PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(231ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Vamos fazer uma paragem no tempo e falar mais amplamente do 'Caminho Minhoto Ribeiro' no seu passo pela capital do vinho do Ribeiro. Isso bastava para definir em modo amplo umas paisagens explícitas, ordenadas, onde os sulcos viníferos ficam exponenciados . As paisagens, efetivamente, resultam patenteadas também. Em Cenlle o vinho Ribeiro celebra-se sob a marca 'Espírito Ribeiro', acorrendo ao festejo pessoas correntes que dão a bem-vinda ao caldo e à data. Sem grande aparato, em adegas próprias, comem e bebem sossegados, dando tempo ao tempo. O vinho do Ribeiro dá um brilho especial por quanto as suas vinhas conferem um apreço único à comarca e à sua fisiografia, dotando de relevância plena o fator paisagem.
Descida desde Cenlle gera sensações concretas que nos falam de amplitude e unicidade em redor de Ribadavia, vila com grande carga histórica e monacal, de onde os judeus fugiam para Melgaço por causa da Inquisição e onde o peso dessa história - ou 'Estória' - deixa-se sentir em todos os recantos da capital do Ribeiro. Cástor Pérez Casal ou Xabier Limia de Gardón sabem disso, souberam configurar este 'Caminho Jacobeu' para Santiago e dar um relevo merecido à sua passada importância, até tal ponto que no momento presente desdobram-se roteiros a procura de um protagonismo de Beade ou de Leiro neste grande percurso geral, em pugna com a Via da Prata dentro do distrito ourensano. Em simultâneo, estabeleçamos aquela ligação de O Carballiño com o Císter através da 'Festa do Polbo': 'No século XVII a localidade de Marín (Pontevedra) era priorado de Oseira durante várias centúrias, chegando mesmo a possuir os monges cistercienses uma potente frota pesqueira. Marín via-se obrigada fazer entrega aos monges, em compensação pelos direitos de foro, de uma determinada quantidade em espécie (anhos, galinhas e produtos do mar), iniciando a comercialização do octópode nas terras de O Carballiño - paróquia de Santa Maria de Arcos -, sendo que a totalidade das suas famílias dedicavam-se ao ofício (daí o nome de 'Polbeiras de Arcos'). A sua fama expande-se pela Galiza, centros galegos de todo o mundo, espalhando o renome do produto e a vinculação perene ao Císter.
Denominação de Origem 'Ribeiro' é a mais antiga de Galiza. Já em 1579, as Ordenanças Municipais de Ribadavia determinaram as zonas onde podia-se produzir e vender vinho de Ribeiro, que operações de manipulação estavam permitidas e as sanções pelo seu incumprimento. São precedentes dos Regulamentos dos atuais Conselhos Reguladores. O Estatuto do Vinho (1932) reconheceu à D.O. Ribeiro como a mais antiga e histórica de Galiza. Posteriormente, constituiu-se o seu Conselho Regulador (1956), sendo o seu normativo atual de Janeiro de 2017. Garantia de Origem: Pelo ano de 1967 começavam os primeiros controlos das etiquetas dos vinhos através dum carimbo realizado na mesma etiqueta das garrafas - rótulo -. Apartir de 1977 foi-se impondo a selagem certificadora com um desenho diferenciado dos que existiam em Espanha mostrando o mapa de cada zona da região. Foi em 1992 que se redesenha a sua nova imagem com outras medidas mas com os mesmos elementos. Em janeiro de 2017, e depois de 40 anos, o 'C.R.D.O. Ribeiro' apresentou o seu novo desenho, com uma nova imagem unificaram numa só selagem todos os tipos de vinho da D.O., com uma numeração específica em cada selado, o controlo de qualidade e a rastreabilidade das partidas. As selagens são produzidas pela 'Real Casa da Moeda' (FNMT).
Sentenças como 'Quem muito abrange, pouco aperta' relativas à extensão da 'D.O.Rias Baixas' vêm mesmo a calhar, visto a manobra claramente expansiva e publicista adotada pela privada 'RMO', redefinida de propaganda "nacional" onde tudo tinha cabimento rentabilista (tal como esse esperpento televisivo da 'Rota Quetzal'; só faltava que aparecesse agora o senhor Calleja em balão aerostático pelo mosteiro). 'Emoción dos viños' era sinal inequívoca desse 'vale tudo', desse 'pôr a massa a render' impiedoso. O Ribeiro tem uma delimitação menor, mas um trabalho notável quanto a qualidade. Os seus vinhos brancos (90% da produção), tintos (9% da produção), tostados (autêntica joia da enologia) e espumosos, desdizem estes publicistas da 'RMO'. Para além de organizar visitas e eventos de pronto pagamento da parte do visitante, que conferem a natureza FORRETA destes privados.
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