17 de abr. de 2018

VALENÇA DO MINHO

PATRIMONIO

Conceitos chave na origem de Valença do Minho à candidatura Património da Unesco



Em Comemoração do Día Internacional dos Monumentos e Sítios

ENCONTROS  POLIORCÉTICOS / Valença do Minho

 A Extensão da Lista de Sitios Maiores de Vauban, classificados em 2008 como Património da Humanidade, previa uma eventual inclusão de fortalezas portuguesas fronteiriças; ideia oportuna e sinal da internacionalização histórica do modelo constructivo vaubaniano. Assim sendo, uns ficaram um tanto perplexos; outros, continuaram acreditando nesta inteligente iniciativa. Porém, a data do chamado  “Formulaire pour la Soumission d´une Liste Indicative pour les futures propositions d´Inscription Transfrontalières et Transnationales en série” tem efeito o día 30 de Janeiro de 2016, cuja continuidade viu-se reforçada em sucessivos encontros e ratificações que, aliás, alargaram a lista (Elvas e Marvão). A praça de Almeida ía já no pacote com toda a honra e merecimento. Pena, não ter acrescentado uma outra praça de inequívoca pegada francesa como Monção, quanto mais não seja pela filiação de Elvas a planimetrias holandesas. Dito isto, era obvio que a França jogou o seu papel  “à maneira”, com critérios de excelência. Sem embargo, há quem não queira ou não saiba aceitar essa realidade; muito menos ainda, reconhecer a tratadística militar, a poliorcética, o papel conformador das praças fortes. Esta problemática persiste em Valença ainda hoje.  



 Na origem, a incorporação das vilas de Valença e Almeida à extensão da Lista tinha em conta dados irrefutáveis: A contemporaneidade da fortificação clássica, apesar das distâncias; embora não houvesse filiação nenhuma, relação material nenhuma. Com efeito, se as primeiras fortificações são construidas apartir de 1640 (e concebidas como um sistema completo ao longo da Guerra de Independência até 1668), ou seja antes do período Vauban (1669-1707), não se pode negar que engenheiros franceses têm intervido na sua construção desde o seu início e até o século XVIII e que pode ter havido uma influência francesa nestes sitios fortificados. Os vindos da França erão Charles Lassart, Pierre Garsin ou Giles de Saint -Paul na primeira fase da guerra; depois viriam Nicolas de Langres ou Alain Manesson Mallet. Nos últimos decénios do XVII e primeiro quarto do XVIII trabalham no Minho Michel Lescolles e o seu discípulo Manuel Pinto Villalobos. 



 Lescolles fez uma fortificação bastionada de duplo cinto em que uma parte soube se adaptar ao tecido urbano medieval. Ao total, a obra abrange umas 50 hectares de superfície. Composta de duas partes interligadas, Coroada e Magistral (velha cidade), a fortaleza moderna de Valença dispõe de 10 baluartes e 2 semibaluartes, 5 meias luas, 5 morteiros, 6 redentes, 2 contraguardas, 2 proteções para as faces dos bastiões, 1 tenalha, 6  portas, 3 poternas e  33 guaritas. Os emprazamentos para 214 canhões falam bem alto deste posto militar.       



 A planta em duplo plano, pentagonal e hexagonal, e um perfil com diversos níveis defensivos, cobren uma área de 47,6 hectares. Um primeiro nível é afixado pelo caminho coberto em redor do fosso com uma superfície de 21,894 hectares. O segundo nível, autêntico limite da obra de defesa, as falsas bragas, tem uma área de 12,198 hectares. As meias luas fazem outros 8.439 m2. Já, o terceiro nível, a plataforma superior dos baluartes, perfaz 10,278 hectares. 

 Ainda mais, o nó urbano tem 21,223 hectares e está composto de 224 imóveis, formando 32 blocos distribuidos pela Magistral e a Coroada. De sublinhar os edifícios d origem militar: Paiol de Mars (1715), Paiol de Bucher (1713) o Palácio do Governo Militar (1783) a Capela militar do Bom Jesús (1700) e, enfim, 10 casamatas espalhadas em varios pontos do enclave.  

(Continuará…)     

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