PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(171ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Entre a 'Carta de Veneza de 1964' e a 'Declaração de Veneza de 2007' há evidentes contrastes que revelam atitudes revisionistas relativamente ao rol que deve ter uma arquitetura dita contemporânea empenhada em CONSTITUIR-SE EM EMPLASTRO DOS MONUMENTOS. Será esta uma afirmação arriscada, feita à ventura? Vejam então o real paredão que se quer concretizar como fecho do Pátio dos Laranjais (!?), que patenteia um verdadeiro CISMA entre precedência e obra nova ('acréscimo', 'engadido' em galego), sem nada ter a ver com qualquer integração material e arquitetónica. Esses erguidos novos fazem parte dos 3.200 metros quadrados de adição, de aditamento, tenham mais quartos, tenham menos quartos, tanto faz. A pantalha existe, deslocando qualquer visão uniforme do pretenso "conjunto", mesmo adotando a figura de um translúcido que não passa de uma estrutura revestida destinada a quebrar a intensidade da luz, isso sim.
Análise desta 'Declaração de Veneza' continua:
● Artigo Nove, um Contraditório atempado:
À revelia de tudo, principia-se pelo paradigma revisionista seguinte: 'Advoga-se por uma obra nova distinta da composição original, portando um selo contemporâneo'. A seguir vem aí uma junção que não deixa de surpreender: 'Este objectivo deve equilibrar-se dinamicamente com outras necessidades, incluindo envolventes humanas coerentes e duradoiras' (novas reticências, já à partida: Tiveram ou têm cabimento na Oia de antes, ou na Oia do advir, esses espaços onde Zonas de Proteção e de Amortecimento fossem garantidas? 'RMO' e 'Rodrigues+Pintos' fizeram asneira que chegasse no 'horror vacui' latente e conferível nos terrenos da Riña, amparando-se num prémio 'AHI' - Architectural Heritage Intervention - que tudo desfocaliza, em primeiro lugar a altimetria e de seguido o adensamento urbano. De veras é assumível esse efeito "estético", endogámico e embaratecido, das chamadas vinte "vilas turísticas"? Tanto custa reconhecer esses prédios reais, assim tão falsamente embelezados? Tanto custa esquadrinhar o empobrecimento morfológico inerente à futura urbanização?. Pelos vistos custa.). Menciona-se também: 'Portanto, a obra nova tem que ser distinta da composição original sem deixar de harmonizar com essa composição. Pode-se proporcionar um selo contemporâneo de várias maneiras, incluindo informação interpretativa ou identificando marcas e características. Não é preciso criar uma justaposição chamativa, que pode alterar o mandado de preservação da configuração original ou as relações de massa e cor' (Artigos 6 e 13). (Não estamos a falar só de previsível justaposição, mas também de fronteira, de linde invasiva dos acréscimos).
● Artigo Onze e o seu Contraditório:
Afirma assim: 'Devem respeitar-se as contribuições válidas de um qualquer período à hora de construir um monumento, visto que a unidade de estilo não é o objectivo de uma restauração'. Soma-se a isto o seguinte comentário: 'Mas os estilos não podem ter a asignação de um único origem, num tempo ou contexto específico, dado poderem aparecer recorrentes em "revivals" repetidos dentro de diferentes períodos e contextos. Portanto, podem tolerar-se e aceitar-se uma variação de estilos em qualquer período, incluido o presente. Ao mesmo tempo, pode-se manter uma unidade de composição e não requerer uma unidade de estilo'. (Devem andar mesmo no gozo! Estilo cisterciense universal manifesta formalidades e estilos, recorrências várias, que em nada desdizem uma continuidade temporal desse Císter. 'Atemporalidade' é o que quereriam estes gajos supérfluos para concretizarem as estapafúrdias por eles averbadas. Prémios de intervenção no património antecedem muitas outras coisas bem piores: 'Atemporalidade' não e sinônimo de sincronia estilística ou não estilística, mas sim de adaptabilidade gratuita e despersonalização. Dito de outra maneira, transversalidade marada e colagem!).
MIOLO DA QUESTÃO CONTINUA A SER A PRÓPRIA URBANIZAÇÃO - que não passa de uma promoção urbana costeira - BEM COMO OS ACRÉSCIMOS OU 'ENGADIDOS'. ASSIM, O CHAMADO 'CORREDOR ECOLÓGICO' CONSTITUI-SE EM CHAMARIZ E ISCO, AUTÊNTICA ALMOFADA E FALSETE VISUAL - trata-se de olhar o erguido em terra, não de olhar para o mar. Eixo será Linha de flutuação marinha/ terra firme= Oeste/ Leste - .
(Continuará)
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