PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(220ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Discurso da mercantil 'RMO' relativamente à POLIORCÉTICA está profundamente desviado, errando grandemente em quase todos os supostos que dão garantia à finalidade específica de um MOSTEIRO-BALUARTE. Não será o mesmo referir um mosteiro cisterciense a secas que fazer menção de um mosteiro- fortaleza (la intencionalidad es un recurso típicamente turístico y un error craso desde el punto de vista de la castellología). Limitar o cometido militar deste mosteiro é negar de raíz a função permanente para o qual foi erguido esse incomensurável basamento; sendo obvio que no caso que nos ocupa reduzem-se datas ou eventos quase sem dar por isso. Primeiro deslize da mercantil. Acrescenta-se, aliás, o facto desta empresa multinacional fazer um somatório regular, constante, de 'lagunas' teóricas e empíricas relativas à história dos complexos religioso-militares na Península Ibérica. (Quedan definidos por sus declaraciones fuera de lugar y por su gratuidad).
Mas vinhamos neste artigo servimo-nos de um artigo demolidor do arqueólogo Xurxo Ayán acerca de passados modelos turísticos implementados na costa galega desde os tempos do Sr. Fraga Iribarne. Frases contundentes, realidade exponencial e efeitos atuais inevitáveis. Eis o exposto por Xurxo Ayán:
● Depredação sistemática do litoral.
● Desmoche patrimonial de vilas e povoações (racionalização urbanística).
● Concentração na reabilitação de edifícios religiosos, mosteiros, conventos e catedrais.
● Apoio institucional à recuperação social do culto Jacobeu.
● Naturalização de um modelo de desenvolvimento baseado em projetos de corte totalitário.
'Nos anos 60 do século passado implementaram-se os modelos dos 'Miradores', as festas de 'Interesse Turístico' (exaltação gastronómica), as 'reservas de Caza', os 'cotos de Pesca' ou os 'Paradores' de Fraga. Nos anos 80, Folklore, Desenvolvimento e Religião eram uma mesma coisa. A mitomania da 'Galicia Verde', 'Galicia Celta', 'Galicia Máxica' ou 'Galicia Terra Meiga' foram uma constante'. Sempre segundo o citado Xurxo Ayán, o Fraguismo (1990- 2007) estabelecia o seguinte:
● Planos de desenvolvimento comarcal e aplicação dos fundos de coesão. Consolida-se todo o discurso tecnocrático de desenvolvimento sustentável, a reconversão rural e o turismo cultural, âmbitos NAS MÃOS DE TÉCNICOS E BURÓCRATAS.
● As comunidades locais ficam marginalizadas dos âmbitos de decisão.
● Projetos arqueológicos focados em consolidar interesses profissionais, corporativos e burocráticos, longe dos públicos.
● Consolidação de um modelo de controlo político no meio rural onde o poder local redistribui as ajudas europeias.
● Políticos que querem aceder aos fundos FEDER, LEADER, LEADER PLUS, etc..pelo interesse.
● Mercantilização do Património Cultural, denunciado nos âmbitos académicos.
● O Património é um nicho de mercado, os cidadãos são clientes, as viagens organizadas são 'trips', o público potencial classifica-se segundo 'targets'. Conversão da coisa pública numa 'tour operadora' sem escrúpulos, que EMPACOTA, 'IMSERSIZA' E COUSIFICA à cidadania.
Xurxo Ayán, falando do Monte de Santa Tegra, diz: 'Gerido desde a década de 1910 pela Sociedade Pro Monte Santa Tegra e promovido turisticamente desde o primeiro terço do século XX' , e a seguir continua com um relato corajoso e incómodo, mas real: 'Os responsáveis do 'trip' concedem dez minutos de lazer ao total por forma a:
● Tomar uma consumição no bar.
● Comprar souvenirs - entre 'kitsch' e 'gore'-.
● Visitar à Santa na capela.
● Tirar fotografias no miradouro.
● Observar o Atlântico pelos telescópios sessentistas.
● Mijar.
● Visitar o museu local.
● Descer e ver o espaço doméstico do Castro.
'Santa Tegra é o único castro que inscreve-se nos circuitos turísticos desenhados pelos 'tour operadores' que trabalham na Galiza', para além disso, Xurxo Ayán especifica: 'Os Geodestinos são expressão do modelo falhado das duas últimas décadas; um artificioso mapa de comarcalização baseado na comarca e não na paróquia'.
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