PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(168ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Vamos adiar um bocadinho, para próximos capítulos, o 'Caminho Minhoto Ribeiro' e centrar os nossos comentários nos últimos alardes vazios protagonizados por personagens da vida pública de fora e dentro de Oia. Assim, Dna. Cristina Correa Pombal, representante do Feijoismo e dos Tijoleiros no concelho, fez mais uma asneira aquando falava de acrescentar mais espaços de propriedade camarâria para ESTACIONAMENTOS, visando assim dar um pisco de olhos aos verdadeiros donos da bola em Oia e dando assim asas à turistificação mais pura, simples e descarnada. Entretanto, os socieiros cobrem de sinalética para-eleitoral, QUANDO NÃO TOCA, projeções visuais que são pertença de todos, contrariando aliás normativas relativas a isto. O foguete final vai ser protagonizado pelo 'Padre Feijóo' e o Vicepresidente primeiro (Alfonso Rueda) na sua deslocação a Portugal, sugerindo que a 'TAP' siga à risca o plano turistificador do governo neo-liberal e desenvolvista do P.P. Bem parece que o tratamento dado à 'TAP' pareça um esquecimento da soberania nacional portuguesa, não sim?. 'Marca Galicia' desrespeitou a europeidade dos caminhos todos e quis impor um modelo infantilizado de BATER TODOS OS RECORDES. Deve ser que andem, talvez, um bocado pedrados, siderados, com tanto Jacobeu Duplo, não é? A verdade seja dita: Este Jacobeu evidencia as suas fissuras, que não são poucas, estando ligadas à turistificação mais desregrada en quase todos os roteiros. Jacobeu 21-22 provém de outros, onde o primado da lei brilha pela ausência, às vezes propositada. Pode-se referir um Jacobeu esvaziado, frívolo, de reserva hoteleira e mais nada (podem comprovar isto na crudeza, na artificialidade que se confere em Portomarín, por exemplo, no roteiro miolo do 'Caminho Francês': Mercantilização, banalização e por aí fora. Igreja- fortaleza de São Nicolás está de verdade 'feita ao bife', acosada morfológicamente por anexos, caixas-automáticas, sinalética agressiva e hotelaria). Também, em Santiago há sinais preocupantes de vandalismo sobre expressões artísticas várias; de facto, Santiago é um circo e uma oda à turistificação insensata.
Há um contrasenso evidente em redor de tudo o que faz e pratica 'RMO' relativamente a Oia. Homenagem a D. Grato Ernesto Amor Moreno e D. Carlos del Rio prova de novo que 'RMO' está fechada em sí própria, não dando ouvidos a outros pareceres. Quatro décadas de trabalho e pesquisa em apoio de uma variante do verdadeiro Caminho Português será opção livre, mas isso ao pé de rotas jacobeias e medievais lusas é piada de mau gosto, senhores da 'RMO'. 40 anos no advir de um cobiçado roteiro são uns poucos lustros que o vento leva sem darmos conta (condizendo, aliás, com a idade que colmata D. Xoan Martínez Reboredo). Unidirecionalidade e cegueira vão de mãos dadas nesta calculada calendarização de eventos. Problema está nisso, na ausência propositada de um debate (não havendo esse debate, está 'meio caminho andado'...). Em Oia faltam atores anônimos que arquiteturem soluções diferentes, garantidamente; faltam vozes independentes que acautelem aos oienses sobre aquilo que se pretende concretizar na vila. Em junho deste ano, 'Encontros Poliorcéticos' apresentou queixa ou denúncia previdente perante a 'Direção Geral do Património Cultural' galega, no sentido de dar corpo a 'timings' e históricos necessários para poder estabelecer em termos lógicos essa desejada HISTÓRIA de pros e contras que, vejam só, 'anda à monte'. Discurso paisagista é burlado ou substituido abase de sucedâneos; consistência provada dos velhos caminhos portugueses é preterida; um caminho adjacente, uma variante, é sagrada de 'monacal' como se o resto não o fosse (sic), provocando um rasgar de vestes localista, endógeno.
Associação de 'Amigos dos Pazos' faz um trabalho de divulgação do património cultural galego, isso é ponto assente, mas fica ainda longe do criado pela iniciativa 'CASA NOBRE' em Arcos de Valdevez, que já anuncia para novembro do ano de 2022 o seu '6° Congresso Internacional' (o 'Instituto de Estudos Galegos Padre Sarmiento' já participou em tempos no evento). 'Amigos dos Pazos' deve se amoldar às novas linguagens decorrentes da gramática da pedra, dos muros e valados (veja-se Gabriella Casella), deve se introduzir na chamada 'Hipervalorização das pré-existências' por forma a criar um tratamento igual entre arquitetura vernacular e arquitetura erudita. Para além disso, o pazo galego refere elementos formais próprios do torreado ou ameado em erguidos civís bem interessante. Repare-se numa coisa: os caminhos todos para Santiago são um somatório dessas manifestações e não cabem diferendos nenhuns. Grato Amor é um desenhador em plumilha e muitas coisas mais. Mas, pondo de parte estas considerações, o que é que terá a ver isto com uma urbanização crivada de interrogantes de natureza paisagista e com acréscimos nos fechos perimetrais do mosteiro? 'RMO' põe empecilhos à livre visita e ninguém diz nada? 'RMO' gaba-se de um inexistente projeto paisagista e não tem nenhuma réplica ou resposta? E se de jeito coletivo fosse contestado o proceder desta 'RMO', qual seria o agir destes falsos patrimonialistas? FALTA DECIDIDAMENTE UM CONTRADITÓRIO DEMOCRÁTICO QUE HOJE NÃO EXISTE. Fraca estreia outonal foi a que organizou 'RMO' e mais fracos ainda os conluios dos 'mass media' envolvidos nesta intrusão olívica. É mais simples do que parece, o problema vem todo dos interesses sediados em Vigo ligados à turistificação abusiva.
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