PATRIMÓNIO
Considerações paisagistas em Oia
(207ª parte)
ENCONTROS POLIORCÉTICOS / Oia
Convém sublinhar a merecida importância do núcleo valenciano, da cidade de Valença do Minho, do centro militar histórico e internacional, encontro de caminhos portugueses para Santiago (da Costa e Central) e catalisador ímpar do Alto Minho em todas as ordens. São centúrias a mais de caminhos para Santiago que, atualmente, são negados pelos rábulas de turno e uma Xunta galega obsessionada com a 'Marca Galicia' que põe de parte a própria história. Esta história fica incompleta sem a presença de uma fronteira coalhada de unidades fortificadas modernas que dão sentido ao todo, ao conjunto assim analisado que se chama Portugal. Os subsistemas na margem espanhola derivam da recorrente vontade de afirmar um reino à beira do mar plantado. Isto afeta à totalidade da fronteira, não se limitando a faixas parciais.
João Campos, arquiteto, consultor da praca-forte de Almeida e perito do Comité das Fortificações (Icofort-Icomos) faz um enquadramento geral: 'O estudo isolado de peças arquitetónicas do período Moderno do património histórico militar tem, provavelmente, sido o erro mais frequente dos estudiosos, face a um cardápio de dimensões e implicações que se encontra ainda por desbravar em largos capítulos. É, pois, tempo de não mais assentar análises num somatório de monografias de casos, antes escolhendo o caminho da busca dialéctica de uma explicação integrada. Analisar as fortificações nos respetivos sistemas implica ter em conta uma multitude de variáveis para cada conjunto e seus subsistemas, para os grupos regionais e para as respetivas diferenças tipológicas, não apenas construtivas mas urbanísticas, não somente terrestres mas marítimas, não exclusivamente nacionais mas internacionais'.
Fazer referência ao Minho implica falar da formação de um país em toda a sua consequência e fazer menção de uma fronteira exemplificante face Espanha e como modelo a seguir na Europa para todos os efeitos. Sem a componente militar moderna não haverá explicação cabal da ambiência minhota, eficientemente exportável em toda a Europa do Seiscentos. Uma fronteira reafirmada baseada no Tratado de Alcañices (1297), de mais de 700 anos, teve profundas repercussões no cotejo com o mapa do Continente. Entender a contribuição do 'Moderno' e da arquitetura militar minhota será divulgar uma realidade marcante que perfez um panorama radicalmente novo e europeu.
Vamos continuar falando de 'Michel de L'École' e da sua notada presença no Minho, logo de ter substituido Nicolau de Lille na Beira. Assim, em 1661, desenha o forte de Valença, inicialmente com quatro baluartes; traça a planta da Praça de Chaves (1664); trabalha nas fortalezas de Caminha e de Monção, nessas obras merecendo elogio unânime em cartas do governador das armas de Trás-os-Montes que afirma que 'sem Miguel de Lascol se não poder fazer nada'. Entretanto, feito Mestre de Campo, foi um dos precursores da Aula de Viana, como teorizador da Artilharia. Este artista foi chamado de seguida como 'mestre das obras de fortificação do Norte': em 1654 traçava a obra dos armazéns de Caminha, desenha a Coroada e a nova estruturação da vila de Valença do Minho e encontramo-lo também ativo na visionação urbanística da vila de Monção, tirando partido da praça- forte, que renova em 1686. Será o precursor da chamada 'Escola de Viana'. Perante este testemunho verdadeiramente global quê pode oferecer, com verdade, essa variante chefiada por interesses turísticos (mais nada) e abonada há seis anos pela 'LPCG de 2016', 'Marca Galicia', 'RMO' e o 'pressing olívico'?
(Continuará)
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