18 de nov. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia 

(171ª parte) 


Mosteiro de Santa María de Oia
Foto: Santiago Baz Lomba
  

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Entre  a  'Carta  de  Veneza  de  1964'  e  a  'Declaração  de  Veneza  de  2007'  há  evidentes  contrastes  que  revelam  atitudes  revisionistas  relativamente  ao  rol  que  deve  ter  uma  arquitetura  dita  contemporânea  empenhada  em  CONSTITUIR-SE  EM  EMPLASTRO  DOS  MONUMENTOS.  Será  esta  uma  afirmação  arriscada,  feita  à  ventura?  Vejam  então  o  real  paredão  que  se  quer  concretizar  como  fecho  do  Pátio  dos  Laranjais  (!?),  que  patenteia  um  verdadeiro  CISMA  entre  precedência  e  obra  nova  ('acréscimo',  'engadido'  em  galego),  sem  nada  ter  a  ver  com  qualquer  integração  material  e  arquitetónica.  Esses  erguidos  novos  fazem  parte  dos  3.200  metros  quadrados  de  adição,  de  aditamento,  tenham  mais  quartos,  tenham  menos  quartos,  tanto  faz.  A  pantalha  existe,  deslocando  qualquer  visão  uniforme  do  pretenso  "conjunto",  mesmo  adotando  a   figura  de  um  translúcido  que  não  passa  de  uma  estrutura  revestida  destinada  a  quebrar  a  intensidade  da  luz,  isso  sim.    

Análise  desta  'Declaração  de  Veneza'  continua:  

Artigo  Nove,  um  Contraditório  atempado:     

 À  revelia  de  tudo,  principia-se  pelo  paradigma  revisionista  seguinte: 'Advoga-se  por  uma  obra  nova  distinta  da  composição  original,  portando  um  selo  contemporâneo'.  A  seguir  vem  aí  uma  junção  que  não  deixa  de  surpreender: 'Este  objectivo  deve  equilibrar-se  dinamicamente  com  outras  necessidades,  incluindo  envolventes  humanas  coerentes  e  duradoiras'  (novas  reticências,  já  à  partida:  Tiveram  ou  têm  cabimento  na  Oia  de  antes,  ou  na  Oia  do  advir,  esses  espaços  onde  Zonas  de  Proteção  e  de  Amortecimento  fossem  garantidas?  'RMO'  e  'Rodrigues+Pintos'  fizeram  asneira  que  chegasse  no  'horror  vacui'  latente  e  conferível  nos  terrenos  da  Riña,  amparando-se  num  prémio  'AHI'  -  Architectural  Heritage  Intervention  -  que  tudo  desfocaliza,  em  primeiro  lugar  a  altimetria  e  de  seguido  o  adensamento  urbano.  De  veras  é  assumível  esse  efeito  "estético",  endogámico  e  embaratecido,  das  chamadas  vinte  "vilas  turísticas"?  Tanto  custa  reconhecer  esses  prédios  reais,  assim  tão  falsamente  embelezados?  Tanto  custa  esquadrinhar  o  empobrecimento  morfológico  inerente  à  futura  urbanização?.  Pelos  vistos  custa.).  Menciona-se  também:  'Portanto,  a  obra  nova  tem  que  ser  distinta  da  composição  original  sem  deixar  de  harmonizar  com  essa  composição.  Pode-se  proporcionar  um  selo  contemporâneo  de  várias  maneiras,  incluindo  informação  interpretativa  ou  identificando  marcas  e  características.  Não  é  preciso  criar  uma  justaposição  chamativa,  que  pode  alterar  o  mandado  de  preservação  da  configuração  original  ou  as  relações  de  massa  e  cor'  (Artigos  6  e  13).  (Não  estamos  a  falar  só  de  previsível  justaposição,  mas  também  de  fronteira,   de  linde  invasiva  dos  acréscimos).  




Artigo  Onze  e  o  seu  Contraditório:    

 Afirma  assim:  'Devem  respeitar-se  as  contribuições  válidas  de  um  qualquer  período  à  hora  de  construir  um  monumento,  visto  que  a  unidade  de  estilo  não  é  o  objectivo  de  uma  restauração'.  Soma-se  a  isto  o  seguinte  comentário:  'Mas  os  estilos  não  podem  ter  a  asignação  de  um  único  origem,  num  tempo  ou  contexto  específico,  dado  poderem  aparecer  recorrentes  em  "revivals"  repetidos  dentro  de  diferentes  períodos  e  contextos.  Portanto,  podem  tolerar-se  e  aceitar-se  uma  variação  de  estilos  em  qualquer  período,  incluido  o  presente.   Ao  mesmo  tempo,  pode-se  manter  uma  unidade  de  composição  e  não  requerer  uma  unidade  de  estilo'.  (Devem  andar  mesmo  no  gozo! Estilo  cisterciense  universal  manifesta  formalidades  e  estilos,  recorrências  várias,   que  em  nada  desdizem  uma   continuidade  temporal  desse  Císter.  'Atemporalidade'  é  o  que  quereriam  estes  gajos  supérfluos  para  concretizarem  as  estapafúrdias  por  eles  averbadas.  Prémios  de  intervenção  no  património  antecedem  muitas  outras  coisas  bem  piores:  'Atemporalidade'  não  e  sinônimo  de  sincronia  estilística  ou  não  estilística,  mas  sim  de  adaptabilidade  gratuita  e  despersonalização.  Dito  de  outra  maneira,  transversalidade  marada  e  colagem!).    

 MIOLO  DA  QUESTÃO  CONTINUA  A  SER  A  PRÓPRIA  URBANIZAÇÃO  - que  não  passa  de  uma  promoção  urbana  costeira -  BEM  COMO  OS  ACRÉSCIMOS  OU  'ENGADIDOS'.  ASSIM,  O  CHAMADO  'CORREDOR  ECOLÓGICO'  CONSTITUI-SE  EM  CHAMARIZ  E  ISCO,  AUTÊNTICA  ALMOFADA  E  FALSETE  VISUAL  -  trata-se  de  olhar  o  erguido  em  terra,  não  de  olhar  para  o  mar.  Eixo  será  Linha  de  flutuação  marinha/  terra  firme= Oeste/ Leste - .  

(Continuará)     

Artigo precedente.

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