7 de xuño de 2020

GOIÁN

PATRIMÓNIO

Comentários sobre San Lourenzo de Goián  
 


ENCONTROS  POLIORCÉTICOS / Goián

 Terraplenar um glacis num espaço abaluartado suporá por força destruí-lo. É isso que está a acontecer no Forte Novo de Goián. Se além disso não formos na cantiga do dito Espazo Fortaleza, gatafunho "paisagista" betonado que marimbou-se literalmente na Lei do Património Histórico Espanhol (LPHE) de 1985 e que sagra uma realidade que elude as características próprias da arquitetura militar, iremos dar com uma nova Lei do Património Cultural de Galiza (2016) que desprotege estes  âmbitos. Isto, porém, não se passava com a primeira lei preservacionista de 1995. Forte lourentino alberga uma cronologia do restauro verdadeiramente atribulada e confusa, propiciada presentemente pelo desenvolvimento de ações improvisadas que falam de erros de cálculo, de  falta de uma análise de resultados, de uma escassa estatística patrimonial e, portanto, de dados apriorísticos que dessem corpo e fundamento a uma LPCG nova que nem precisou, aliás, de memória financeira. Atual LPCG será o centro de todas as considerações e críticas. 
   




 Glacis está a ser alvo do passo de maquinaria pesada, está na prática a ser destruido e terraplenado. A pegada desses bulldozer darão cabo do pouco relvado que resta. Portanto, está-se a vulnerar toda a normativa sobre estruturas abaluartadas (Carta de Baños de la Encina, LPHE, LPCG de 1995) bem como o principio irrefutável que liga cortinas e revelins aos seus fossos e glacis. Criar caminhos, ou recompó-los, acima do glacis é manifesta ilegalidade. Este projeto de Preservação e Valorização do Rio Minho Transfronteiriço (0044 Visit Río Minho 1 P) para o Acondicionamento, Melhora de Acessibilidade e Integração Ambiental e Paisagista do Entorno da Fortaleza de Goián  e do Espaço Fortaleza, é apadrinhada pela Deputação de Pontevedra, Interreg, Concelho de Tominho e a AECT Río Minho. Com demora de alguns meses logo após a chegada do Coronavírus, procedeu-se a uma ação orçamentada em 169.908,94€, com financiação comunitária de 127.431,71€  (somente 42.477,23€ de diferença) e prazo de execução de 4 meses da parte da empresa adjudicatária Arines Obras y Proyectos, S.L.    




 Já anos atrás, o estudoso estremenho das coisas da "Raia" Moisés Cayetano Rosado, críticava "Espazo Fortaleza" afirmando que era uma má imitação, um falso hornaveque. A isso cabe acrescentar que responde a um projeto ultraturístico que começa pelo premiado Pablo Gallego Picard e acava no Siza Vieira. Todos puderam tirar proveito disso e, no entanto, a controvérsia instalou-se e machuca as consciências de alguns. Aquele apressado empreendimento constituiu uma operação de alto gabarito político que pôs de parte a estrutura militar primigénia e a sua INDEPENDÊNCIA ESPACIAL, facilitando um inevitável CONFORMISMO ESTÉTICO VISUAL e a progressiva depauperação desta preexistência. Tratava-se de estabelecer um artifício, uma plataforma em socalcos burdos de betão, deturpando e alterando as linhas rasantes do glacis. Verdadeiro miradouro do Minho e da fronteira era o Forte Novo, hoje aparecendo "casado de fresco" com esse muro betonado e frío. Já fizeram-se asneiras nesse âmbito todo: mais parece uma manta de retalhos (parque infantil, um café que nem funcionava, concurso de escultura poluinte ao pé do glacis, etc.). Crescente antropização de um forte sem entornos de proteção será também uma ameaça futura. Se repararem, forte de San Lourenzo pouco ou nada conta no calculismo político dos que nunca se recordaram da arquitetura militar. Cá, aquilo que importava era escoar um investimento de 1,7 milhão de euros, em mais de 14.000 m2, a bem da indústria do turismo. 

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