Algumas considerações relativamente a torres ou atalaias no Minho
Torre de San Andrés
ENCONTROS POLIORCETICOS
Diz com razão o Doutor Carlos Alberto Brochado de Almeida que nenhuma fortaleza moderna feita do lado português carece de alguma outra de cariz medieva no Minho, tirando o Forte da Ínsua e São Francisco de Lovelhe. No entanto, no caso das atalaias ou torres o assunto pode mudar de figura se focalizarmos por exemplo o caso da atalaia portuguesa de 1666, na vila galega da Guarda.
Esta obra “ex novo”, de nova feição, era na prática uma réplica da Atalaia de Lovelhe em Vila Nova de Cerveira. Caso não se houvesse derrubado, teríamos uma obra para a pesquisa ímpar no seu género, onde poderíamos apurar elementos salientáveis como são mísulas de navio, escadas de um só lanço, porta de acesso adintelada e, em termos gerais, medidas muito similares. Não há, aliás, dissemelhança entre estas duas baterias, uma costeira e a outra elevada do nível do mar mais de 100 metros. Curiosamente, guardam estreita relação na escala, na proporção e até nas presumíveis funções. Funções não unicamente restritas à vigilância ou às 3 bocas de fogo, senão a outras que ligam estes postos à orientação noturna.
Torre Horadada
Talvez, ou certamente, o rol jogado por estes postos durante a noite não era pouco. A luminária, os fogos alternados ou quietos, desenvolveram-se em todo lado e um âmbito como o minhoto não era alheio as suspresas que poderia deparar qualquer ataque na calada da noite. Vamos tratar de atear estes fogos no nosso imaginário dando um papel essencial aos fachos monteiros, por exemplo, do Monte Torros ou, de Sta. Tecla, em relação com as baterias. Uma correspondência entre postos não é difícil de imaginar, com as suas consignas, os seus “blicks” e interrupções. Nambas as margens, artelhavam-se rosários lumínicos desde altos e calvos serranos nos momentos mais incertos.
Torre de Cala Mijas
No entanto, o que interessa destacar em relação a estes dois postos militares será a sua morfologia, ligada às “rondelles” e ao modelo italiano. Uma vez chegada a pirobalística, os arquitectos e engenheiros militares depararam-se com a obrigação de reformar em profundidade as plantas dos enclaves militares, ou, no mínimo, os exteriores mais expostos à nova artilharia. As torres redondas, para além de funções defensivas contra inimigos e piratas turcos ou norteafricanos, eram arquitectonicamente falando consequência de adaptações progressivas que incluíam novidades até surpreendentes: lembrança de torres medievais, abstracção modernizante dos seus elementos, desligação do próprio castelo e independência formal dele, movilidade orográfica (caso único, a Atalaia de Lovelhe não forma parte desses recintos militares tipo mota/fosso/parapeito/bateria, dado ser um cotovelo geográfico inserido na Gávea). Torres que proliferaram em todo o lado apartir de inícios do século XVI, nomeadamente no Mediterráneo. A Atalaia portuguesa da Guarda não era uma excepção. Torres com formas quadradas, hexagonais, troncocónicas, semicirculares, circulares, erguidas ex-professo para proteger as costas de inimigos e berberiscos.
Torre de Punta Prima
Temo-las por toda parte: Seria aborrecido enumera-las, mas destacam as de Gando, El Tostón ou San Andres, nas Canarias; as cilíndricas e circulares do termo municipal de Calviá, em Majorca. Torres de Punta Prima, Ses Portes, Carregador, em Menorca. Mazarrón ou Portman, em Múrcia. Mijas, Benalmádena ou Manganeta, em Málaga. Nos distritos de Cádiz, Huelva. De maior porte, as francesas destacavam por uma escala diferente e de acção pareada na mesma linha de costa ou no braço de costa frontal (temos os casos de Toulon, Marseille, Illesd, Hyere,…). Correspondentes a épocas diversas, são definidas pelo sucesso desse modelo formal independente e redondo, que perviveu nas baterias contemporâneas.
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