13 de set. de 2018

PORTUGAL

PATRIMÓNIO

Juromenha, uma pérola na fronteira

Fortificação de Juromenha


ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Juromenha

 Esta velha fortificação (1312), no concelho de Alandroal e distrito de Évora, deve a sua atual forma à apresentação de planos construtivos de 1644 e 1657 da parte do francês Nicolau de Langres, em concurso com o representante da escola italiana, Pascoeli, e o da holandesa, Cosmander. É curioso comprovar cómo quer Cosmander, quer o próprio Langres advirão vira-casacas” ao longo da sua vida. Provavelmente a causa era serem melhor pagos pela coroa espanhola. No entanto, Langres nos seus planos procura aperfeiçoar as estratégias defensivas de Juromenha criando uma obra coroada ao norte  uja colossalidade impediu a sua realização. Todavía,  um hornaveque do lado oeste ficou em projeto.    

 Finalmente, o plano insinuado será um rectángulo no polígono externo que, na realidade, acaba por enformar 5 lados se unirmos os vértices de dois semibaluartes. Estamos à frente dum plano prevaubaniano em estrela com o carimbo já inconfundível de Langres. Podemos assim apreciar duas partes nesta praça-forte seiscentista: uma, com cerca murária abaluartada de 810 metros e 20.097 m2 e a outra, como imperfeito hornaveque de dois meios baluartes, com 260 metros de comprimento e 4.530 m2. A soma total da superfície colmata os 24.627 m2. 
   
                                                                Fortificação de Juromenha


 O conjunto acolhe o velho castelo medieval (tinha até 16 cubelos) de quase 9.000 m2 e torre de homenagem, com impreciso plano externo hexagonal inserido dentro do enformado bastionado posterior. No recinto sediam-se também a igreja de Nossa Senhora de Loreto e a capela da Misericórdia, não dispondo de malha urbana nenhuma. Os seus  bastiões aparecem entre sí, de norte a sul e de suroeste a nordeste, com equidistâncias, a pesar de revelar uma planimetría adaptada ao terreno. Baluarte Norte regista 1.850 m2 de área; Baluarte Nordeste tem 1.025 m2; o Semibaluarte Leste tão só 87 m2. O Baluarte Sul oferece uma área de 386 m2, sendo que o Semibaluarte Suroeste e o Semibaluarte Oeste disponham, respectivamente, de 850 m2 e 1.500 m2.    

 Juromenha artilhava-se com 25 troneiras, dispostas nas faces e flancos. Contudo, somente 2 cortinas mantêm a sua perpendicularidade com esses flancos: uma, com 45 metros de comprimento; a outra, com 47 metros. O mesmo se passa entre o Baluarte Norleste é o Semibaluarte pequeno do Leste: 25 metros de comprimento. Langres era estrito em termos gerais no relativo a tais disposições, mas às vezes tinha diferendos entre o plano e a realidade. Por exemplo, as angulações nos bastiões são diversas: Baluarte Norte (63 graus), Baluarte Norleste (75 graus), Semibaluarte Oeste (69 graus), Baluarte Sul (61 graus), Semibaluarte Suroeste (79  graus) e Semibaluarte Leste (88 graus).    

 Juromenha formava parte da Primeira Linha do chamado “Pre-carré” alentejano: Ferreira, Montalvão, Castelo de Vide, Marvão, Alegrete,Arronches, Ouguela, Campo Maior, Barbacena, Elvas, Juromenha, Olivença, Alandroal, Terena, Monsaraz, Mourão e Noudar. Langres desenhou planos para sete destes postos, visíveis hoje na Biblioteca Nacional de Portugal. A Segunda Linha deste Pre-carré é elencada pelas posições de: Nisa, Portalegre, Alter do Chão, Assumar, Monforte, Veiros, Estremoz, Vila Viçosa, Redondo, Évora, Portel, Alvito, Vidigueira e Beja. Nicolau de Langres fez planos em quatro destes enclaves da segunda linha. A pegada francesa também está presente nesta geografía de fronteira da mão do contemporâneo de Vauban, Allain Mannesson  Mallet.  

R.P.I.

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