12 de xul. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(223ª parte)    


Igreja de Santiago de Corneda (O Irixo), no 'Camiño Miñoto Ribeiro

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia  

 Continuando  com  o  agradabilíssimo  texto  de  Jorge  Virgolino  Ferreira,  onde  ficam  evidenciadas  as  falhas  inerentes  de  um  grupo  privado  e  as  limitações  a  que  se  vê  supeditado  (Através  dessa  autêntica  linguaragem do  'limiar  de  rendibilidade',  'ponto  de  equilíbrio'  ou  'eficácia  de  custo',  para  além  de  outras  salgalhadas  bem  próprias  do  uso  portuário  olívico,  tal  como  a  logística  aplicada  sem  rubor  ao  património  cultural).    

 Assim  sendo,  conferido  tal  disparate  e  posto  evidentemente  em  causa,  refere  o  nosso  autor:  'Força  hidraúlica  como  motriz  aplicada  à  atividade  industrial,  além  deste  feito  maior,  quase  monopolizado  e  que  não  se  esgota  em  si,  ganham  também  eco  e  nexo  admiráveis  várias  obras  de  construção,  modelação,  manutenção  e  garantia  de  pureza  bacteriológica  da  água  para  o  consumo  doméstico  e  os  eficazes  sistemas  integrados  de  evacuação  final  dos  esgotos,  que  completam  e  legitimam  tal  mestria,  actualização  e  importância  emergentes  para  aquele  recuado  tempo.  Pelo  valor  histórico  e  sentido  hidraúlico  qualificados  e  implícitos,  o  conteúdo  e  a  riqueza  dessas  ações  e  razões  objectivas  corroboram  e  autorizam,  quiça  sem  exagero  de  asserção,  o  argumento  favorável  a  uma  intuída  e  firmada  'praxis'  ou  escolaridade  cisterciense  de  arquitetura  hidraúlica  medieval'.  



    

 Considerações  e  perspetivas  tidas  em  conta  por  Jorge  Virgolino  Ferreira:  'O  levantamento  topográfico,  arquitetónico  e  de  registo  visual,  rigoroso  e  explícito,  da  rede  hidraúlica  de  um  mosteiro  antigo  é  um  afã  dispendioso,  pelos  meio  técnicos  e  humanos  implicados.  De  maneira  geral,  os  circuitos  da  água  são  subterrâneos,  principalmente  no  recinto  monástico;  logo,  ordenam  a  realização  prévia  de  trabalhos  de  prospeção  arqueológica  extensos,  para  o  seu  exame  físico  e  análise  pormenorizados.  Estas  tarefas  continuam  a  faltar-nos,  em  parâmetros  satisfatórios,  e  a  impedir  ou  limitar  a  legibilidade  garantida  e  reconstituída  dos  hidrossistemas,  de  montante  a  jusante,  e  a  dificultar  a  sua  cronologia  faseada  e  exacta.  Daí  que,  em  muitos  complexos  abaciais,  a  nossa  avaliação  hidraúlica  fique  irremediavelmente  circunscrita  à  hipóteses  e  ideias  vagas  ou  especulativas,  acerca  do  seu  modo  e  conceição  funcional.  Permanecem  por  identificar  e  esclarecer  algumas  questões  obscuras  ou  lacunares,  relativas  ao  itinerário  das  condutas,  que  constituem  um  estímulo  e  um  convite  para  o  prosseguimento  e  debate  das  nossas  pesquisas.  A  maioria  dessas  estruturas  AINDA  SE  CONSERVA  'IN  SITU',  OCULTAS  OU  SUPERFICIAIS,  no  termo  dos  antigos  cenóbios,  mas  em  estado  de  abandono,  desgaste  ou  desmembramento  generalizados'.    

 E  finaliza  o  professor  aposentado  assim: 'Perante  as  dificuldades  e  restrições  supracitadas,  compreende-se  a  imerecida  incipiência  da  investigação  arqueológica  portuguesa,  quanto  ao  audacioso  labor  construtivo  hidraúlico  cisterciense,  mas  a  reclamar  mais  apreço  futuro  e  dignificação  patrimonial.  Por  conseguinte,  a  averiguação  do  impulso  e  da  competência  historicamente  atribuídos  ao  esforço  mobilizador  e  ao  génio  politécnico  dos  discípulos  de  São  Bernardo  de  Claraval  (1090 - 1153),  para  as  práticas  de  economia  e  gestão  dos  recursos  hídricos,  é  um  tema  especial  que  ainda  está  nos  seus  inícios,  entre  nós´.  (Es,  en  definitiva,  recuperar  una  rama  de  la  arqueologia  que  fue  obviada.  A  este  llamado  están  citados  historiadores,  ingenieros,  arquitectos  y  equipos  arqueológicos  independientes).

 Artigo precedente. 

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