PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(223ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Continuando com o agradabilíssimo texto de Jorge Virgolino Ferreira, onde ficam evidenciadas as falhas inerentes de um grupo privado e as limitações a que se vê supeditado (Através dessa autêntica linguaragem do 'limiar de rendibilidade', 'ponto de equilíbrio' ou 'eficácia de custo', para além de outras salgalhadas bem próprias do uso portuário olívico, tal como a logística aplicada sem rubor ao património cultural).
Assim sendo, conferido tal disparate e posto evidentemente em causa, refere o nosso autor: 'Força hidraúlica como motriz aplicada à atividade industrial, além deste feito maior, quase monopolizado e que não se esgota em si, ganham também eco e nexo admiráveis várias obras de construção, modelação, manutenção e garantia de pureza bacteriológica da água para o consumo doméstico e os eficazes sistemas integrados de evacuação final dos esgotos, que completam e legitimam tal mestria, actualização e importância emergentes para aquele recuado tempo. Pelo valor histórico e sentido hidraúlico qualificados e implícitos, o conteúdo e a riqueza dessas ações e razões objectivas corroboram e autorizam, quiça sem exagero de asserção, o argumento favorável a uma intuída e firmada 'praxis' ou escolaridade cisterciense de arquitetura hidraúlica medieval'.
Considerações e perspetivas tidas em conta por Jorge Virgolino Ferreira: 'O levantamento topográfico, arquitetónico e de registo visual, rigoroso e explícito, da rede hidraúlica de um mosteiro antigo é um afã dispendioso, pelos meio técnicos e humanos implicados. De maneira geral, os circuitos da água são subterrâneos, principalmente no recinto monástico; logo, ordenam a realização prévia de trabalhos de prospeção arqueológica extensos, para o seu exame físico e análise pormenorizados. Estas tarefas continuam a faltar-nos, em parâmetros satisfatórios, e a impedir ou limitar a legibilidade garantida e reconstituída dos hidrossistemas, de montante a jusante, e a dificultar a sua cronologia faseada e exacta. Daí que, em muitos complexos abaciais, a nossa avaliação hidraúlica fique irremediavelmente circunscrita à hipóteses e ideias vagas ou especulativas, acerca do seu modo e conceição funcional. Permanecem por identificar e esclarecer algumas questões obscuras ou lacunares, relativas ao itinerário das condutas, que constituem um estímulo e um convite para o prosseguimento e debate das nossas pesquisas. A maioria dessas estruturas AINDA SE CONSERVA 'IN SITU', OCULTAS OU SUPERFICIAIS, no termo dos antigos cenóbios, mas em estado de abandono, desgaste ou desmembramento generalizados'.
E finaliza o professor aposentado assim: 'Perante as dificuldades e restrições supracitadas, compreende-se a imerecida incipiência da investigação arqueológica portuguesa, quanto ao audacioso labor construtivo hidraúlico cisterciense, mas a reclamar mais apreço futuro e dignificação patrimonial. Por conseguinte, a averiguação do impulso e da competência historicamente atribuídos ao esforço mobilizador e ao génio politécnico dos discípulos de São Bernardo de Claraval (1090 - 1153), para as práticas de economia e gestão dos recursos hídricos, é um tema especial que ainda está nos seus inícios, entre nós´. (Es, en definitiva, recuperar una rama de la arqueologia que fue obviada. A este llamado están citados historiadores, ingenieros, arquitectos y equipos arqueológicos independientes).
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