23 de ago. de 2022

OIA

PATRIMÓNIO

Considerações paisagistas em Oia  

(231ª parte)    




ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia

 Vamos  fazer  uma  paragem  no  tempo  e  falar  mais  amplamente  do  'Caminho  Minhoto  Ribeiro'  no  seu  passo  pela  capital  do  vinho  do  Ribeiro.  Isso  bastava  para  definir  em  modo  amplo  umas  paisagens  explícitas,  ordenadas,  onde   os  sulcos  viníferos  ficam  exponenciados .  As  paisagens,  efetivamente,  resultam  patenteadas  também.  Em  Cenlle  o  vinho  Ribeiro  celebra-se  sob  a  marca  'Espírito  Ribeiro',  acorrendo  ao  festejo  pessoas  correntes  que  dão  a  bem-vinda  ao  caldo  e  à  data.  Sem  grande  aparato,  em  adegas  próprias,  comem  e  bebem  sossegados,  dando  tempo  ao  tempo.  O  vinho  do  Ribeiro  dá  um  brilho  especial  por  quanto   as  suas  vinhas  conferem  um  apreço  único  à  comarca  e  à  sua  fisiografia,  dotando  de  relevância  plena  o  fator  paisagem.    

 Descida  desde  Cenlle  gera  sensações  concretas  que  nos  falam  de  amplitude  e  unicidade  em  redor  de  Ribadavia,  vila  com  grande  carga  histórica  e  monacal,  de  onde  os  judeus  fugiam  para  Melgaço  por  causa  da  Inquisição  e  onde  o  peso  dessa  história  -  ou  'Estória'  -  deixa-se  sentir  em  todos  os  recantos  da  capital  do  Ribeiro.  Cástor  Pérez  Casal  ou  Xabier  Limia  de  Gardón  sabem  disso,  souberam  configurar  este  'Caminho  Jacobeu'  para  Santiago  e  dar  um  relevo  merecido  à  sua  passada  importância,  até  tal  ponto  que  no  momento  presente  desdobram-se  roteiros  a  procura  de  um  protagonismo  de  Beade  ou  de  Leiro  neste  grande  percurso  geral,  em  pugna  com  a  Via  da  Prata  dentro  do  distrito  ourensano.  Em  simultâneo,  estabeleçamos  aquela  ligação  de  O  Carballiño  com  o  Císter  através  da  'Festa  do  Polbo':  'No  século  XVII  a  localidade  de  Marín  (Pontevedra)  era  priorado  de  Oseira  durante  várias  centúrias,  chegando  mesmo  a  possuir  os  monges  cistercienses  uma  potente  frota  pesqueira.  Marín  via-se  obrigada  fazer  entrega  aos  monges,  em  compensação  pelos  direitos  de  foro,  de  uma  determinada  quantidade  em  espécie  (anhos,  galinhas  e  produtos  do  mar),  iniciando  a  comercialização  do  octópode  nas  terras  de  O  Carballiño  - paróquia  de  Santa  Maria  de  Arcos  -,  sendo  que  a  totalidade  das  suas  famílias  dedicavam-se  ao  ofício  (daí  o  nome  de  'Polbeiras  de  Arcos').  A  sua  fama  expande-se  pela  Galiza,  centros  galegos  de  todo  o  mundo,  espalhando  o  renome  do  produto  e  a  vinculação  perene  ao  Císter.   

 



 Denominação  de  Origem  'Ribeiro'  é  a  mais  antiga  de  Galiza.  Já  em  1579,  as  Ordenanças  Municipais  de  Ribadavia  determinaram  as  zonas  onde  podia-se  produzir  e  vender  vinho  de  Ribeiro,  que  operações  de  manipulação  estavam  permitidas  e  as  sanções  pelo  seu  incumprimento.  São  precedentes  dos  Regulamentos  dos  atuais  Conselhos  Reguladores.  O  Estatuto  do  Vinho  (1932)  reconheceu  à  D.O.  Ribeiro  como  a  mais  antiga  e  histórica  de  Galiza.  Posteriormente,  constituiu-se  o  seu  Conselho  Regulador  (1956),  sendo  o  seu  normativo  atual  de  Janeiro  de  2017.  Garantia  de  Origem:  Pelo  ano  de  1967  começavam  os  primeiros  controlos  das  etiquetas  dos  vinhos  através  dum  carimbo  realizado  na  mesma  etiqueta  das  garrafas  -  rótulo  -.  Apartir  de  1977  foi-se  impondo  a  selagem  certificadora  com  um  desenho  diferenciado  dos  que  existiam  em  Espanha  mostrando  o  mapa  de  cada  zona  da  região.  Foi  em  1992  que  se  redesenha  a  sua  nova  imagem  com  outras  medidas  mas  com  os  mesmos  elementos.  Em  janeiro  de  2017,  e  depois  de  40  anos,  o  'C.R.D.O.  Ribeiro'  apresentou  o  seu  novo  desenho,  com  uma  nova  imagem  unificaram  numa  só  selagem  todos  os  tipos  de  vinho  da  D.O.,  com  uma  numeração  específica  em  cada  selado,  o  controlo  de  qualidade  e  a  rastreabilidade  das  partidas.  As  selagens  são  produzidas  pela  'Real  Casa  da  Moeda'  (FNMT).    

 Sentenças  como  'Quem  muito  abrange,  pouco  aperta'  relativas  à  extensão  da  'D.O.Rias  Baixas'  vêm  mesmo  a  calhar,  visto  a  manobra  claramente  expansiva  e  publicista  adotada  pela  privada  'RMO',  redefinida  de  propaganda  "nacional"  onde  tudo  tinha  cabimento  rentabilista    (tal  como  esse  esperpento  televisivo  da  'Rota  Quetzal';  só  faltava  que  aparecesse  agora  o  senhor  Calleja  em  balão  aerostático  pelo  mosteiro).  'Emoción  dos  viños'  era  sinal  inequívoca  desse  'vale  tudo',  desse  'pôr  a  massa  a  render'  impiedoso.  O  Ribeiro  tem  uma  delimitação  menor,  mas  um  trabalho  notável  quanto  a  qualidade.  Os  seus  vinhos  brancos  (90%  da  produção),  tintos  (9%  da  produção),  tostados  (autêntica  joia  da  enologia)  e  espumosos,  desdizem  estes  publicistas  da  'RMO'.  Para  além  de  organizar  visitas  e  eventos  de  pronto  pagamento  da  parte  do  visitante,  que  conferem  a  natureza  FORRETA  destes  privados.  

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