26 de xuño de 2019

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia
(34ª parte)


Jean–Marc Besse é director de investigación no Centre National de la Recherche Scientifique e co–director de redacción na revista Les Carnet du Paysage. De formación filósofo e cun doutorado en Historia é, tamén, profesor de historia e da cultura da paisaxe

ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia   

 "As paisagens não devem ser consideradas como se  estivessem separadas da nossa vida quotidiana. São, normalmente bastante  vulgares, fazem parte, quer no plano individual quer no plano coletivo, daquilo a que chamamos a nossa vida e o nosso ser". Assim expressa-se Jean-Marc Besse, conhecido geógrafo e paisagista francês, quem faz uma abordagem de raíz sobre essa paisagem, bem  curiosa, bem simples, criando uma filosofía da nossa imediata geografía vital. Colocam-se interrogantes necessários logo após uma leitura e reflexão acerca destas questões. Pode um privado mudar as paisagens herdadas, pre-existentes? Decisões de mercado são condizentes com a vontade de comunidades locais, regionais? O que é que antecede, propriedade ou património?   

 "(...) a paisagem não é, ou pelo menos não é só, uma imagen mental, social, cultural projetada para o mundo exterior, nem só, por outro lado, a extensão material transformada e fabricada pelo homem de acordo com projetos, mais ou menos explícitos, que dariam a essa extensão uma forma". 

 Jean-Marc Besse continua "(...) falta-lhes qualquer  coisa, a que eu chamaria o SER DA PAISAGEM e, sobretudo, o próprio ser do ser humano, na sua relação com a paisagem". O nosso autor fala de transpor esse dualismo por forma a VIVER ESSE ESPAÇO. Assim, "(...)  a conceição da paisagem como espaço e como espaço vivido ou, de modo simétrico, a ideia de que a paisagem é a forma espaço-temporal segundo a qual o habitar humano se desenvolve no mundo. Poder-se-ia então, sustentar, como  consequência, que a paisagem é antes do mais da ordem da  participação NO mundo. Trata-se de partir da ideia de que há uma co-pertença do homem e do mundo e de que a paisagem é o nome desta co-pertença". Jean-Marc Besse refere também: "Não podemos utilizar termos como "espetáculo", "representação" ou "produção", decorrentes da antes citada dualidade, antes bem, parece necessário encarar a paisagem com noções tais como "compromisso na" ou "implicação na" (paisagem). Nós, "pertencemos à paisagem" seria a fórmula equivalente a "nós pertencemos ao mundo". É acrescenta: "Deviamos habituar-nos, parece, à ideia de que as paisagens são locais nos quais estamos inseridos, antes de serem objectos de contemplação e de criação.  Nós habitamos as paisagens, não nos satisfaz observá-las com um olhar distraído ou desconsertado. Não nos satisfaz querê-las ou querê-las transformar". 

 Por outras  palavras, era preciso considerar a paisagem como o conjunto das relações existenciais mantidas pelos humanos com o mundo que os rodeia.  Estas relações existenciais são experimentadas de diferentes maneiras (perceptivas, afectivas, imaginárias, cognitivas, práticas). Mas elas são sobretudo também maneiras de estar implicado com o mundo. Esta "maneira de estar implicado" é a  paisagem. A paisagem é um espaço, mais exactamente, ela é o espaço  dessas implicações ou dessas maneiras de estar implicado. Numa próxima entrega falaremos de HABITAR A PAISAGEM, com a que desvendaremos aos poucos e poucos noções não tidas em conta pelos falsos paisagistas. 

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