4 de out. de 2018

OIA

PATRIMÓNIO

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ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

DOMINIO VISUAL: Perde-se o domínio visual precedente da parte dos moradores. Por  exemplo, no Arrabal ver-se-ão intrusivas aquelas vinte unidades, quebrando-se aliás a unicidade baseada no próprio território monacal, na sua inerência, naquilo  que a Carta de  Atenas (Outubro de 1931) denomina Ambiente a Proteger. Gustavo Giovannoni era o seu mentor. Invocam-se muitas vezes razões “sociais” para travar estas recomendações de Atenas. Também, aduzem-se motivos de interesse geral” para pôr freio ao patrimonialismo sem fissuras. Até o senhor Ruskin receitava medidas eutanásicas para o obsoleto ou inservível dentro do elenco dos monumentos. No entanto, é preferível  sermos “versalhescos”, não fundamentalistas, a transigir com estes novos e reais fundamentalismos do século passado.  

CURVAS DE NÍVEL: As curvas de nível nesse projeto, bem separadas (20, 30 e 40 m.s.n.m.), ajudaram a “acarinhar” estes terrenos. São os mais apetecíveis, os mais procurados pela turistificação. Se observássemos desde Chavella este mesmo espaço (com 90 e 100 m.s.n.m.), outra seria  a visão. Uma  urbanização ao pé do Recantiño (entre os 50 e 60 m.s.n.m,), parecida quanto a escala às casas que se propõem, safa-se por causa da sua distância do mosteiro (220 metros das asas monacais). O que se passa no projeto é que aquelas casas fincam-se  já a 85-90 metros.  

ESCALAS: Não se coadunam as escalas. As unidades a construir no projeto nada têm a ver com o templo. Há um diferendo marcante que prejudica ao conjunto cenobial. Não condizem os espaços velho e novo. Essas unidades propostas ponteiam (ferem) a paisagem. Quantas alturas recolhe o projeto? Qual será o grau de alteamento, a sua cubicidade? O plano revela uma seriação padronizada abase de polígonos que nada se inserem na envolvente; são verdadeiros apósitos, emplastros. Desculpem a expressão, mas afiguram-se como vinte postas de vaca!!

POSSÍVEL GENTRIFICAÇÃO: O  projeto reporta-se  a uma mais que anunciada gentrificação, a uma aliciante pretensão de oferecer os melhores terrenos, os mais bem posicionados face aos preços e as vendas. Escolheram muito atempadamente uns terrenos bem  favoráveis do ponto de vista mercantil.  

ADENSAMENTO E SAZONALIDADE: O acréscimo de edifícios não se corresponde com a população real oiense. Previsívelmente, será uma espécie de colonato sazonal, estival. Não deixa de ser uma desnecessidade, um palimpsesto da turistificação. Este projeto tem que ser REPROVADO. Esta aberração constitui uma mistela que contravém a unicidade e independência duma envolvente monástica, o seu território.  

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