem-no
e muito. É a emigraçom juvenil um fator determinante no estancamento e oxidaçom
de qualquer povo, sem juventude nom hai ideias novas, nom hai empreendimento,
nom hai inovaçom e qualquer povo perde o dinamismo e a força que ela leva dentro.
É por isso que a juventude que conformamos o Fuscalho cremos firmemente
em que só um povo humanizado, acessível e cum modelo de mobilidade atrativo
para a gente nova e os seus negócios e projetos, pode parar ou polo menos
diminuir, este desangramento juvenil constante e silencioso.
4) COCHES PARA TODO
Como podemos seguir defendendo o uso dos coches para todo, quando temos
umha crise ambiental gravíssima e umha crise de hábitos saudáveis e alimentaçom
catastrófica? Em que sociedade cabe isto na cabeça? A única resposta possível é
que sejamos umha sociedade enferma, e o certo é que a somos… As comodidades
ganham-se mui facilmente mas é duro perde-las. Mais hai cousas que hoje em dia
nom som umha comodidade tam sequer, se nom umha enfermidade. Este é o caso dos
coches, ou mais bem do seu uso indevido ou excessivo.
Desde a apariçom destes, o seu uso apenas se regulou e agora que
queremos fazê-lo é um problema, claro. Mais é algo que temos que fazer desde
já, porque nem é sostível nem saudável, nem para nós nem para o planeta.
Entom, é precisamente a peatonalizaçom um processo mais que necessário
para começar a diminuir o uso dos coches entre nós, e facilitar-nos assi,
modelos de vida mais saudáveis e eficientes energeticamente.
5) DEMOCRACIA DIRETA
Por último queremos aproveitar para fazer umha última reflexom sobre os
precedentes que desencadearom neste debate, hoje público e de grande
controvérsia.
É democracia que um partido, ou seja um grupo reduzido de pessoas, fagam
e desfagam ao seu antolho o que queiram durante 4 anos?
A democracia nom é isso. Democracia é votar e debater a diário. É enfrentar
ideias e ideais entre @s vizinh@s, mais alá dos bares. É ser participe da vida
política diária. Em definitiva é ser donos das nossas vidas e nom marionetas de
partidos supeditados na sua maioria ao IBEX 35, a Uniom Europeia e aos grandes
interesses económicos mundiais.
Houveramos chegado a
este punto se os projetos se foram explicando e debatendo no dia a dia entre a
vizinhança? Ou é que pensam que nom seriamos capazes de
entendê-lo? Ou simplesmente de cambiar de parecer umha vez nos explicaram quais
som os benefícios que tem a peatonalizaçom?
É por isto que hoje mais que nunca é necessário superar o modelo de
partidos e ganhar espaços de poder popular, onde poidamos gestionar os nossos
barrios e as nossas vilas entre tod@s. Onde a democracia seja direta, sem
intermediários, e sem opacidades. Ser capazes de aprender d@s outr@s e a vez de
pensar por nós mesm@s, de maneira crítica e autónoma.
Em definitiva devemos criar desde já um mundo socialmente igual,
equitativamente justo, livre de qualquer opressom i em harmonia coa natureza.
Vila da Guarda a 8 de
outubro de 2019
Assembleia do Centro Social Fuscalho
(R.)
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