29 de xuño de 2019

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia
(35ª parte)    

ENCONTROS  POLIORCÉTICOS / Oia    

 Que significa o facto de habitar uma casa? O que é uma casa habitada? John Brinckerhoff Jackson diz a propósito das paisagens: "É assim que deveríamos considerar as paisagens: não apenas em função da sua aparência ou da sua conformação a tal ou a tal ideal estético, mas também de acordo com a sua maneira de satisfazer as necessidades elementares, como  a de partilhar algumas dessas experiências sensoriais num lugar familiar: as canções populares, os pratos populares, uma espécie particular de clima que seja suposto não ser encontrado em qualquer outro lado, um desporto ou um jogo especial, praticados unicamente nesse local. Estas coisas lembram-nos que nós somos ou que nós vimos de um local particular: um país, uma cidade, um bairro. Uma paisagem devia estabelecer ligações entre as pessoas, a ligação criada pela língua, os usos, a prática do mesmo género de trabalho ou de lazer, mas, sobretudo, uma paisagem devia conter o género de organização espacial que favoreça essas experiências e essas relações: espaço para juntar, para celebrar e espaços  para a solidão. Espaços que não mudam jamais e permanecem sempre, tal como a memória no-los pinta. Eis algumas das características que dão a uma paisagem a sua natureza única, que lhe dão um estilo e que fazem com que  a recordemos com emoção".    

 Portanto, refere Jean-Marc Besse, habitar uma  casa, uma cidade ou uma paisagem, é mais do que, simplesmente, aí estar alojado. É, do mesmo modo, um local é mais do que uma simples localização no espaço. E continua Besse: "Digamos que, de modo geral, habitamos num local e fazemos desse local um lugar habitado, quando fazemos com que lá se passe qualquer coisa, com que qualquer coisa aconteça: há acontecimentos, há vida, histórias. Não é só o tempo que passa, mas é qualquer coisa que lá se passa. Numa palavra: existe uma certa qualidade no tempo. Jean-Marc Besse faz uma abordagem na qual elenca três supostos desse HABITAR:

1) Para habitar é preciso ter espaço. Esse espaço habitado onde intimidade e liberdade fazem possível as casas conseguidas e as paisagens conseguidas. Isto se traduz em espaço assumido, em testemunho de vida e de histórias.

2) Habitar é, por um lado, marcar (e organizar) um espaço e, por outro, ser marcado por ele. 

3) Habitar é, também, uma questão  de  tempo. Habitar é ter hábitos, é repetir um determinado número de gestos num mesmo lugar. Habitar é estar num espaço de tempo que nós próprios ajudámos a criar: estar numa forma de tempo e dar uma forma ao tempo.    

 Contencioso de Oia estará a criar eventualmente uma SUBORDINAÇÃO DOS VELHOS VALORES a pautas baseadas na descaracterização (paisagista, pessoal e coletiva). Isto é ponto assente. A cronologia dos factos aponta simplesmente a um processo de degenerescência apenas tangível, marcado pela não observância das normativas relativas à paisagem. 

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