2 de xul. de 2021

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(156ª parte)    

Claustro Maior do Mosteiro de Samos

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia  

 Vamos  analisar  diferentes  casuísticas  em  bens  culturais  que  põem  em  evidência  inércias,  falhas  e  incumprimentos  dos  quais  somos  todos  responsáveis.  O  exemplo  do  Mosteiro  de  Samos  poderá  ser  exponencial,  visto  haver  sérias  dúvidas  relativas  aos  limites  monacais  e  urbanos.  Repete-se  o  vila-aquém  e  vila-além  de  Sobrado;  uns  levam  isto  à  risca,  mas  o  comum  dos  mortais  nem  repara  nisso.  O  poder  do  comodismo/ conformismo  visual  é  grande,  como  grandes  são  os  interesses  em  jogo.  Em  Samos,  a  panda  norleste  do  recinto  é  desrespeitada  pela  estrada  LU-633  e  por  uma  bomba  de  gasolina  entranhada  nas  fábricas  de  alvenaria  xistosa  e  silharia  granítica  desta.  É  impossível  que  a  atual  comunidade  beneditina  não  esteja  a  par  e  passo  do  assunto.  Terá  a  ver  com  isso  o  modo  e  maneira  como  os  monges  se  autogerem  na  atualidade?  Além  disso,  duas  unidades  de  hotelaria,  'Tras  do  convento'  e  'Costa  Victoria'  sediam-se  a  15  metros  e  25  metros  dessa  aludida  panda,  vulnerando  espaços  de  proteção  e  amortecimento  mínimos  (todas  as  leis  de  património,  autonómicas  e  estatais,  mencionam  esse  pormenor). 

 

Mosteiro de Samos

 Assim  sendo,  "postal  do  mosteiro"  é  apresentada  do  lado  meridional,  com  boa  focalização  e  distâncias  de  respeito   (pombal,  alusão  à  apoteca  monacal,  aqueduto  e  zonas  de  passeio  junto  do  rio  Sarria).  Fica  à  vista  um  exterior  tetónico  e  nu,  harmonizado  quanto  a  xistos  e  numerosos  vãos  em  silharia  (com  a  presença  visível  de  arcos  de  descarga)  que  difere  dos  claustros  e  templo  no  interior,  mais  nobilitados  quiça.  Afigura-se  como  um  invés  do  interior  sem  forro,  como   nudez  que  evidencia  uma  pugna  entre  granito  e  xisto.    Área  estrita  do  corpo  erguido  abacial  faz  un  perímetro  de  430,53  metros  e  11. 094  m2  quadrados,  para  além  de  terrenos  anexos.  Claustro  Maior  tem  uma  superfície  de  1.737  m2  quadrados  e  um  grandioso  perímetro  de  166  metros  arredondados;  Claustro  das  Nereidas  perfaz  550  m2  quadrados  e  um  perímetro  já  menor  de  quase  94  metros.  Particular  das  Nereidas  será,  ao  exterior,  fazer  uma  inclinação    esviesada  de  20°  graus  relativamente  ao  plano   perpendicular  que  costuma  ter  a  fachada,  neste  caso  do  lado  da  epístola.  Numa  ambiência  de  estreiteza  espacial  deviam  ter  sido  pedidos  uns  cuidados  especiais  e  previdentes  no  relativo  a  limites  monacais  (aquilo  que  se  fez  é  cousa  bem  diferente,  primou  a  tacanhice  dos  que  tiraram  partido  disso,  quer  dizer  dos  que  olhavam  para  o  crematístico  antes  do  que  para  o  ceu.  


                                                                  Claustro do Mosteiro de Samos

 Ao  que  tudo  indica,  preçario  das  visitas  é  de  5  €   e,  de  facto,  mantém-se;  ultrapassa  em  3  €  ao  mosteiro  de  Oseira  (em  Ferreira  de  Pantón,  visita  é  simplesmente  gratuita).  Caminho  de  Santiago  tem  em  todo  o  lado  'podres'  manifestos,  lojas  de  recordações  muito  caras  e  fantasminhas  políticos  que  defendem  a  mediuca  propaganda  dos  mais  medíocres;  todavia,  de  salientar  neste  'Jacobeu  21-22',  alguns  programas  de  restauro  fora  e  dentro  da  Galiza,   os  debates  e  seminários  ou  aquilo  que  supõe  experiência  pessoal  compartilhada.  


Igreja do Mosteiro de Santa María de Oia

 Políticos,  no  entanto,  sempre  fazem  batotice  no  assunto:  ao  tempo  que  "duas  estrelas"  do  bipartidismo  pelejam  pela  propriedade  das  ilhas  atlânticas,  'Caminho  Português  das  Torres'  vigoriza  o  tradicional  roteiro  luso  e  desdiz  artificiosos  caminhos  urbanoides  pela  costa  que  já  atingiram  em  cheio  a  antes  citada  rota  (Zona  Franca  de  Vigo constitui  um  alargamento  insultuoso  da  olívica  que  têm  que  suportar  os  peregrinos  de  gema).   

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