18 de out. de 2018

ALMEIDA (PORTUGAL)

PATRIMÓNIO

Almeida na encruzilhada dos vaubanianos

(14ª parte) 

   
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Almeida 
   
 Tem Almeida um curioso misto de arquitetura erudita e popular na sua malha urbana, preservada por sinal graças ao enformado em estrela. A expansão populacional não originou rasgo nenhum nas suas muralhas e até reparamos nalgum pomério espacial próximo destas. Chama a atenção o protagonismo no recinto interno das casas beirãs e essas outras brasonadas (no primeiro caso, com múltiplicidade de plantas terrenas ou com andar). De entre essa expressão nada desprezível de casas civís eruditas ou residenciais, destacamos características comuns a todas elas, como são a bicromia caiação/pedra; simetria geral os vãos; brasão familiar; reforço estrutural dos extremos abase de pilastras; janelas quer de gradeado, quer de peitoril (seja de duas folhas, seja de corrimento vertical); finalmente, de planta mais em bloco ou de disposição mais abrangente e horizontalista. Umas assentam em lenços longos dentro dos largos; outras, nos cantos das prazetas. Contudo, os frontais estavam melhor tratados que as suas traseiras  (às vezes verdadeiros pardieiros). Pertencem todas à faixa cronológica de finais do século XVII, setecentistas e oitocentistas, destacando a Casa dos Governadores, Casa João Dantas da Cunha, Casa António Pereira Fontão Junior, Casa do Brigadeiro Vicente Delgado Freire, Palácio dos Leitões, Casa dos Vedores Gerais e um elenco de casas sem um grande aparato nem extravagâncias que também  e reclamam do nobre.


 Destacam por sí só a quinhentista Casa da Câmara e o Quartel das Esquadras (XVIII), de Manuel de Azevedo Fortes e José Fernandes Pinto de Alpoim. Já, no baluarte de Nossa Sra. das Brotas sedia-se o Picadero  D,El Rei. No baluarte de Sta. Bárbara temos a Praça Alta para tiros à barbeta e uma Bateria Baixa para lançamento de morteiros. Para além do Revelim Duplo, o baluarte de São João de Deus dispõe vinte casamatas abobadadas, sendo hoje o Museu Histórico Militar. De resto, as Portas Duplas de Sto. António, no revelim do mesmo nome, são da autoria de Jerónimo Velho de Azevedo (s. XVII) e as Portas Duplas de São Francisco, de Pierre Garsin. Um Quartel e Hospital Militar, antigo Convento de Nossa Senhora do Loreto (Freiras Terceiras Regulares) e atual Igreja Matriz, abrange quatro séculos. Outros edifícios de renome são: Igreja da Misericórdia (s. XVII); Torre do Relógio (1830); os espaços do Centro de Estudos de Arquitetura Militar de Almeida ou o Velho Castelo almeidense, cuja última intervenção reformadora, século XVI, atribuiu-se a Francisco Danzilho. Temos redigido a grandes traços os conteúdos  monumentais desta praça de Almeida; agora, toca a festejar a sua vinculação com os enclaves do Pre-Carré francês através de uma comparativa minimamente criteriosa da Primeira e Segunda linhas de fronteira.  

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