8 de out. de 2019

TRIBUNA ABERTA



SI AO PROCESSO DE PEATONALIZAÇOM,
NOM AO CAPITALISMO

  
Desde o Centro Social Fuscalho, queremos fazer umha pequena reflexom a respeito do processo de peatonalizaçom que se está a dar na nossa vila, A Guarda, e de toda a confrontaçom de interesses e opinions que esta acarreta. Por isso, também queremos fazê-la desde o cuidado e a humildade de quem nom está no poder, nem o ostenta.

Também queremos aclarar antes de nada, que com isto nom queremos defender nem tomar parte de nenhum partido, e menos ainda defender o processo polo que se está a levar a cabo esta peatonalizaçom, ao nosso entender, desde umha maneira opaca, nom participativa e pouco democrática.

Nom é o nosso objetivo criar mais polémica ao respeito, se nom analisar a situaçom desde umha perspectiva global, fugindo do mero debate da peatonalizaçom e indo ao problema de fondo, que nom é mais, ao nosso entender, que o sistema capitalista.

Para isto vamos debulhar 5 pontos, que como veremos, estám estreitamente ligados ao modelo de vida e mobilidade que hoje está a debate, nom só aqui, se nom em todo o planeta.


1) TURISMO

O modelo turístico que tem agora mesmo A Guarda é insostível, ineficiente i elitista, já que está estritamente ligado à hostelaria de vrám, a qual só cria precariedade laboral, contratos lixo e inestabilidade económica para as suas trabalhadoras.

Por isto mesmo, cremos necessária umha humanizaçom integral do património guardés, que integre a toda a vila e a todo o seu património. Nom só é o monte Trega e o Porto, se nom que temos muito mais património que o Concelho deve coidar e proteger. E isto deve fazê-lo, sem nengumha outra pretensom mais que a de ponher em valor o nosso, para o nosso desfrute, e também claro está, para todas aquelas pessoas que desejem conhecer o nosso entorno de maneira respetuosa e consciente. Feito que beneficia a todo o comercio local como à povoaçom geral da nossa comarca.

Por outra banda, necessitamos que este turismo seja consciente, sostível, desestacionalizado, acessível, respetuso e regulado, longe das grandes masificaçons, contaminaçom e precariedade que este gera. Nom queremos umha vila para os turistas, queremos umha vila para nós.

É por isto que a peatonalizaçom, embora tenha que estar feita e estructurada para @s guardesas e guardeses, também é boa e necessária para termos um turismo de qualidade, ético e respetuoso.


2) COMERCIO LOCAL

É um argumento recorrido o de que a peatonalizaçom “está a acabar co comercio local”. Quando sabemos que na maioria dos casos é mentira. O comercio local leva já tempo morrendo em vida (aqui e em muitos outros lugares do planeta) e nom é precisamente por um processo de peatonalizaçom, se nom polas próprias dinámicas do sistema, de reduçom de custos, competiçom, e concorrência salvagem… onde os que saem ganhando som sempre os mesmos: as grandes superfícies, os supermercados e os centros comerciais. Por cada supermercado que abre fecham 5 tendas de barrio.

Nom busquemos culpáveis mais alá de nós, queijamo-nos de perdas económicas no pequeno comercio e a primeira de cambio estamos a comprar por internet cousas doutros continentes ou desprazando-nos dúzias de quilómetros para ir comprar a um centro comercial, para estar a última em moda e comprar todo aquilo que necessitamos, i em muitos casos, nom necessitamos.

É por isto que é mais necessário do que nunca deixar de consumir em supermercados e grandes superfícies, e voltar a fazer a vida dentro das vilas nutrindo a todo o comercio local e ao fim e ao cabo, às nossas vizinhas e vizinhos, e nom às grandes multinacionais.

Por isso também aqui é mais que necessário avançar na peatonalizaçom. Para termos umha vila viva com um comercio local vivo.


3) EMIGRAÇOM JUVENIL

Levamos anos vendo como centos de amigas, familiares e companheir@s vem-se na obriga de marchar cara outros países na busca de um futuro melhor, na sua maioria juventude. Este desangramento paulatino e continuo é umha prova mais da inviabilidade económica do sistema capitalista. É a pescada que se morde a cola: quantas mais máquinas - menos trabalho – menos consumo – mais precariedade – mais pobreça – e mais emigraçom. Mais nom nos confundamos, as máquinas nom som o problema, o problema reside na privatizaçom destas, que em vez de estar ao serviço do povo estám ao serviço duns poucos, engrossando as suas contas bancarias.

Podemos pensar que isto nom tem a ver co tema que queremos tratar, mas tem-no e muito. É a emigraçom juvenil um fator determinante no estancamento e oxidaçom de qualquer povo, sem juventude nom hai ideias novas, nom hai empreendimento, nom hai inovaçom e qualquer povo perde o dinamismo e a força que ela leva dentro.

É por isso que a juventude que conformamos o Fuscalho cremos firmemente em que só um povo humanizado, acessível e cum modelo de mobilidade atrativo para a gente nova e os seus negócios e projetos, pode parar ou polo menos diminuir, este desangramento juvenil constante e silencioso.


4) COCHES PARA TODO

Como podemos seguir defendendo o uso dos coches para todo, quando temos umha crise ambiental gravíssima e umha crise de hábitos saudáveis e alimentaçom catastrófica? Em que sociedade cabe isto na cabeça? A única resposta possível é que sejamos umha sociedade enferma, e o certo é que a somos… As comodidades ganham-se mui facilmente mas é duro perde-las. Mais hai cousas que hoje em dia nom som umha comodidade tam sequer, se nom umha enfermidade. Este é o caso dos coches, ou mais bem do seu uso indevido ou excessivo.

Desde a apariçom destes, o seu uso apenas se regulou e agora que queremos fazê-lo é um problema, claro. Mais é algo que temos que fazer desde já, porque nem é sostível nem saudável, nem para nós nem para o planeta.

Entom, é precisamente a peatonalizaçom um processo mais que necessário para começar a diminuir o uso dos coches entre nós, e facilitar-nos assi, modelos de vida mais saudáveis e eficientes energeticamente.


5) DEMOCRACIA DIRETA

Por último queremos aproveitar para fazer umha última reflexom sobre os precedentes que desencadearom neste debate, hoje público e de grande controvérsia.

É democracia que um partido, ou seja um grupo reduzido de pessoas, fagam e desfagam ao seu antolho o que queiram durante 4 anos?

A democracia nom é isso. Democracia é votar e debater a diário. É enfrentar ideias e ideais entre @s vizinh@s, mais alá dos bares. É ser participe da vida política diária. Em definitiva é ser donos das nossas vidas e nom marionetas de partidos supeditados na sua maioria ao IBEX 35, a Uniom Europeia e aos grandes interesses económicos mundiais.

Houveramos chegado a este punto se os projetos se foram explicando e debatendo no dia a dia entre a vizinhança? Ou é que pensam que nom seriamos capazes de entendê-lo? Ou simplesmente de cambiar de parecer umha vez nos explicaram quais som os benefícios que tem a peatonalizaçom?

É por isto que hoje mais que nunca é necessário superar o modelo de partidos e ganhar espaços de poder popular, onde poidamos gestionar os nossos barrios e as nossas vilas entre tod@s. Onde a democracia seja direta, sem intermediários, e sem opacidades. Ser capazes de aprender d@s outr@s e a vez de pensar por nós mesm@s, de maneira crítica e autónoma.

Em definitiva devemos criar desde já um mundo socialmente igual, equitativamente justo, livre de qualquer opressom i em harmonia coa natureza.



Vila da Guarda a 8 de outubro de 2019

Assembleia do Centro Social Fuscalho
(R.)

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